Cap: 3 - "Eu sou o mago implacável"

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~ Apartamento de Isabella ~
[19:33]

Isabella optou por esperar até às 19 horas para poder abrir o link sobre o concurso de fotografia que o Sr.Cho – o professor dela – lhe enviou e a inscreveu. Ela não estava segura de si, não parecia ser verdadeiro o que ouviu do seu professor.
      Depois de tomar um banho, comer algo, ler um pouco, assistir um episódio da sua série favorita, ela vai até o seu quarto, coloca "Perfect Blues" bem baixo em sua caixinha de música, ela se senta na cadeira em sua escrivaninha, abre o seu leptop e respira fundo contando até dez antes de abrir o link.
  
    "Nadando metaforicamente
Afogando na gravidade
Mergulhando por uma paz de mim
Serenidade calmante..." - era perceptível o som ao fundo, era calmo e reconfortante a música. Está tudo em silêncio no andar onde fica o apartamento de Isabella, não se ouve nada além da música que tocava baixa em sua caixinha de música – Alexa –.

      — Ok, vamos lá! - fala em um tom baixo mas audível, enquanto se prepara para abrir o link, a sua gatinha sobe em seu colo, seus pêlos macios, a velha gata Nayeon – em inspiração a idol kpop do grupo feminino, Twice –, tão manhosa só pensa em dormir e nada mais, os humanos para ela são tão misteriosos. Nayeon o que era a um ano atrás uma coitada gatinha de rua maltrata e ferida, se tornou a mais fiel amiga para Isabella.
      — Não sente fome? - pergunta carinhosamente para sua gatinha que ronronava em reação ao carinho atrás da sua orelha, a velha gata Nayeon apenas cochilou em seu colo. — 1... 2... 3... Uau! Não é mentira! - fica surpresa ao perceber que realmente o que o seu professor havia lhe dito não era mentira, na primeira página do site dizia como uma carta:

    "Olá, caro(a) participante, estamos aqui para lhe informar que a sua inscrição foi aceita para participar do nosso mais antigo concurso, em comemoração ao seu 13° aniversário, nós da Photographic Company que ocorrerá no mês de dezembro, lhe desejamos boas-vindas e que você leve a sério!" - e em uma outra linha abaixo havia escrito: "Complete a ficha abaixo para terminar a sua inscrição caso você tenha certeza de que quer participar."

    "O que devo fazer?!" - era a pergunta que vagava em sua mente enquanto ruía as suas unhas em meio ao nervosismo:
      — Pressione "Enviar" para confirmarmos a sua inscrição... Hmmm, enviar! - pronto, com apenas um clique a sua ficha foi enviada, e em seu email surgiu uma mensagem da Photographic Company: "Isabella-kang, recebemos a sua ficha de inscrição do nosso concurso, e nós lhe desejamos boas-vindas por tentar novamente... - já que a dois anos atrás Isabella não pôde participar, essa se tornou a sua segunda tentativa de participar do concurso — "entre no link anexado a esta mensagem e saiba todas as regras e temas que será pedido neste 13° evento deste ano."

    Ao descobrir o tema que ela recebera para o concurso, Isabella fica surpresa pois a mensagem dizia:  "Suas fotos deverão contar sobre "O que é o Natal para você?", esse é o seu desafio e deverá ser cumprido até o dia do concurso que será no dia 25/12 em comemoração ao Natal, assim que terminado envie as suas fotografias para o email exclusivo para o concurso, seu número de participante é 21°.
Obrigada pela atenção e boa sorte! ;)"

      — O que é o natal para mim?! Eu nunca pensei nisso... O... O que eu faço?! - Isabella não sabia o que fazer, parecia que estava entrando numa fria.
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      ~ Apartamento de Jae-Hyun ~
[19:56]

Do outro lado da cidade de Seoul, está Jae-hyun, saindo do seu banho de 4 minutos – diz ele que um banho demorado acabaria com a maciez de sua linda pele, talvez uma desculpa para disfarçar o seu desinteresse pelo banho – seus cabelos molhados e pingando água pelo chão do corredor do banheiro até a sala:
      — Alexa, tocar Unforgiven do LE SSERAFIM!
      — "Unforgiven do LEE SSERAFIM em reprodução!" - responde ao comando de Jae-Hyun.
      — "Imperdoável, sou uma vilã, sou uma... Imperdoável, eu ando por esse caminho... Imperdoável, sou uma vilã, sou uma... Uma imperdoável que será lembrada pelas novas gerações..."- começa a cantar tão alto quanto a própria música. Vestido com o seu roupão de unicórnio – seu favorito – Jae-Hyun sente como se estivesse fazendo o seu próprio show na sala de casa, até afastando alguns móveis se sentindo a própria Chaewon.
      — Ele deve 'tá muito cansa... - seu guarda costas, o Sr.Park entra no apartamento enquanto conversava com alguém ao telefone e vê uma cena que gostaria de nunca ter visto, Jae-Hyun o encarando supreso e assustado enquanto o Sr.Park com certeza o julgava com os olhos de cima a baixo sem nem dizer uma palavra.
      — Alexa, pausar a música... - Jae-Hyun estava tão constrangido com a situação que a única coisa que conseguiu fazer foi dá uma ordem para a sua "Alexa" que parece não ter entendido o seu comando.
      — "Você disse aumentar?" - logo em seguida a música ficava mais auta que parecia que não só o guarda costas e Jae-hyun, mas o prédio todo ficariam surdos.
      — NÃO, EU DISSE PAUSAR...
      — "Desculpa mas eu não consigo te entender."
      — Pra quê servem essas pequenas caixinhas falantes se elas nunca fazem o que pedimos? - indagava o Sr.Park enquanto colocava as mãos nos ouvidos impedindo que o som afetasse os seus tímpanos.
      — Não sei... DESLIGA! - Jae-Hyun simplesmente entrou em desespero e jogou a sua caixinha de som contra a parede a fazendo se quebrar, agora não há mais barulho e nem há mais Alexa.
      — Você... - ficou surpreso ao ver o garoto reagir desta forma.
      — Eu não sei de nada! - grita e sai correndo de encontro ao seu quarto e se trancando lá por se sentir constrangido. Não é como se o seu guarda costas nunca o tivesse visto apenas de roupão agindo como um cantor, mas o cenário muda quando o Jae-Hyun aparece com uma "samba-canção" e roupão de unicórnio se sentindo uma idol feminina de kpop.
      — Garoto, para de agir como uma criança, e essa cuequinha de unicórnio é ridícula, onde você comprou para eu evitar passar por lá?! - o Sr.Park está parado em frente a porta do quarto do Jae-Hyun que está trancado dentro dele ainda se sentindo envergonhado.
      PARA! ELA É BONITA! - ele limpa a garganta — Quer dizer... CALA A BOCA! - protesta de dentro do quarto, é possível ouvir um riso bem baixo vindo do lado de fora.
      — É melhor você pedir devolução ou processar quem produziu um pecado desses...
      — Eu tenho muitas dessas...
      — Misericórdia, isso não pode ser real... - diz fingindo está decepcionado — É melhor você processar por assassinato da moda! Bom, abre a porta que eu preciso te avisar sobre algo importante. - diz batendo de leve na porta pedindo permissão para que pudesse entrar.
      — Entra... - diz destrancando a porta e voltando a se encolher na sua cama enquanto se cobria com seu roupão – ainda de unicórnio – realmente, é esquisito, feio, desproporcional e ridícula essa peça de roupa, invés de querer vomitar, dá vontade de chorar e pedir condolências por um crime como este — Fala o que 'tú quer logo...
      — A sua assessora, aquela velha,  quer você lá no escritório dela. - volta com a sua expressão séria e se senta em uma poltrona no quarto enquanto come uma maçã.
      — Se ela ouvir você chamando ela de velha, você sabe que ela vai te demitir, né?! E de onde você tirou essa maçã? - parece incrédulo com a aparição repentina de uma maçã na mão do seu guarda costas.
      — E você vai contar a ela? - olha o rapaz de cima a baixo em um tom sarcástico, e dá mordidas contínuas em sua maçã.
      — Não... É sério, de onde você tirou essa maçã?! - continua impressionado.
      — Peguei na sua geladeira. - dá de ombros.
      — Minha geladeira? Mas quando você pegou ela?
      — Há uns dois minutos. - certamente uma mentira do mais velho, mas o rapaz é ingênuo demais para perceber.
      — Mas quando... quando você saiu do quarto? - fica assustado, pensa "Como é possível?" o Sr.Park dá um sorrisinho meio assustador de arrepiar todos os pêlos do corpo — Credo!
      — "O mago é implacável!" - cita a fala de um personagem de desenho animado — Coloca uma roupa decente, ela tá te esperando lá encima! - aponta o dedo indicador para cima.
      — Lá encima?
      — Sim.
      — Mas ela nunca deixa ninguém subir lá!
      — Verdade, mas deve ser algo importante. - diz saindo do quarto com as mãos no bolso já terminado de comer a sua maçã.

   Já chegando no último andar do prédio – onde fica o escritório da sua assessora – ele parece relaxado mas curioso em saber o que pode ser tão importante para àquela mulher querer a sua presença no último andar.

      — 'Iaí, velha?! - entra na sala abrindo a porta com tudo. O escritório está escuro, apenas com uma luz de uma luminária, a mesma estava de costas para a porta, virada para a gigante janela de vidro, era noite, o céu cheio de estrelas e uma luz tão bela e cheia pairava lá no alto da colina.
      — Velha é a tua vó, garoto mau educado... - diz ainda virada para a gigante janela de vidro.
      — Tá, mas o que você quer? - revira os olhos sentando de forma abrupta na cadeira giratória em frente a mesa dela. Jae-hyun parece está se divertindo na cadeira giratória, roda para um lado e para o outro.
      — Sabe, a quantos anos eu trabalho pra você? - diz se virando para ele, com uma expressão séria, uma aparência jovem, pele limpa e macia, parecia pêssegos as suas bochechas rosadas.
      — Não sei, dois... três... um?! - não parece se importar muito na pergunta da Sra.Kim, só está interessado em girar na cadeira giratória.
      — Um, irá completar dois anos ainda esse ano.
      — Nossa, parece mais.. .acho que passar pouco tempo com você parece uma eternidade! - diz em um tom zombeteiro.
      — Ah se eu pudesse, eu te esganava! - suspira pensando na hipótese de cometer algo assim, parecia está sonhando.
      — Calma, eu 'tava brincando! - diz sorrindo presunçosamente.
      — Enfim, sobre o seu debut, já está pronta a música? - diz séria.
      — Ainda não! - coloca as pernas cruzadas em cima da mesa, já parando de "brincar" na cadeira.
      — Mas já tem uma prévia, não tem?
      — Só consegui fazer duas linhas. - dá de ombros, e tem uma expressão calma e serena.
      — Por que você é tão irresponsável?! - empurra as perna do garoto de cima da sua mesa o fazendo se desequilibrar e quase cair.
      — Eu só estou tendo problemas pra completar, mas não vou demorar muito.
      — Assim espero, não podemos demorar muito com isso, não temos muito tempo.
      — Eu sei, eu sei.
      — Como está a sua mãe? - agora mudando de assunto, está tudo muito calmo.
      — Ela deve tá bem, não tenho falado muito com ela ultimamente. - diz olhando para o céu através da janela.
      — Rum, você deve dar mais atenção a sua mãe, ela me ligou perguntando sobre você á uns três dias atrás.
      — Ela deve sentir falta do Pai... - o pai de Jae-Hyun morreu a alguns anos, mas sempre faz falta para a sua mãe.
      — É por isso que você deve ligar mais vezes para ela.
      — Eu vou. - diz encerrando a conversa e se levantando andando até a porta, antes de sair ele para — E o Sr.Park te chamou de velha! - sai da sala fechando a porta com um pouco de força.
      — Aquele...Tsc! - murmura ao ouvir o que Jae-Hyun disse antes de sair da sala — Vou baixar o salário daquele velho de cabelo ressecado!

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Ao sair da sala, Jae-hyun liga para a sua mãe de forma repentina, está tudo em silêncio, apenas se ouve a sua voz naquele corredor, a sua ligação foi encaminhada para a caixa postal, então ele decide deixar uma mensagem de voz:

      — M-mãe?! - com a sua mão esquerda no bolso enquanto a outra segura o celular em seu ouvido, parece tão estranho para o rapaz ligar para a sua mãe de forma repentina, ficar sem conversar com a sua mãe por algum tempo pareceu uma eternidade — Como você 'tá? Tem se alimentado direito? Eu sei que a senhora deve está preocupada... mas lhe peço que não fique... Eu 'tô bem...Eu 'tô pensando em ir aí te visitar...antes de viajar! Enfim, eu vou indo! - encerra a mensagem e é diretamente enviada para a sua mãe.

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    O pai de Jae-Hyun morreu a muito tempo, Jae-hyun se sentia culpado pela morte do pai, ou de pelo menos não está presente quando a sua mãe precisava, ele também sente que a sua mãe o culpa por isso, ele se arrepende de não ter dito adeus para o seu pai no hospital.

   Quando o pai de Jae-Hyun morreu, ele havia discutido com o mesmo, tanto que ele ainda se sente culpado por nunca ter conseguido se reconciliar e dizer um "adeus" para seu pai. Desde então, a mãe de Jae-hyun se sente solitária pois seu filho nunca a visita, é claro que só de vez em quando, mas não ter os dois homens mais importantes da sua vida – sendo eles o seu marido e o outro é o seu único filho – ao seu lado, é doloroso, até porque só um está vivo agora. Jae-hyun sente que precisa está mais presente, mas algo o impede disso.

Como Se Fosse A Primeira Vez... [Paris]Onde histórias criam vida. Descubra agora