Gabrielli
Não tinha condições de falar com ninguém, pedi para Edgar me esperar pois iria tomar um banho e ver como estão as crianças, minha cabeça está prestes a explodir só que não tenho direito de ficar louca e sair xingando a todos. De banho tomado, fui até a sala recreativa, as crianças estão assistindo desenho com Marcele, assim que me viram sorriram e abaixaram o volume da TV.
— Amores, vamos conversar sobre um assunto muito sério. Primeiro: mamãe não fez nada de errado, aqueles homens não são da polícia, antes de viver aqui, eu e sua tia morávamos em outro país, Davi e Rute nasceram lá como também Jorginho. Sei que sempre dissemos que os pais de vocês não estavam vivos e que o único parente de vocês era o vovô Jorge, mas não é verdade, mamãe mentiu, na época estava muito ferida e machucada com coisas que aconteceram que não tem nada a ver com vocês. Vou tentar manter as coisas como são, mas não posso garantir que irei conseguir.
Em tudo relacionado a criação dos meus filhos tentei ser verdadeira, apenas menti sobre o pai por pensar ser o melhor para eles. Marcele fez o mesmo com Rute, e vejo que foi o melhor. Afinal, Gregório não tem condição alguma de ser pai da minha sobrinha, inclusive nem sequer olhou para ela como Hugo também não se preocupou com os filhos. Davi se aproximou com a irmã ao seu lado sorrindo como se estivesse compreendendo tudo e sendo o garotinho bom e gentil de sempre.
— Tudo bem, mamãe! Ele não gostou de mim e nem de Amália, mas eu sei que sempre teremos você e a titia, a Rute também sabe, não é, Rute?
— Eu sei! Mamãe explicou tudinho, tia, vai dar tudo certo.
Nos abraçamos como fazemos quando temos nossas reuniões familiares, queria dar às crianças uma experiência diferente das que eu e Marcele tivemos, perguntas nunca respondidas e obediência sem questionamentos fizeram mal a nós.
— Hoje não vão à aula, podem ir dormir e descansar, por enquanto não se preocupem com nada.
Eu e Marcele levamos as crianças para os quartos e logo todas já estavam dormindo. Agora é hora de me resolver com Edgard, ele ficou pacientemente sentado no sofá falando pelo celular, me sentia mal por ter escondido a verdade dele, mas foi uma idiotice minha já que ele provavelmente sempre soube.
— Quando descobriu?
— Há mais ou menos três anos, Hugo pediu para investigar no Rio de Janeiro, um amigo de negócio me disse que logo iria pedir minha permissão, então resolvi eu mesmo investigar. Foi uma surpresa descobrir que você era a esposa dele que fugiu, não podia deixá-lo entrar aqui por isso quando quis investigar no meu território eu não permiti, quando insistiu procurei seu sogro, contei a ele o que havia descoberto e o senhor Assis simplesmente impediu o filho de vir atrás de você.
— Espere um pouco: o senhor Assis sempre soube onde eu estava?
Edgard confirmou com um aceno de cabeça, meu sogro percebeu o que estava acontecendo a cinco anos atrás, diferente do filho que até hoje não entendeu o motivo de eu ter ido embora.
— Eu preciso descansar, essa madrugada foi horrível, estou realmente exausta. Vou para cama, imagino que Gregório e Hugo darão sossego pelo menos até irem embora.
— Não está chateada comigo? Bom, pensei que estaria depois de não ter dito que sabia da sua verdadeira origem.
Preciso concentrar minhas atenções em outras questões mais importantes, ficar brigando pelo passado é inútil, Edgard foi meu amigo e isso que importa no final.
— Não, você é meu amigo, se errou, sei que foi com a intenção de acertar. Edgard, vou dormir, depois conversamos, estou realmente cansada. Muito obrigada pela ajuda, ficaremos bem.
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A Chance - A Organização Livro 2
ChickLitPensei que depois do engano teria uma chance de ser feliz com a mulher que sempre amei. Estava enganado, na Organização se é cobrado pelas falhas cometidas de uma maneira ou de outra, jamais um erro pode ser perdoado, ainda assim não vou desistir de...