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Edgar

É estranho ter meu pai em minha casa depois de muitos anos sem vê-lo, ele nunca fez muita questão de estar comigo desde quando era um menino. Minha mãe se foi muito nova, fui criado por várias babás e empregadas, de alguma forma quando decidi assumir os negócios dele pensei que pudéssemos nos aproximar, mas isso não aconteceu.

— Lamento por ter entrado no território de sua família, garanto que isso não vai acontecer mais.

Hugo apenas está se retratando por conta do pai e não por estar arrependido, meu progenitor me ensinou poucas coisas, no entanto aprendi que muitas vezes devemos ser diplomáticos antes de assassinos insanos. A Organização é uma das principais parceiras do nosso negócio, portanto, o melhor é relevar.

— Esse tipo de situação acontece, apenas queremos deixar claro que na próxima vez as ações serão diferentes.

— Meus filhos estão cientes, Cunha. Não irei incomodar seu filho tumultuando sua casa.

Assis e meu pai se conhecem há anos, são mais que parceiros comerciais, são amigos. Nunca fui próximo, na verdade, evitava contato com o que é ilícito pois meus negócios legais requerem que sempre esteja visível, não seria interessante ser visto almoçando com um narcotraficante mexicano ou um assassino.

— O senhor não causa incômodo nenhum, fique o tempo que acreditar ser necessário. Seus filhos, os homens que vieram com eles e seu sobrinho são bem-vindos para ficar se quiserem também.

Meu pai olhou em minha direção sorrindo antes de tomar seu café, a mesa está perfeitamente organizada, fico contente percebendo que meus funcionários seguiram minhas ordens perfeitamente.

— Edgar, agradeço a hospitalidade, meus filhos e os outros têm onde se hospedar, mas aceito ficar.

Ele é um bom homem e não tenho nada contra ele nem mesmo contra seus filhos, não os conheço tão profundamente para odiá-los ou ter antipatia, o fato de ser amigo de Gabrielli não pode interferir no meu julgamento.

— Fico feliz, senhor Assis. Agora preciso me retirar, os negócios me chamam. Pai, pode ficar à vontade e fazer companhia ao senhor Assis.

Despedi-me de todos indo em direção ao meu escritório, só que antes vejo minha cadelinha, distraída limpando o corredor, Aparecida nem mesmo percebe minha presença, mas assim que me vê fica séria tomando a postura de submissão que tanto me enlouquece.

— Aparecida, a visita vai continuar conosco, portanto espero a perfeição do café da manhã no almoço e no jantar também. Dona Luzia deve ser informada da nossa visita para que também esteja preparada, estou encarregando você de fazer isso. Entendeu?

— Sim, senhor. Hoje é minha folga, vou para minha casa.

Quando ela me contraria, mesmo que não seja de propósito, tenho vontade de espancar sua bunda a noite inteira.

— Aparecida, você não tem folga, não se esqueça do nosso acordo. Não quitei a dívida do seu irmão para que tenha folga, para mim você não tem descanso, sabe bem que não é uma funcionária normal. Inclusive, você foi na depiladora e na joalheria que mandei?

Sua expressão se entristeceu. Aparecida não sabe aproveitar a oportunidade que tem comigo, sei o que passa em sua cabecinha limitada por uma criação religiosa antiquada.

A Chance - A Organização Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora