A Chance - A Organização Livro 2

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Maurílio

Horas antes

Novamente estou aqui na porta da casa de Gusmão, o lugar parece mais um forte do exército protegido 24 horas por dia, o próprio desgraçado do Gusmão escalou os melhores para cuidar da segurança de sua casa. Irma não sai muito, as poucas vezes que saiu foi acompanhada por Gusmão junto com meus filhos, o que me deixa irritado é perceber como parece ter aceitado tão facilmente Gusmão depois de todas as ofensas, meu meio-irmão se tornou um escroto com ela por influência de Jorge.

Os dois parecem ser um casal feliz, eu sei a verdade, esse casamento é uma bela faixada, Irma quer fugir de qualquer possibilidade de aproximação comigo, o fato de Mirela estar no meu caminho não é um motivo válido para me manter longe, e Irma sabe muito bem disso. Vejo Irma com Adélia e nosso filho, está olhando na direção do meu carro, ela sabe que venho aqui todos os dias.

Ela se aproxima com um segurança ao seu lado como se fosse um estranho que está ameaçando sua “felicidade” com sua linda família, posso até não a ter por conta dessa droga de casamento de faixada, porém não vou deixá-la ser feliz com o maldito do Gusmão. Serei uma pedra no caminho deles enquanto não conseguir me livrar de Mirela e do filho dela, Lucas se mostrou um grande traidor, agora é o principal aliado daquela mulher para tornar minha vida complicada.

Saio do carro esperando Irma com meus filhos, sorrio por estar tão perto dela depois de tanto tempo, ela ficou o jantar inteiro na casa do seu irmão fugindo de mim estando ao lado de Gusmão, quando percebi que meus filhos estavam sozinhos, fui até meu menino o pegando no colo, ele não me estranhou somente quando viu a mãe não quis ficar comigo.

— Maurílio, quando vai parar de vir aqui? Gusmão ainda não mandou matá-lo por conta da sua posição como líder da família Rossio, precisa esquecer de mim e dos meus filhos, você tem uma família e deve focar sua atenção somente neles.

— Vocês também são minha família. Não posso me preocupar com meus filhos e com a minha mulher? Gusmão não é um homem de confiança, e sabe muito bem disso, aproveitando, ele está tratando bem você e nossos filhos?

Irma continuou séria. Se esse infeliz estiver tratando mal meus filhos ou ela, não vou me importar com o fato dele ser tão bem-quisto na Organização e vou matá-lo.

— Isso não é da sua conta, Maurílio, estou tentando recomeçar, você deveria fazer o mesmo, Mirela é a mulher perfeita para você, cruel e egoísta, agora pare de vir até a porta da casa de Gusmão para criar esse clima de tensão, não vou ficar presa dentro de casa por causa de você.

— Não, Irma, você não vai se livrar de mim facilmente, temos um filho juntos, Adélia é minha filha perante a lei portanto não pense que poderá se esquecer de mim, um dia vai acordar dessa palhaçada com Gusmão, espero que seja logo, Irma, seria realmente triste você ficar viúva antes de estar casada.

Não sou um homem de fazer ameaças vazias, esse casamento não vai acontecer, sou capaz de tudo para evitar que a mulher que amo se una a um desgraçado como Gusmão.

— Já percebi que não adianta falar com você, está louco, só sei que não vou mais fugir. Não devo nada a ninguém e vou me casar com Jorge quer você queira, quer não.

Ela virou as costas sendo escoltada pelo segurança, vejo Gusmão no portão observando tudo como um vigia permanente, um carcereiro esperando por sua prisioneira, não confio nele e sei que vai se revelar o grande desgraçado de sempre. Resolvo sair daqui, não vou desistir da minha família, no entanto não é o momento de confronto, estou sozinho e muito vulnerável.

Chego em casa sendo recebido pelo silêncio, estou feliz com isso, graças a Deus não estou tendo o desprazer de encontrar Mirela e Lucas sussurrando e rindo pelos cantos como se estivessem planejando algo contra mim. Com a prova de que Lucas é meu filho podem muito bem me matarem para colocar o garoto no meu lugar mesmo sendo menor de idade. Vou para o meu escritório como sempre faço, é uma rotina já que não confio em dormir no meu quarto ou até mesmo ficar dando brechas para ser morto pelos dois desgraçados que vivem aqui.

Ao abrir a porta encontro Mirela sentada na minha poltrona, as luzes se acendem de maneira automática assim que a porta é aberta, quando penso em repreendê-la percebo que está com o pescoço cortado, há sangue espalhado por toda minha mesa, me aproximo sem tocar em seu corpo para evitar deixar impressões digitais, não há vestígio de armas ou de luta, ela morreu sem resistência.

— MERDA! TINHA QUE SER MORTA DENTRO DO MEU ESCRITÓRIO, SUA VADIA? PORRAAAA.

Irma

— Por que foi falar com ele?

— Pensei que fosse óbvio: Maurílio pode muito bem entrar aqui e matar a todos nós, você duvida da capacidade e loucura dele, não se esqueça de quem ele é filho.

Queria tentar trazer Maurílio à realidade, foi à toa, na verdade, já que ele está obcecado. Não queria ir ao jantar pois sabia que iria fazer algo para me afetar, sabe bem que meus filhos são meu ponto fraco por isso o pegou nos braços insistindo que deveria levá-lo já que tinha seu sangue.

— Antes de Maurílio tentar algo, ele morre. Estou cuidando de tudo, Irma, precisa confiar em mim.

— Se tratando da preservação da minha família, eu só confio em mim e em Deus. Jorge, não confio em você, imaginei que soubesse disso, a pior fase da minha vida foi vivida estando aqui no seu território, estar morando nesse lugar só me traz lembranças horríveis.

Os empregados, soldados e outros funcionários se assustaram ao me ver aqui, descobri o que Jorge fez, colocando pessoas para me vigiar, já desconfiava, no entanto, foi horrível saber o que fazia. Das ordens preconceituosas que dava às empregadas e que designou homens para vigiar meus passos.

— Irma, você precisa entender meus motivos.

— Entendo perfeitamente, Gusmão, uma vagabunda como eu não merecia estar viva enquanto sua virtuosa esposa tinha morrido como uma meretriz. Minha filha não merecia ser registrada porque poderia ser de outro, não é, Jorge? Agora sei de toda verdade, na realidade, sempre soube, só queria acreditar que estava errada. Tudo poderia ter sido diferente se não fosse por sua influência, Vagner teria sido o homem por quem me apaixonei, e não um bêbado que me batia até por respirar diferente.

Ele não me engana, ninguém mais me ilude, a cada dia vejo que o melhor é ficar para o resto da vida sozinha, todos os homens são assim, acham que precisamos entender seus motivos, mas esquecem do que fizeram.

— Não quero viver mais como uma prisioneira junto com meus filhos. Essa faixada de casamento é uma grande bobagem, Maurílio não vai parar de me perseguir, e por mais que queira vê-lo com bons olhos, eu realmente não consigo. Lamento de verdade, pedi para a empregada arrumar minhas malas, Jacó vai me ajudar me deixando ficar na minha antiga casa.

— Não posso permitir que corra esse risco, Irma, Maurílio pode machucá-lá ou até ferir as crianças.

Ele não fará nada contra nós, Jacó irá garantir minha segurança, não iria ficar muito tempo aqui de qualquer maneira, não conseguiria permanecer nesse lugar. São muitas lembranças, e infelizmente nenhuma é boa.

— Ele não vai! Agradeço a ajuda, só que esse casamento não vai acontecer, foi um erro imenso pensar que poderia conviver com tudo que houve, ainda não consigo olhar para você e não me lembrar de cada agressão e ofensa sofrida por sua culpa.

Sei que Gusmão tentaria me impedir, e para garantir que não fará avisei o senhor Assis que estou voltando para minha casa. Os homens apareceram com minhas malas prontas, o carro que Jacó mandou para me buscar já está lá fora.

— Não tem nada que possa fazer para que mude de ideia?

— Não tem. Mais uma vez, obrigada por tudo.

Ficar aqui nunca foi uma opção, pensei que poderia usar essa história de casamento para impedir que Maurílio se aproximasse, só não contava que sua obsessão por mim é doentia e totalmente incontrolável.