Chapter 23

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Neil sentou-se perto da janela no banquinho em que Andrew costumava ficar para fumar. Seus olhos fixos e imóveis no vidro. O céu estava cinzento hoje.

Cinzento como os olhos de Jean. Esfumaçado e opulento. A aparência da água quando a primeira luz do amanhecer iluminava sua superfície.

Ele pensou nas últimas semanas e se perguntou como deveria ser para ele viver com Jeremy Knox. O príncipe arrumado e mimado que geralmente usava colônia Givenchy ou botas Prada provavelmente estava se virando com um moletom velho e surrado e um par de tênis de cano alto.

Estranho, considerando todas as coisas terríveis que Jean fez com Neil, ele sentia falta dele. Do jeito que velhos amigos costumavam fazer quando ficavam separados por muito tempo. Jean estava no Ninho desde que Neil foi levado para lá. Ele tinha sido um parceiro, um salvador, uma âncora para mantê-lo firme durante todas as tempestades de Riko.

Agora Neil não precisava mais dele. Ele poderia ficar bem sozinho. Bem, pelo menos bem ao lado de Andrew. Ele não iria se dar todo o crédito, mas Neil sabia que ele era durão. Mais resistente do que a maioria dos Ravens com quem ele cresceu. Eles estavam todos mortos agora.

Neil ainda estava vivo.

A porta da frente se abriu e Andrew entrou com um saco plástico na mão. Ele tinha ido até a bodega da esquina para comprar lanches e fumar. Seu cabelo loiro bagunçado pelo vento. Neil queria passar os dedos por ele. Seus olhos castanhos se fixaram nos de Neil quando ele fechou a porta atrás de si.

"Sentiu minha falta?"

"Sempre", respondeu Neil. E ele sentia. Ele poderia sentir falta dele para sempre, mais do que das canções de sua mãe, mais do que de Jean, mais do que de sua sensação de paz interior. Todos essas coisas eram preços bem pagos em troca de ter Andrew. Ele daria qualquer coisa por ele. Seja qualquer coisa... Não. Andrew não era Riko. Ele não precisava ser nada além de si mesmo. Velhos hábitos são difíceis de morrer.

"Trouxe um presente para você", disse Andrew, jogando um pacote de chicletes.

Canela. "Hmm, obrigado."

"Eu tenho que sair hoje à noite. Merda para fazer, Kevin para agradar. Você está bem ficando aqui sozinho?"

"Estou bem."

Andrew parou de descarregar a sacola de compras e olhou para ele. Ele estudou a figura curvada de Neil no banquinho com as mãos entre os joelhos.

"Todo mundo está ocupado esta noite, todos nós temos que sair. Eu... não há lugar nenhum... eu posso ficar, vou dar uma desculpa."

"Não", disse Neil. "Vá. Eu vou ficar bem aqui. Você não precisa se preocupar comigo. "

"Você é o único com quem me preocupo."

Neil bufou e pulou do banquinho. Ele foi até a cozinha e parou ao lado de Andrew. Ele se inclinou e pressionou os lábios em sua bochecha. Andrew parou com o contato e fechou os olhos.

"Eu não preciso ir."

Isso fez Neil sorrir ao dizer: "Sim, você precisa. Estarei esperando por você quando você voltar. Talvez usando suas roupas..." Neil se inclinou para beliscar a pele macia do lóbulo da orelha dele "... talvez nada."

Andrew gemeu com os olhos fechados e inclinou a cabeça para trás. "Porra."

"Você pode me colocar onde quiser. Nos seus joelhos. Curvado sobre o sofá. Você pode até me levar para tomar banho, se quiser."

"Estou prestes a levar você lá agora."

Neil podia sentir a hesitação nas pontas dos dedos de Andrew enquanto acariciavam seus antebraços descobertos. Polegares deslizando ao longo da pele, formigando enquanto avançavam. Neil endureceu em seu jeans e se inclinou para dar um beijo nos lábios de Andrew. Macio, quente e escorregadio de sua língua que estava ocupada traçando-o em antecipação. Então, de repente, Neil não estava mais no chão. Ele estava no balcão e Andrew desabotoava o cinto.

Don't break the glass - AndreilOnde histórias criam vida. Descubra agora