Consequências Do Passado

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Acordei com uma movimentação excessiva no lado da cama e abri os olhos lentamente. Ao olhar Tanjiro, vi que o mesmo ainda dormia, mas não parecia muito bem. O relógio do quarto marcava 3h30min da manhã. Estava muito cedo ainda. Acomodei-me, sentando do meu lado da cama, vendo o Kamado suado e com a respiração ofegante. Parecia ter um pesadelo. Vez ou outra virava na cama falando palavras desconexas e cerrava o punho, parecendo querer socar alguém. Comecei a me incomodar com a situação e decidi fazer alguma coisa.

- Ei, Tanjiro. - Sussurrei deitando-me mais perto de seu corpo e o abraçando. - Está tudo bem, eu estou aqui. - Apertei sua mão para ver se eu conseguia exercer alguma influência sobre o seu sofrimento e vi quando seus olhos se abriram, mostrando o quão sofrido estavam.

Antes que dissesse alguma coisa eu apertei nossos dedos entrelaçados e fiz carinho em seu cabelo. Observei seus olhos me analisando como que se eu fosse uma miragem e sorri feliz por tê-lo acalmado. Foi em um piscar de olhos, que meu paciente voltou a dormir, comigo vigiando-o.

(...)

- Senhorita Kanao, um senhor que diz ser responsável por seu paciente, espera a sua presença na sala do silêncio. - Franzi o cenho.

Responsável pelo Tanjiro? No exato momento não me vinha ninguém em mente.

- Ele disse o seu nome? - Questionei à enfermeira a minha frente que havia interrompido meu café da manhã.

- Não senhorita, ele não me disse e eu também não perguntei.

Balancei a cabeça entendendo.

- Diga a ele que estou a caminho. Irei somente terminar de tomar o meu café.

Com um aceno de cabeça, vi a mulher se afastar. Suspirei e tomei mais um gole da bebida quente em minha xícara. Depois que voltei a dormir, após acalmar Tanjiro, consegui descansar somente mais três horas e meia, sem ter outra opção se não me levantar, trocar de roupas e passar um dos momentos mais vergonhosos da minha vida: tive que bater na porta do quarto, pedindo para sair, depois de confirmar que era eu e não o Kamado. Mas o pior não foi isso. A pior parte foi quando percebi a cara de espantado e curiosidade que tanto os guardas e policiais que estavam ali, quanto os enfermeiros, fizeram. Apenas levantei a cabeça e segui para a lanchonete que havia no manicômio. O bom foi que eu não precisei comer perto dos "presidiários" que moravam aqui. Havia um lugar separado para os especialistas como eu, que tratavam seus pacientes.

Levantei-me e fui diretamente para a sala do silêncio ao qual eu tinha descoberto a existência há pouco tempo. Ao andar pelo corredor, pude escutar uma voz conhecida por mim. Parecia falar no telefone. Quando cheguei à porta da sala, pude confirmar minhas suspeitas. Tanjūro Kamado estava me esperando. Sabia que era ele pela fotografia que tinha pegado emprestado na casa do rio.

O Sr. Kamado desliga a ligação e seus olhos vêm em minha direção. Ele se levanta e me cumprimenta em um aperto de mãos.

- Olá, sou Tanjūro Kamado, pai de Tanjiro. Confirmo com a cabeça, fingindo que já não sabia disso.

- Olá Senhor Tanjūro, eu sou Kanao Tsuyuri, psiquiatra de seu filho. - O homem à minha frente sorriu de canto.

- Eu primeiramente queria agradecer a tudo o que fez e está fazendo por ele. O resultado não podia ser melhor. Tanjiro está avançando muito.

Sorri feliz por ser reconhecida.

- O Kamado realmente está progredindo.

Psiquiatra De Um Assassino- Adaptação TankanaOnde histórias criam vida. Descubra agora