Don't break the glass - Andreil

Chapter 19

Neil estava ausente há uma semana inteira.

Andrew já havia enlouquecido e não se preocupou em ir procurá-lo. Ele também não ouviu uma única palavra de Jean, apesar das cento e setenta e cinco ligações não atendidas que piscaram para Andrew na tela. Jean não retornou nenhum.

Até aquela noite... às 3h59, o telefone de Andrew tocou. Ele já estava acordado de qualquer maneira, incapaz de dormir no apartamento sem Neil. Andrew estava sentado no sofá, com o edredom vermelho caído sobre os ombros, olhando para a parede.

Nada importava, nada. Não sem Neil.

Ele pegou o telefone da mesa para gritar com Kevin por ver como ele estava novamente tão tarde, mas quando ele verificou o nome na tela suas veias congelaram.

Jean Moreau está ligando.

Andrew apertou o botão para atender e levou-o ao ouvido. "Olá?"

"Eu estou com ele. Vou levá-lo para o seu apartamento, mas ele vai precisar de um médico."

A voz de Jean ecoou nos ouvidos de Andrew.

Eu estou com ele. Eu estou com ele. Eu estou com ele.

Andrew pulou do sofá e desceu correndo. "A que distância você está? Ele está bem? O que aconteceu?" Tantas perguntas para as quais ele queria respostas, mas acima de tudo ele só queria ouvir a voz de Neil. "Deixe-me falar com ele."

"Ele está drogado, era a única maneira de tirá-lo de lá sem lutar. Agora me diga onde levá-lo. Você pode levar um médico para sua casa ou preciso levá-lo para outro lugar?"

"Quão grave são os ferimentos dele?" A voz de Andrew subiu uma oitava inteira.

Jean ficou em silêncio do outro lado da linha por um momento. O barulho do motor e o guincho das rodas ao fundo apenas indicavam a velocidade com a qual Jean dirigia. "É ruim," ele finalmente resmungou.

"Traga-o para mim primeiro."

Jean chegou à casa de Andrew em questão de minutos. Seu Jaguar preto bateu no meio-fio de um jeito que provavelmente arranhou os aros. Jean saltou do banco do motorista e correu pela porta traseira do passageiro. Ele a abriu e Andrew o empurrou para fora do caminho. Deitado de lado no banco de trás estava Neil. Seu cabelo ruivo era praticamente a única parte reconhecível dele. Seu rosto estava muito inchado e machucado, pior do que Andrew já tinha visto antes.

"Neil", Andrew gemeu, passando a mão suavemente pelo lado menos machucado de seu rosto.

"Não, não, não, não..." Neil gemeu, com os olhos ainda fechados.

Andrew não sabia se ele conseguiria abri-los. Ele se virou para olhar para Jean com olhos aterrorizados. Jean tinha a aparência de um homem que esteve na guerra. Seus olhos distantes, lábios franzidos com força e mãos cerradas em punhos. Andrew percebeu imediatamente o que isso significava para Jean estar aqui agora. O que ele deve ter feito para trazer Neil para casa.

"Você o tirou de lá sem Riko saber?"

Jean olhou para Neil. "Esta é a última vez", ele sussurrou. "Eu... eu nunca fui capaz de amá-lo como ele merece. Acho que finalmente chegou a hora de parar de tentar."

Mesmo que Andrew odiasse Jean. A tristeza que ele sentiu ao ver aquela corda quebrando entre eles foi como testemunhar um acidente de carro. Ele não conseguia tirar os olhos dos destroços. Uma lágrima rolou pelo rosto de Jean e ele desviou o olhar, para qualquer lugar, menos para o julgamento astuto de Andrew.

"Ele precisa ir para Abby. Ela pode consertá-lo", disse Andrew, passando a mão gentilmente pelo cabelo ruivo de Neil novamente.

"Diga-me para onde ir, eu te levarei até lá."