𝓜𝓲𝓼𝓽𝓮𝓻𝓲𝓸𝓼𝓪 𝓟𝓸𝓻𝓽𝓪

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"Se cada dia cai dentro da noite, há um poço onde a claridade está presa.

                 Há que se sentar na beira do poço da sombra e pescar a luz caída, com paciência". 

                                                                 Pablo Neruda

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Filadélfia, 1741.

A primavera chegava de mansinho.

Aos poucos, o branco monótomo era substituído por manchas escuras de lama que secavam e deixavam a terra a vista. Timidamente, pequenos brotos surgiam e as corças reapareciam entre os arbustos, os esquilos saiam de suas tocas.

Park Jimin, filho de emigrantes, sabia que tinha muito trabalho pela frente, mas também sabia que depois que estivesse tudo organizado, poderia começar a construção de sua casa, esta que ele planejava ser a mais bela de toda redondeza.

Sara Smith, em sua visão, era a flor mais rara de toda Fili e ele se perguntava todas as noites, como havia conseguido ter sido tão sortudo por ser aquele que cativou os olhos da jovem.

Dona de uma beleza efêmera que despertava os olhares já na flor de seus dezessete anos, tinha longos cabelos loiros que eram ondulados nas pontas, olhos grandes e verdes como as matas na primavera e pele pálida qual as pétalas de um lírio do vale.

Jimin sempre comparava a moça como sendo um anjo que havia sido enviado à terra para agraciar sua vida.

Os dois haviam se conhecido nas missas de domingo durante a infância, e com o tempo a inocente amizade entre ambos, se transformou em um sentimento mais profundo.

Jimin ainda se lembrava de como estava nervoso no dia que foi pedir a mão de Sara em namoro para seu pai. 

Ele podia jurar que poderia infartar a qualquer momento, temia que o reverendo Peter o espantasse a baixo de cabadas de vassoura, mas para surpresa mas o senhor, com muita alegria aceitou que ele fizesse a corte a sua única filha.

Assim, durante o dia Jimin trabalhava na fazenda com seu pai e ao final da tarde, ia até a casa da amada, onde passavam horas conversando na varanda, sempre sob os olhares atentos dos pais dela.

Foi somente depois de um ano de namoro que ele teve coragem de roubar dela um beijo no rosto, vendo as bochechas brancas se colorir em um tom rosado. Ali, naquele momento, ele teve certeza que ela era a mulher de sua vida.

Naquele mesmo ano decidiu que era hora de a pedir em casamento, ele tinha certeza de suas escolha então, após conversar coma namorada, a noite de Natal foi o momento escolhido por ambos.

Durante a ceia, a qual ambas as famílias já costumavam comemorar juntas, ele tomou coragem e fez o pedido.

Aquelas lembranças, ainda fazia o rapaz ficar envergonhado por tamanha audácia, uma vez que eles apenas estavam namorando por um ano, mas bem, seriam ainda dois anos de noivado pela frente até a data de casamento.

Não tardou para que começasse os planos da construção da casa de ambos, e conciliando seus deveres na fazenda da família com os trabalhos de reparos em sua própria terra; aos poucos ele foi limpando o celeiro, consertando as cercas e então, lentamente ergueu os primeiros pilares do que viria ser sua casa.

Mesmo com tanta coisa, ainda conseguia tempo para visitar sua noiva, mesmo que as visitas tenham diminuído em dias, mas nada que ela e sua família não entendessem, de certo modo até aprovavam sua atitude, pois mostrava a todos seu comprometimento com a união dos dois.

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