𝓔𝓷𝓬𝓸𝓷𝓽𝓻𝓸𝓼 𝓮 𝓢𝓾𝓼𝓽𝓸𝓼

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"Ele colecionava voos e incompreensões.

Nos ossos, os sinais de tantas quedas,

Na alma, lembrança de cada pôr de sol

Vistos do céu."

   Gerson Danelon

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    𝐵𝑜𝒶 𝐿𝑒𝒾𝓉𝓊𝓇𝒶

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Meu corpo estava dolorido.

Abri meus olhos tentando me saber onde estava, e então, lembrei que ainda deveria estar no sótão.

Rolei e fiquei de barriga para cima, soltando um suspiro.

Como eu vim parar no chão mesmo? E por que sentia como se estive dormindo por tanto tempo?

Abri os braços, mas senti uma sensação estranha, misturado a isso ouvi um resmungo desconfortável.

— Não faça isso, não é agradável, tire seu braço de dentro de mim!

Arregalei meus olhos, ao mesmo tempo, virei meu rosto na direção da voz que parecia muito perto.

— TA QUE PARIU! — gritei e apoiando as mãos no chão, arrastei meu corpo para trás.

Mas esqueci que a comoda estava atrás e bati as costas com tudo contra ela.

Com isso, um copo, que saiu não sei de onde, caiu na minha cabeça.

— Ai, cacete! — disse levando a mão á cabeça.

Ouvi um riso alto e aí lembrei da alma penada.

Levando meus olhos até onde ele estava, percebi que o Gasparzinho estava rindo de mim!

Vê se pode?

Ele quase me mata do coração e ainda fica gargalhando na minha cara?

Ah, mas isso não fica assim, não. Catei o copo do chão, e arremessei na direção dele.

Só que o copo atravessou ele e se espatifou na parede...

Ele parou de rir na mesma hora e se virou em minha direção. Será que é agora que ele arranca minha alma para fora do corpo?

Fiquei paradinho no lugar, espremendo o corpo tanto contra a comoda, desejando que ele passasse por ela e me escondesse lá dentro.

Ele inclinou a cabeça para o lado e ficou lá, me observando em silêncio sem dizer nada.

— Que foi? Estava apenas me defendendo! — disse com uma careta.

— Do que você estava se defendendo? Foi você que atravessou meu corpo com seu braço, quem deveria estar se defendendo sou eu.

Ele disse como se o errado na história fosse eu, vocês acreditam nisso?

É ele, meus amigos, que fica me assustando pelos corredores, e agora eu que o atacava?

Fantasma Sonso.

— E eu ia lá saber que você estaria aí?

— Não tenho culpa se você é distraído. — ele disse dando de ombros.

Analisei ele por um instante, com um bico na boca. — Você nem é velho, por que é tão rabugento? — perguntei cruzando os braços a frente do corpo.

Ele arqueou as sobrancelhas, antes de rir soprado e negar com a cabeça. — Sou mais velho que você, deveria me respeitar.

— Ah, claro, Matusalém, perdoe por eu não ser tão educado. — Disse enquanto me levantava.

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