𝓡𝓮𝓬𝓸𝓶𝓮𝓬𝓸

341 50 8
                                    

                        "Atiramos o passado ao abismo,

        Mas não nos inclinamos para ver se está bem
                                               Morto"
                                   William Shakespeare

                       ❛ ━━━━━━・❪ ❁ ❫ ・━━━━━ ❜

                                          𝐵𝑜𝒶 𝐿𝑒𝒾𝓉𝓊𝓇𝒶

                      ❛ ━━━━━━・❪ ❁ ❫ ・━━━━━ ❜

 Filadélfia, Dias atuais.

O carro parou na frente da entrada e muito a contra gosto, abri a porta e desci enquanto pegava a  minha mochila jogando-a no ombro. Olhei para trás e vi que o caminhão de mudança estava parado um pouco atrás.

Voltando meus olhos escuros analisei a casa velha e de pintura descascada com certo desgosto e não vou negar, um leve toque de melancolia.

— Eu sei que ela não parece em nada com a casa dos nossos sonhos, mas bem, a gente pode ir arrumando ela do nosso jeito com o tempo, o que me diz filhão?

— Mamãe iria gostar disso, ela adorava esse tipo de casa caindo aos pedaços coberta de poeira e com cheiro mofo. — falei forçando um riso.

Ao tocar  nela, vi meu pai sorrir pequeno.— Jungkook, eu sei que fiz você deixar seus amigos e antiga vida para trás e que-

— Pai, está tudo bem, okay? Não era só você que tava precisando fugir daquele lugar, eu também estava ficando meio sufocado. Eu te entendo, então pare de se desculpar, por favor?

— Tudo bem, venha, vamos entrar, quem sabe não está melhor do lado de dentro, né?

— Nem você acredita nisso, pai.— disse enquanto rolava meus olhos.

— Mas um de nós tem que ser otimista, filho. — ele disse me dando dois tapinhas no ombro antes de subir os degraus.

— Eu sou otimista, tá, mas essa casa cheira abandono a quilômetros de distância, morreu alguém aí dentro pra ninguém ter comprado ela antes? — perguntei seguindo ele logo atrás.

— Não falaram nada, apenas que ela foi passada entre os membros da família. — ele disse tentando abrir a porta, que adivinhem, estava emperrada.

— Então onde estão esses membros agora? — perguntei vendo ele lutar com a maçaneta.

— A última está internada num asilo para idosos, ela já está em idade avançada e não tem filhos. O dinheiro da venda foi para ela. — ele disse e com um último empurrão, conseguiu abrir a dita cuja. — Vou ter que arrumar isso mais tarde.

Entramos e como eu imaginava, a casa estava coberta de poeira e teia de aranha. Os móveis cobertos com panos que algum dia tinham sido brancos.

— Eu deveria ter feito uma aposta com o senhor. — disse passando o dedo na beirada da janela. — Eu teria ganhado.

— Bem, nada que uma vassoura e baldes d'água não ajudem. — ele disse tirando um lençol e fazendo nós dois espirrar com o pó que foi levantado com sua ação.

— Não acha melhor contratar uma empregada, não? — falei ajudando ele a tirar alguns daqueles panos.

— E estragar toda a diversão de te ver coberto de pó? De jeito nenhum.

— Você quer é nos fazer morrer sufocado debaixo desse pó todo, doido.

— Olha o respeito, ainda sou seu pai garoto.

👻 Ghost Story 🎃Onde histórias criam vida. Descubra agora