Simplesmente Acabou

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- O que você disse? - Estava de olhos arregalados enquanto Tanjiro me encarava e eu simplesmente paralisei diante do que havia dito.

- Nada, eu... Eu quero saber o porquê de você ter me chamado. - Desviei do assunto, certa de que ele não o deixaria morrer. Mas ao contrário do que achei o Kamado suspirou fundo, fechou os olhos e pareceu pensar um pouco antes de ir em direção à cama, se agachar, e pegar alguma coisa.

- T-Tanjiro o que você vai fazer com essa faca? - Gaguejei vendo ele se reerguer, girar a faca com sua mão, e sem me responder, foi em direção à parede do outro lado do quarto. Enfiou a faca na mesma, rasgando e abrindo, todo o almofado. - Porque você está fazendo isso? - Já ficava agoniada por não entender sua intenção. Após rasgar uma boa parte, vi quando a parede de tijolos daquela parte, revelando livros e fotografias. O Kamado devia esconder suas coisas pessoais ali, pois o manicômio não os deixava ficar com nada.

- Escuta muito bem, Kanao. Sabe o quanto é difícil ter você por perto e não conseguir compartilhar nada?

Franzi o cenho.

- Como? - Perguntei novamente sem entender. Tanjiro eu estou aos poucos me lembrando do que passamos e...

- Não. - Me interrompeu e pegou uma foto da parede. - Eu tenho todas as fotos que tirei com você antes de tudo acontecer. - Me chamou com a mão e eu fui até ele. O Kamado me entregou um amontoado de fotos em que só tinha a mim nelas.

- Tanjiro são lindas. - Elogiei impressionada com a perfeição das fotografias. Ele era ótimo nisso e eu realmente gostei de mim nelas. Em todas eu estava desastrada e o Kamado tinha me pego desprevenida.

- Estou te mostrando tudo isso para você ver que nunca mais será a mesma coisa. Nós podemos começar tudo de novo, mas nunca teremos isso. - Disse sério, apontando para minhas mãos onde estavam as fotografias. - Você disse aquilo e eu senti como que se tivéssemos voltado ao passado, mas não quero enganar ninguém. Nunca será a mesma coisa.

- Porque você está dizendo isso?

- Kanao, sei que talvez você esteja confusa com seus sentimentos. Atraída pelo passado, mas desconfiada do futuro. Então por isso quero que desista. Mesmo sem você, conseguirei sair daqui e enquanto isso, eu quero que desista de ser minha psiquiatra. Volte para clínica onde trabalhava. Lá tem pessoas mais necessitadas do que eu. - Tirou rapidamente todas as fotografias de mim. - Esqueça qualquer coisa que acha que sente por mim e vá viver a sua vida. Não preciso mais de você. Eu não quero mais você perto de mim.

Olhei para ele primeiramente com raiva e depois meu semblante foi dando lugar à tristeza. Meus olhos lacrimejaram e eu dei um passo para trás com o impacto de suas palavras. Antes elas não me atingiam tanto.

- Você já me disse para ir embora muitas vezes e sei que foi da boca para fora, não vai ser agora que estará...

- Esse é o problema, Kanao. - Tanjiro me encarou. Seu rosto estava coberto por uma máscara que eu não conseguia desvendar. - Não estou te pedindo para ir porque eu quero, eu preciso que você se afaste.

- Porque disso agora? - A intensidade da minha voz só aumentava. - SÓ PORQUE EU TE DISSE QUE EU ESTOU ME APAIXONANDO POR VOCÊ? - Gritei me aproximando. - Qual o problema nisso? Não é uma coisa boa? - As lágrimas já rolavam em meu rosto, mas eu tratei de rapidamente enxuga-las. Não queria que ele me visse desse jeito.

- Não quero ter que fazer você passar por tudo de novo. - Disse me analisando.

- Se está falando de Muzan e Douma, não precisa se preocupar. - Falei, tentando fazê-lo mudar de ideia, me lembrando da minha conversa com Nezuko.

Psiquiatra De Um Assassino- Adaptação TankanaOnde histórias criam vida. Descubra agora