As lágrimas de um milagre

Capítulo 9 - Linda, você estragou meu dia

Lar. Substantivo masculino. Lar é uma forma especial de se definir a casa ou os assuntos relacionados a ela, como a convivência com a família e os vizinhos. "Lar" pode ter uma conotação sentimental ou carinhosa.

- Ahhhh, bom dia Vida! Bom dia meu amor! - Falo beijando ele e com aquela voz preguiçosa de quem está acordando.  

Carlos ri. Ficamos abraçados e trocando carinho na cama um com o outro. 

- Quem é que faz aniversário amanhã hein? - Pergunto sussurrando no ouvido dele baixinho e dando um monte de beijos nele. 

- Hum amor, sou eu - Diz ele bem manhoso. - Adoro fazer aniversário, mas confesso que esse ano não penso em fazer nada. Ano passado foi um tumulto, deu uma briga enorme, nossa, não quero mais isso. 

Agradeço mentalmente, detesto lugar lotado. Eu tenho acompanhado ele em alguns lugares que ele gosta de ir, e não sou de reclamar nem de ficar de bico, se me proponho a estar em companhia, procuro tirar o melhor proveito dos momentos, mas confesso que um local mais tranquilo me agrada mais, contudo não falo nada, deixo ele fazer como ele acha melhor. 

- E eu, vou ganhar presente? - Pergunta ele rindo - Ou vou só ganhar um beijo e um eu te amo hein Linda? - Eu rio. É bem isso hoje em dia, a mulherada adora ser mimada mas não gosta de mimar. Ele não faz nem ideia, ainda vai saber, às vezes eu esqueço que só temos um mês juntos, e que parece que é uma eternidade, anos, devido a grande intimidade que já temos mas que não foi suficiente para ele conhecer alguns aspectos ao meu respeito, como por exemplo, eu não meço esforços para mimar, presentear e paparicar quem amo. 

- Claro que vai Vida, estou com uma ideia de presente pra te dar e quero ver se eu acho. Vou tentar. Daqui a pouquinho tenho uma reunião e mais tarde vou lá ver se eu consigo achar. - Respondi ele. 

- Vamos amor, vamos, para de me agarrar, você fica se aproveitando de mim mô, eu tenho que trabalhar, eu não vou mais pra loja, não consigo mais deixar você em casa - Responde ele me abraçando, sendo ele mesmo o responsável por não conseguirmos levantar da cama.

Depois de mais uma hora na cama, eu atrasada pra uma reunião e ele com um cliente na loja esperando, saímos para nossos compromissos. Dirigi duas horas, no engarramento típico de um dia útil no Rio de Janeiro, para a loja que eu esperava encontrar o presente que eu queria dar a ele, e obtive sucesso: Uma jaqueta de couro! Simplesmente LIN-DA!  Carlos é um cara que gosta de coisas boas mas não faz questão de ostentar e já observei que não se preocupa em gastar consigo próprio, até prefere não fazê-lo e ama Rock, mas com seu 1,80m de altura e hábito de andar de jeans, um jaquetão de couro com uma blusa branca e uma bota, fecharia o estilo completo de um homem esportivo e muito bem arrumado, e eu, iria amar esse homem ao meu lado! Conclusão? Jaqueta comprada! Barato? Não! Vale? Sim, com certeza! 

Dirijo de volta para casa pensando, ou melhor, casa dele, contudo, como posso explicar que sinto que aquele lugar é meu lar? Olho para aquela casa com uma doçura, com um carinho, sou completamente apaixonada pelo lugar e amo quando ele sai pra trabalhar e eu fico na varanda com meu notebook e olhando as árvores, a paisagem, o lugar é simplemente fantástico. Carlos por sua vez não me deixa ir embora, já me pediu pra ir de vez com meus filhos pra lá, e eu tenho muita vontade, mas estou apavorada, com medo, quero muito mas sinto que estamos acelerados demais, mas o que fazer para freiar? Eu não estou conseguindo fazer isso e se eu for sincera, nem quero. 

Chego na nossa casa (sim, no meu lar) e aviso a ele pra vir logo. Ele manda eu me arrumar pois vamos sair e começar a comemorar o aniversário dele. É quinta feira e sei que chegaremos tarde, isso é um problema pra mim, ele consegue flexibilizar seu horário porque a loja é dele mas eu não consigo essa facilidade e chegar tarde reflete em um dia de trabalho ruim e isso não é legal pra mim, mas que mal tem né, aniversario dele, não é sempre. Me arrumo e espero ele chegar.