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MANU🦋

23 dias depois...

Estava eu no ônibus voltando da faculdade pensando nas coisas que tem acontecido esses dias. Meu pai e eu sempre fomos muito apegados, então acredito que ele tenha sentido a mesma falta de mim, o quanto que eu senti dele.

Portanto, faz quase um mês que eu não o vejo depois daquela conversa que a gente teve, e eu fico pensando:

Será que ele voltou por mim mesmo? Será que ele realmente se preocupa comigo? Ou tudo fazia parte do plano dele se aproximar de mim e do Kauan e assumir a favela do Jacaré novamente? Não sei e nem quero saber, deixa a vida fluir e a gente vê no que dá. O Lp é maluco e me deixa mais maluca ainda com essas noia dele, e eu fico aqui sem conseguir pensar, sem conseguir prestar atenção nas aulas da faculdade porque estou cheia de problema e não tenho a menor ideia de como resolver. O morro está com risco de invasão, por mais do acordo que o Lp fez com a polícia não é fácil controlar totalmente assim um batalhão cheio de políciais, a gente sabe que nem todos são corruptos e sempre alguma hora eles quebram o acordo e entram na favela e matam inocentes.
O Kauan foi com meu pai nessa loucura de matar o Kléber e eu fiquei aqui com as meninas e o Lp.

O ônibus para e eu olho pela janela e vejo que é meu ponto, chega levei um susto, fico aqui perdida nos meus pensamentos e imagina se eu perco meu ponto?

Eu estava sentada do lado de um idoso, que me tratou super bem, toda a viagem me respeitou, foi super educado.

Eu me levantei e na hora que eu passei por ele para descer do ônibus ele apalpou a minha bunda, eu o olhei indignada, aque filha da puta, quem esse velho acha que é?eu vi que o ônibus já ia sair, então eu apenas segurei meu ódio e corri para descer do ônibus, pois eu também não queria arrumar um escarcéu, mas eu já estava de saco cheio de tudo isso.

Desci do ônibus indignada e até chorei de raiva, mas passou, aquele velho trouxa não vai conseguir acabar mais ainda com o meu dia.

O ponto era bem próximo do morro, eu só tinha que literalmente andar por uns 10 min, mas o Lp fazia questão de ir me buscar, por algum motivo ele não veio hoje, ou pelo menos não chegou ainda, há eu não contei pra vocês né? Quando eu estava bêbada porque eu tinha bebido de mais como sempre isso não é novidade, diz ele que eu me declarei pra ele, mas eu sei que é k.o e que ele está aumentando, talvez eu possa ter chamado ele de gostoso ou algo assim que é bem minha cara, porque ele é mesmo, mas é foda porque eu penso nas meninas e não seria legal pegar o irmão da amiga né? Bom eu não iria gostar se fosse o meu, então pra mim ele só é um grande gostoso mesmo, e meu amigo, ele me trata normal, temos intimidade né, até porque nossa família tá sempre junta ou eu estou na casa dele ou ele está na minha, então os dois tem um carrinho pelo outro por mais que ele não demonstre, e 99% do tempo ele é frio, eu sei que no fundo ele me considera muito até porque se não ele não viria todos os dias que Deus deu com todos os compromissos que ele tem, me buscar depois da faculdade, mas ele nunca assumiria isso.

Eu estava andando quase na metade do caminho quando de longe reconheço a moto dele e vejo ele vindo na minha direção voado, porque ele só anda assim inacreditável, e parou a moto na minha frente.

Lp: Demorei, feiosa? - disse me passando o capacete.

Manu: Nossa, se acredita que eu até esqueci que você vem me buscar? - olhei sínica para ele.

Ele me olhou com aquele olhar mortal, cara chato pode nem brincar.

Manu: Tô brincando, mas eu te falo que não precisa me buscar, é tão perto do ponto.

No complexo do Jacarezinho Onde histórias criam vida. Descubra agora