- Minhas boas vindas a Izotzah e surpresas não muito agradáveis. -

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Se eu pudesse descrever em uma palavra tudo o que eu estou sentindo neste momento, ao enfrentar o longo caminho que leva à ponte para Izotzah, sem dúvidas, essa palavra seria "Arrependimento."

De fato, eu estou determinado a alcançar aquilo que almejo, estou determinado a prosseguir com meu caminho até o fim e estava ciente dos riscos e desafios que me aguardavam, eu apenas não imaginava que fossem desafios em tanta quantidade. Eu imagino que, agora, sejam por volta das 20:30, estou andando por essa floresta desde que saí oficialmente de Azavrah, cruzando o limite que leva às enormes árvores, algo que torna o desafio de chegar rapidamente em Izotzah, ainda maior.

Tudo parece se tornar ainda mais sinistro quando se está andando pela floresta, sozinho, tendo uma lamparina como o único tipo de iluminação após a lua ter sido escondida pelas nuvens e para piorar, é noite. Nem tudo pode me assustar com tanta facilidade, eu sou um homem adulto e responsável, eu não ficaria com medo de um monte de árvores em uma área pouco frequentada por pessoas...Árvores grandes e sinistras, elas conseguem facilmente fazer com que eu me pergunte que tipo de espírito maligno estaria a espreita, me observando, preparando-se para me atacar na primeira oportunidade, no meu primeiro momento de distração.

- Acham que podem me assustar, hã?! Espíritos malignos, podem vir! Eu não tenho medo! Sou eu quem vou assustar vocês, isso mesmo! Eu vou assustá-los tanto que vocês jamais voltarão a essa floresta!

Digo alto e com confiança, retirando a adaga do bolso da minha calça e segurando firmemente em seu cabo de ferro. De repente, toda essa confiança desapareceu por um momento, no momento em que ouvi um barulho, um farfalhar em meio às folhas secas caídas sobre o chão, à minha esquerda.

Tudo tornou-se silencioso, exceto pelo barulho das folhas, de novo e de novo, algo estava se aproximando, e estava sendo rápido.

Virei-me lentamente para a esquerda, apertando o cabo da adaga com tanta força que minha mão chegava a tremer levemente. Com um salto, de trás das árvores, surgiu uma figura humanoide, demorei apenas alguns segundos para reagir, tempo o suficiente para que aquela figura avançasse com suas garras em minha direção. Me abaixei rapidamente, suspirando em alívio, grato por ainda ter minha cabeça junta de meu pescoço.

Após o seu primeiro ataque, as garras da criatura cortaram o ar. Àquela altura, estava mais do que óbvio para mim que aquele ser não era humano, afinal, a tonalidade de sua pele era de um cinza azulado, a criatura tinha um físico extremamente magro, seus olhos possuíam um brilho em dourado e sua altura tinha semelhança à uma criança bem pequena. De fato, não chegava nem perto de ser um humano.

- Um demônio vindo das sombras...Eu não estava esperando encontrar um demônio em uma floresta pacífica como esta...- Suspirei - De qualquer forma, acho que terei que acabar com você aqui mesmo para impedir que ataque outras pessoas, cara.

Como se entendesse perfeitamente o que eu dissera, o demônio fez um barulho, semelhante a um grito agudo em protesto. A criatura avançou novamente, mas desta vez, eu não desviei para longe, ao invés disso, inclinei meu corpo levemente para o lado, o suficiente para que suas garras afiadas não alcançassem meu rosto.

Estiquei o braço à altura da barriga da criatura, segurando em minha adaga com firmeza, até que pude ter a certeza de que o objeto havia entrado em contato com a pele fina do demônio, cortando seu corpo ao meio, da barriga para baixo.

Observei o demônio se petrificar aos poucos. Embora eu tenha ciência de que é algo a ser feito por um bem maior, eu detesto a ideia de matar, mesmo que seja a menor e mais insignificante forma de vida.

- Foi mal, cara. - Digo analisando a lâmina de minha adaga e em seguida, a guardando novamente. - Bom...Descanse em paz?

Suspirei, coçando a nuca levemente, até lembrar-me de meu real objetivo, não havia tempo para lamentar. Ergui a cabeça, recolhendo a lamparina do chão, a qual havia caído no primeiro ataque do demônio.

Não, eu não sou um vilão.Onde histórias criam vida. Descubra agora