Chapter 1

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Era domingo de novo e estava chovendo lá fora. Gotas atingiram a vidraça como o ricochete de um tiro. Andrew Minyard encostou a cabeça no vidro e observou a água se acumular em poças espelhadas no beco ao lado de seu apartamento. Eram 16h32 e Kevin já deveria estar aqui para buscá-lo. Não era típico dele não ligar se ia se atrasar. Andrew arregaçou as mangas do suéter cinza e tirou um único cigarro do maço verde e branco. Ele abriu a janela e deixou a sinfonia da chuva entorpecer seus sentidos enquanto acendia o cigarro e dava uma longa tragada.

Ele estava na metade do cigarro quando alguém começou a bater na porta. Andrew bateu a guimba no cinzeiro amarelo e foi atender a porta. Ele estava desfazendo a corrente quando mais três estrondos o assustaram. "Cristo," ele murmurou, principalmente para si mesmo. Ele puxou a maçaneta, meio que esperando que Kevin estivesse bêbado ou drogado, mas assim que ele abriu a porta, Kevin estava puxando um corpo flácido e sangrando através dela. Andrew tropeçou para trás quando Nicky e Aaron chegaram atrás de Kevin com uma mochila e um punhado de trapos ensanguentados.

"Traga-me o kit de primeiros socorros", Kevin ordenou para ninguém em particular. "Está embaixo da pia."

Aaron foi o primeiro a se mover. Andrew ficou paralisado perto da porta, observando Kevin colocar o homem ensanguentado sobre a mesa de centro. Ele estava inconsciente com um ferimento profundo na testa. Kevin estava segurando uma mecha de cabelo ruivo que estava pegajoso de sangue. Aaron voltou com o kit de primeiros socorros.

Nicky cutucou Andrew tirando-o do transe. "Azar no primeiro dia de trabalho", brincou ele, imperturbável pelo sangue do homem que pingava no tapete branco e limpo de Andrew.

"Esse é o cara que está atacando Riko?" Ele não parecia grande coisa para Andrew. Em primeiro lugar, ele era muito jovem. Andrew estava esperando alguém muito mais velho, não algum... Os olhos do homem se arregalaram enquanto ele ofegava de dor. Andrew sentiu sua respiração ficar presa, como se tivesse sido sugada de seu corpo por uma turbulência violenta. Lindo, ele não pôde deixar de pensar. Grandes olhos azuis como um céu de verão, um mar safira ou a caneca azul-celeste favorita de Andrew na cozinha. Aqueles olhos penetrantes vasculharam a sala desconhecida até pousarem em Andrew. Eles rolaram para trás até ficarem apenas na parte branca quando ele desabou novamente e começou a tremer violentamente.

"Que porra é essa?" Nicky correu para ajudar Kevin a virá-lo de lado. O homem de cabelos ruivos estremeceu sob seu aperto duro.

"Ele bateu a cabeça com muita força quando aquele cara bateu nele. Provavelmente é uma concussão", disse Kevin.

"Como você pode saber?" Andrew sibilou: "E se ele tiver epilepsia? Você sabe alguma coisa sobre esse cara?"

Kevin não respondeu, apenas pegou os curativos de Aaron e começou a enfaixar sua cabeça sangrando. Andrew não conseguia mais assistir. Ele se virou e voltou para o cigarro. Só quando foi reacendê-lo é que percebeu que suas mãos tremiam. Andrew geralmente não ficava nervoso assim. Ocasionalmente, ele sofria de pesadelos terríveis que o deixavam suando e se mexendo nos lençóis, mas quando a luz do dia voltava ele era capaz de controlar tudo sob um estoicismo frio que passava despercebido por todos ao seu redor.

"Neil!" Kevin gritou com ele, balançando levemente os ombros. "Acorde, cara. Você está bem."

Neil gemeu e mal abriu os olhos.

"Apenas jogue-o no pronto-socorro", Andrew retrucou para Nicky, que estava pairando sobre Kevin e o homem chamado Neil.

"Não podemos. Prometemos a ele que não faríamos isso", explicou Nicky.

"Por que diabos não?"

Foi Aaron quem respondeu desta vez. "Ele gosta de ser chamado de Neil, mas este é Nathaniel Wesninski."

Don't break the glass - AndreilOnde histórias criam vida. Descubra agora