Apenas Uma Vítima

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Nove dias se passaram desde minha última lembrança. E hoje darei começo ao que eu tenho planejado durante esse tempo. Fiquei praticamente cinco dias na casa de meus pais e por consequência, Sanemi me ligou pedindo explicações porque tinha o dito que ficaria somente três. Nesses quatro dias restantes, minha relação com o Kamado tem ficado estranha. Continuamos com a consulta, eu normalmente fazendo perguntas a ele, Tanjiro responde de forma natural, sem esboçar sarcasmo ou até mesmo alegria por me ter por perto. Só me responde como que se eu fosse uma pessoa qualquer e isso acabou em uma discussão em que eu perguntava o que tinha acontecido e o mesmo dizia que só não estava bem. Mas eu nunca acreditava, e como o Kamado tem um temperamento ao extremo, ele quase me bateu, mas parou no meio do caminho, pois nunca conseguiria fazer e eu agradeci por isso, se não as coisas ficariam piores entre nós.

Neste momento estava terminando a consulta com Tanjiro e o mesmo me olhava enquanto escrevia no caderno. Ele sempre fazia isso para tentar descobrir o que eu tanto escrevo.

- Já vou indo. - Suspirei e o encarei. - Da próxima vez, tenta ser menos grosseiro. Se não, não vou poder te ajudar a melhorar, sendo que você agora está regredindo. - Fui ríspida, desviando o olhar do dele e me levantei do chão. Sim, infelizmente o manicômio não providenciou as cadeiras e mesa para o quarto.

Virei às costas para ele, mas antes que eu pudesse alcançar a porta, o Kamado arrancou a bolsa de mim e eu virei rapidamente em sua direção.

- O que é isso? - Perguntei nervosa. - Devolva agora minha bolsa - Ordenei, mas parece que Tanjiro não levou a sério.

- Ou se não o que? - Me desafiou.

- Eu passo por essa porta, ligo para Douma, encontro Muzan e peço para ele me encontrar aqui e agora. E então nós vamos ver o que ele quer tanto me contar. - Não estava para brincadeiras hoje. Era um dia muito decisivo na minha vida e ele me olhando daquele jeito, como que se eu fosse um brinquedo que pudesse comandar, me enfurecia.

Ao dizer aquilo, Tanjiro jogou a bolsa com força em minha direção e apontou o dedo para mim.

- Porque você fica insistindo nesse assunto? - Seus olhos estavam escurecidos e agora, seu rosto expressava fúria. - Eu já não te contei o que queria saber?

- Mas não me contou tudo! - Exclamei dessa vez me aproximando. - Tanjiro, eu preciso e quero saber de toda a verdade. Você não me contou uma parcela dela, não toda. - Dessa vez foi ele quem recuou nervoso. - Por isso, se ninguém me contar, eu vou ter que tomar algumas providências. - O Kamado avançou em mim, surpreendendo-me, segurando meu rosto com suas duas mãos.

- Você não vai até ele, está me entendendo?

- Então me conta. - Disse simples.

Eu não posso. - Sussurou.

- Por quê? - Perguntei indignada.

- Não tem nada que te impede.

- Tem sim.

- O quê?

- Seu sofrimento.

Aquelas simples palavras, dilaceraram meu estômago e de repente me senti enjoada. Tanjiro não quer me ver sofrer.

Ele ainda segurava meu rosto, então eu apenas coloquei minhas mãos em seu ombro, ficando na ponta dos pés, juntando nossos lábios. O Kamado pós suas mãos em minha cintura e aproveite para enlaçar meus ombros em sua nuca. O beijo se intensificou, até eu começar a ficar excitada, mas tive que interrompe-lo. Vi que o Kamado estava de olhos fechados e sussurrei:

-Eu vou ficar bem. Nós vamos ficar bem. - Disse antes de me desvencilhar de suas mãos e rapidamente sair do quarto escutando-o gritar para que eu voltasse.

Psiquiatra De Um Assassino- Adaptação TankanaOnde histórias criam vida. Descubra agora