A Chance - A Organização Livro 2

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Hugo

Fiquei afastado.

Davi não me deixou explicar ou me aproximar foi triste constatar que uma decisão tomada sem pensar há cinco anos me fez perder meu filho. Gabrielli serviu a sobremesa ajudando Naná que sorria enquanto exagerava nos pedaços de torta de milho para as crianças, Gabrielli percebeu como o clima estava diferente, ela pediu para Naná ficar com as crianças e me chamou para conversar.

Levei-a para o escritório, ela observava minha postura como também o lugar, não me recordo de tê-la incluído em algum negócio ou ter dito sobre nossas ações dentro da Organização, pensava que como filha de uma família bem tradicional não ligaria para essas questões. Subestimei Gabrielli muitas vezes até mesmo quando pensei que não pudesse fugir levando meu filho e estando grávida de Amália.

— Como foi a conversa com nossos filhos?

— Amália é dócil e foi bem mais receptiva, já Davi me odeia.

Não sei se as memórias infantis ficaram fixas em sua mente, deixei minha família de lado pelos negócios, esqueci do detalhe de que Gabrielli e Davi estavam fragilizados por pensarem que estava morto, me sinto tão arrependido por não ter reconhecido a mulher maravilhosa que a minha esposa era, ela ficou ao meu lado mesmo quando não fiquei.

Não queria comprometer os meus planos e acabei comprometendo a minha vida familiar. Davi não confia em mim e acredito que Gabrielli também não, Amália é mais receptiva porque ela não me conhecia e talvez na sua doçura infantil queira muito um pai que esteja ao seu lado ao contrário de Davi que cresceu sem a minha presença.

— Eu acredito que seja um pouco culpada por Davi rejeitar você. Depois que fui embora fiquei muito fragilizada porque no fundo não queria ir, apenas fugi para que não tivesse uma vida triste vendo você com outra mulher dentro da nossa própria casa. Chorava muito, tive um início de depressão e até mesmo pânico pois imaginava que poderia aparecer a qualquer momento e me trazer para uma vida sem amor e cheia de traições. Para Amália e Davi disse que você havia morrido, expliquei os meus motivos por alto do porquê menti, nossa história é muito complexa para falar de tudo que aconteceu a anos atrás para duas crianças não era o aconselhável, hoje reconheço que deveria ter dito a verdade desde o começo, queria poupá-los de alguma ilusão ou até mesmo decepção em relação a você.

— Não fui o melhor pai e marido do mundo, concordo que ele, como também Amália, não têm motivos para gostar de mim ou até um dia me amar. Só quero que saiba, Gabrielli, que eu jamais quis que chegássemos a isso, tinha oportunidade de mudar toda nossa história, no final acabei destruindo nosso futuro.

Gabrielli percebendo como estou desolado se aproximou de mim, segurou minhas mãos me puxando para um abraço, precisei tanto dela e dessa maneira silenciosa de dizer que me ama sem usar das palavras, apenas com seus gestos.

— Hugo, Davi vai aceitá-lo com o tempo, tenha paciência.

— E nós? Preciso esperar o tempo e ter paciência para tê-la de volta?

Segurei seu rosto passando meu polegar em seus lábios, sentia sua falta mais do que poderia imaginar, a vida sem o meu amor foi um tormento sem fim, agora que ela está aqui não posso perder a chance de me reconciliar com a minha mulher.

— Não faz isso, Hugo!

Continuei tocando em seus lábios, sabendo que ela não iria resistir por muito tempo, só queria um beijo mesmo entendendo que seria difícil ficar apenas a beijando, o que não contava é que no momento que estava quase conseguindo quebrar as barreiras dela, Naná batesse na porta entrando no escritório como se algo horrível tivesse acontecido.

— O que houve, Naná?

— Desculpe por atrapalhar, menino Hugo, mas não trago boas notícias. Maurílio ligou agora contando que Mirela está morta.

Não posso acreditar que meu primo tenha feito uma idiotice dessa magnitude mesmo depois de ter conversado com ele. Infelizmente não vou poder salvá-lo das consequências dos seus atos.

Gabrielli

Seja por azar do destino ou até mesmo por uma coincidência, Hugo não conseguiu o que queria, é óbvio que seu desejo de me beijar era visível, e eu também queria como a sem-vergonha que sou, porém não poderíamos imaginar que Maurílio iria matar Mirela, porque podem dizer o que quiserem sobre a morte dela, que foi acidental ou até natural, o que me importa é como minha amiga vai ficar com tudo isso.

Hugo ficou em silêncio por alguns instantes depois que soube da notícia, Naná saiu para ficar com as crianças enquanto permaneci com ele esperando alguma reação. Não é novidade que Maurílio era uma bomba-relógio prestes a explodir, não duvido que Mirela o tenha desafiado imaginando que não faria nada com ela por ser irmã do líder da casa Magalhães, acredito que ela não conhecia seu marido muito bem.

— O que eu faço?

— Bom, primeiro ligue para Maurílio e dê a ele o benefício da dúvida, sabemos que ele tinha interesse na morte de Mirela principalmente depois dos últimos acontecimentos, no entanto, não podemos julgá-lo sem antes saber o que realmente aconteceu. Em segundo plano, deve mantê-lo sob sua proteção até se averiguar tudo, Magalhães não vai aceitar outra versão que não seja a que Maurílio é o culpado, nesses últimos tempos, Juan foi acionado pela irmã por diversas vezes para apaziguar a situação dela com Maurílio. E por último, precisa descobrir o motivo da morte, Mirela viva atrapalhava Maurílio como também causava muitas dores de cabeça para famílias Rossio e Magalhães.

— Do que você desconfia?

Mirela não é e nunca foi uma vítima injustiçada, ela pode muito bem ter entrado no caminho de alguém da família que estava incomodado com sua postura ou que saiba mais do que deveria em relação a ela e quis a eliminar.

— Desconfio que a Mirela não era uma santa e que com certeza não morreu de causas naturais. Convenhamos, ela estava sendo um incômodo para todos, sejam aqueles que a odiavam ou até para aqueles que a apoiavam.

— Tem razão. Mirela além de ser perigosa é uma grande vadia dissimulada, não duvido que Juan também tenha algo a ver com isso. Precisamos saber o que realmente aconteceu, vou para casa do meu primo agora. Lamento que nossa noite tenha acabado assim, de verdade, queria terminá-la de uma maneira bem diferente.

Hugo tentou se aproximar, fui rápida em me afastar dele. Ainda não é hora para deixá-lo pensar que estou facilmente disponível, estou realmente pensando em manter uma distância segura e isso não quer dizer que não possa tentar descobrir pelos métodos sensuais que tenho, não estou segura de que Hugo não ficou com Tina durante todos esses anos.

— Está fugindo, Gabrielli?

— Não, estou preservando meu coração, foram cinco anos, ainda é cedo para tentarmos qualquer aproximação. Isso não quer dizer que não podemos tentar descobrir como nossa relação vai funcionar.

Hugo sorriu do jeito mais safado possível, sei que está curioso para saber o que tenho a oferecer depois de todos os anos que ficamos longe um do outro.

— O que está sugerindo?

— Minha sugestão é bem direta: temos uma atração um pelo outro e isso é claro, podemos aproveitar sem pensar no futuro.

— Está sugerindo sexo sem compromisso? Assim você me ofende, amor, quer me usar como um objeto?

Comecei a rir com a conclusão que Hugo chegou. Não pensava dessa forma, se ele colocou dessa maneira é uma questão totalmente dele. Não penso que Hugo é um objeto, pelo contrário, quero ficar com ele sem pensar nas complicações que nosso relacionamento traz.

— Não. Você que colocou nesses termos, vai me dizer que não está curioso para saber como é transar comigo depois de tanto tempo? Aprendi tantas coisas novas, queria muito mostrar para você, não sente falta?

Estou claramente seduzindo Hugo usando da curiosidade, sei que não vai resistir, os homens em sua grande maioria são pegos nesses detalhes sutis da arte de seduzir e atrair.

— Estou curioso e com certeza senti sua falta, precisamos estabelecer como será esse combinado, o problema é que agora tenho que resolver essa história de Maurílio, estou aberto a qualquer proposta, inclusive se ela envolver você cavalgando no meu pau.