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Hugo



— Bom dia a todos. Peço desculpas por não ter nenhuma assistente para recebê-los, como sabem tive que dispensar a que tinha por conflito de interesses interpessoais.

— Sem problemas, meu filho chegou antes do horário sendo pontual como ensinei. Vou direto ao assunto pois acredito ser de extrema importância informar o motivo que Gabrielli e Marcele estão aqui junto com Jacó. Depois da passagem daquela mulher em nossa Organização penso que entendem como a confiança ficou estremecida, ninguém reclamou ou disse algo sobre esses cinco anos pois apesar de tudo, você, meu filho, cuidou da Organização da sua maneira mesmo com a influência daquela vagabunda, no entanto dado os fatos recentes, pedi, gentilmente, para que Gabrielli e Marcele me ajudasse com uma auditoria.

Poderia muito bem me ofender, gritar, xingar e fazer um espetáculo desnecessário, sei bem que não ia adiantar de nada. No entanto, sorrio com as ideias que vem à minha mente por conta dessa “auditoria”, é uma chance em um milhão para me aproximar de Gabrielli.

— Ótimo. O que vocês vão precisar para começar com a auditoria? Magalhães analisou alguns documentos e não encontrou nada, porém não podemos confiar, fui relapso confiando naquela mulher, assinei muitos documentos durante esses últimos anos sem ter a devida atenção, como sabem.

Não havia motivos para demonstrar resistência, meu pai está me ajudando tanto, acredito que de forma intencional.

— Excelente. Vou deixar vocês com as meninas e Jacó. Acredito que vão se entender bem, agora preciso ir, meus netos me esperam e não quero demorar.

Meu pai simplesmente levantou, beijou o rosto de Gabrielli e depois de Marcele cumprimentando Jacó com um aperto de mão, em seguida segurou meu ombro fazendo o mesmo com Gregório. Foi impossível não perceber como minha mulher está linda vestida como uma empresária, começo a imaginar minhas mãos tirando esse vestido preto lentamente, apreciando cada toque, sentindo sua pele arrepiar enquanto tiro sua calcinha.

— Hugo, você me ouviu?

Meus pensamentos me distraíram totalmente, a minha sorte é que estou sentado caso contrário não teria como explicar meu pau duro, preciso urgentemente transar com Gabrielli, será muito complicado tê-la perto de mim todos os dias sem tentar me enfiar no meio das suas pernas.

— Me desculpe, pode repetir, Gabrielli, estava distraído.

— Claro, Hugo, gostaria de ter acesso a todos os seus contratos, Jacó vai acionar os sócios para entender os contratos assinados e se estão sendo cumpridos todos os acordos, Marcele vai cuidar da parte ligada a Gregório, o senhor Assis disse que ficou abandonada durante esses últimos cinco anos.

Meu irmão está sério sem olhar na direção de Marcele, não sei se ele gostou ou não da escolha do nosso pai.

— Não vamos assumir nada do que já é de responsabilidade de vocês, apenas auxiliar e dar o suporte necessário como também auditar tudo que for assinado. Jacó também será um representante, tudo vai continuar nas suas mãos, Hugo, só vai passar por nós como uma formalidade e controle. Alguma dúvida?

— Sim. Estou em tratamento como sabem, Marcele terá que ir até a clínica, algum problema?

Gregório permanecia sério, não entendo por que, será que detestou a ideia do nosso pai? O pior é se ele criar caso com essa situação. Eu estou adorando tudo isso, ter Gabrielli todos os dias ao meu lado é muito melhor do que qualquer coisa que poderia acontecer.

— Por que teria que ir até a clínica? Posso aprender tudo que preciso sem ir lá e atrapalhar seu tratamento.

— Desculpe, mas discordo. O que fiz apenas eu tenho conhecimento, tenho absoluta certeza que fará suas funções da melhor maneira se tiver meu apoio. Além disso, se não querem passar a impressão de que minha função agora está aos cuidados de Marcele, seria bom que fosse até a clínica. Se não quiser não tem problema, fiquei muito tempo longe, minha opinião ou decisão não importam, vim com Hugo pois fiquei fugindo da minha obrigação com minha família durante anos, porém vejo que meu pai já decidiu que devo ficar afastado. Irmão, se me der licença, vou voltar para a clínica!

Ele simplesmente levantou as cumprimentou como também Jacó com um aceno e saiu sem fazer um escândalo ou até tentar argumentar mais. Pedi licença para os demais indo atrás dele, Gregório estava quase saindo em direção ao estacionamento.

— Irmão, está desistindo de tudo?

— Hugo, você não percebeu que nosso pai colocou justo as irmãs Gusmão para mostrar como desaprova tudo que nos tornamos? Tudo que fizemos desde o começo de nossas vidas foi agradar e fazer à vontade dele. Se não fosse por uma ordem dele jamais teria estuprado Marcele, ela seria esposa de outro, estaria feliz e não me olhando como se fosse a porra de um doente, portador de algo contagioso. Preciso cuidar de mim, toda essa merda me deixa fora do controle e não quero acabar em uma cama de hospital com um início de overdose. Desejo sorte para você, Hugo, sei que sem a sombra daquela vadia pode conseguir sua família de volta, acredito que quando terminar meu tratamento vou poder decidir o que fazer.

Ele não percebeu como toda essa situação é favorável para nós, Gregório talvez se sinta rejeitado pois nosso pai, quando Gabrielli fugiu, nos culpou pelo que houve fazendo, de certa forma, com que meu irmão fosse embora.

— Tudo bem, não vou obrigá-lo a ficar, vou apenas me despedir deles e levo você para clínica. Não vou deixá-lo sozinho quando mais precisa de mim, Greg.

— Sabe que não precisa ir, estou bem para dirigir.

— Sei que não precisa, mas eu quero. Me espere aqui, por favor, não vou demorar!

Gabrielli



— Amo como eles são teatrais. Me digam, vocês sentiram saudades disso, não é?

Jacó como sempre leva tudo na brincadeira, sei que nos negócios será sério. Gregório simplesmente foi verdadeiro, a situação como deixou suas funções no passado não fora das melhores. Marcele ficou sem jeito com a postura dele, ao contrário de Hugo que pareceu aceitar muito bem.

Ele retornou alguns minutos depois com o semblante triste, não faço ideia de como é ter um dependente químico na família, é nítido como é um sofrimento grande para ele como também para os seus pais, por mais que queiram mostrar força já que não podem ter franquezas pertencendo a família Assis.

— Gostaria de pedir desculpas por não podermos continuar com nossa reunião, para demonstrar minha boa vontade com essa auditoria, aqui está a chave da graveta com os arquivos de todos os contratos, Gabrielli, pode começar com seu trabalho. Marcele, aqui está a chave do escritório do meu irmão, pode ficar à vontade para começar seu trabalho, infelizmente não sei muito bem o que meu irmão realmente fazia, era uma função muito específica dele. Jacó, aqui está a agenda com todos os nomes dos nossos parceiros, amanhã podemos conversar melhor sobre eles envolvendo os outros líderes da família, agora realmente tenho que ir, Gregório me espera!

Ele deixou tudo em cima da mesa indo em direção à saída, decidi ir atrás dele, vê-lo tão chateado me fez sentir mal com toda a situação.

— Hugo, espere! Minha irmã não quis deixar Gregório mal, de verdade, a relação deles não terminou bem, sabe bem disso.

— Não precisa se justificar, Gabrielli, Marcele tem suas razões, a questão da dependência química do meu irmão não é culpa dela, depois que vocês fugiram, nossas vidas ficaram complicadas. Além de ter que explicar para as outras famílias que não houve um sequestro e sim uma fuga, tínhamos que lidar com nosso pai nos fazendo lembrar todos os dias de como fomos péssimos maridos. Minha mãe reprovando Tina, inclusive ficou alguns meses sem falar comigo, como também sempre dava um jeito de jogar indiretas nela. Havia os negócios da Organização que não podiam ser negligenciados, ninguém é culpado por tudo que houve, foram as escolhas erradas feitas a seis anos atrás.

Ele falava sobre aquela noite que mudou nossas vidas de maneira irreversível, o que houve sempre irá nos perseguir, marcando nossas vidas deixando cicatrizes profundas. Hugo virou as costas para ir embora, antes segurei sua mão, não sei de verdade o que me deu.

— Eu te perdoo por tudo. Pelo que aconteceu naquela noite e pelo que houve depois, não podemos ficar eternamente presos ao nosso passado, temos que superar.

Hugo me puxou para um abraço, nossa ligação antes era sexual, havia beijos e carinhos que sempre acabavam na cama, mas agora não. Consigo sentir uma sensação tão boa de estar nos seus braços de novo depois de tanto tempo.

— Amor, preciso ficar com meu irmão agora. Sei que é cedo, e que pode ser precipitado, no entanto não posso esperar, aceita jantar comigo essa noite? Não só você, mas os nossos filhos também. Por favor, Gabrielli, lembro que disse que precisamos resolver nossas pendências e eu quero realmente resolver tudo.

— Tudo bem! Estarei em sua casa para jantar junto com as crianças, Hugo.

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