Capítulo 14 - Eu falo com quem eu quiser!

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ArrependimentoSubstantivo masculino. Pesar ou lamentação pelo mal cometido; compunção, contrição.  Sinônimos: pesar, atrição, compunção, contrição, desgosto, lamentação, metanoia, pena, penitência, pungimento, reconsideração, remorso. 

Por quanto será que seria vendida uma pilula que nos fizesse voltar no tempo e mudar atitues e decisões que tomamos no passado? Será que um dia iremos poder de fato voltar no tempo ou, como diz aquele versículo bíblico que eu ja ensinei tantas vezes: "Todas as coisas coorperam para o bem daquele que ama ao Senhor" posso entender que precisamos apenas crer que no final dos processos tudo se encaixa? Eu não sei, estou completamente desnorteada agora enquanto eu arrumo minhas coisas da casa do Carlos depois dele ter batido a porta gritando que me queria fora daqui. 

Foram 45 dias desde que ele havia me feito o tal pedido para fazermos um menage juntos e foram os 45 dias de decisões que só me levaram para um abismo que não consigo mais sair. Eu não consigo sequer falar, só sei chorar, se isso não é uma traição, eu não sei mais o que é. Carlos me cobra tantas coisas, exige muito como homem, respeito, devoção, obediência absoluta eu diria, mas ele como um homem para uma mulher é terrível, não faz ideia do papel dele, ele tem um egoísmo tão perverso que beira a crueldade. 

Enquanto dobro minhas blusas e enfio elas na mala, meio no automático, lembro do dia que conhecemos Patricia naquele bar, deixei ele a vontade para escolher quem ele queria, mas nós tinhamos brigado, a coisa já havia começado errado. Eu sentia que aquilo não acabaria bem, eu não deveria ter cedido a isso se eu nem estava com vontade naquele dia. A menina era bonita, estranhei a facilidade com que ele conseguiu fazê-la aceitar, já que havia acabado de nos conhecer, mas deixei a coisa acontecer contudo estranhei quando ele sentiu ciumes dela na saída do bar. Como assim ele sente ciumes de uma mulher que acabou de conhecer se eu, que sou mulher dele, não costumo dar esse tipo de problema quando saímos. Eles estavam discutindo por ciumes e a menina se explicando pra ele, que coisa louca é essa? E no Motel? Eu ja desisti ao entrar naquele quarto, tinha alguma coisa gritando dentro de mim que aquilo estava errado, eu entrei no banho 3x porque estava com uma sensação que estava suja, Carlos estava irritado comigo, brigamos no banheiro mas me envolvi naquilo mesmo assim. Fiz, prometi a ele que faria e fiz. Deitei, eu estava mal, deitei e fiquei um pouco quieta, eu queria ir embora, ele sabia, eu disse que não queria dormir com ela ali, mas quando ele achou que eu estivesse dormindo, transaram os dois e quando eu olho, eu o vejo beijando ela. Não, tinha alguma coisa errada ali, eu já havia feito aquilo antes, aquilo não era trio, tinha muita intimidade naquele sexo, e não deu, eu pedi pra ir embora e ele não aceitou me tirar dali. 

Não, não, não... acabou mal como eu imaginava. Explodi. Terminou em briga, eu perdi a cabeça, brigamos feio e no fim, ele defendeu ela. Só lembro dele falando pra eu me acalmar e eu irritada. Larguei eles dois naquele lugar e vim embora sozinha. Quase bati de carro. No dia seguinte, Carlos estava transtornado comigo e, ao voltar pra casa dele, pego ele conversando com ela no telefone. Pronto! Mais briga. "Eu falo com quem eu quiser" gritou ele pra mim, "e vou falar com ela quantas vezes eu quiser". Não deu, eu não sou idiota, aquilo não era menage, não deu. Ficamos brigados e aquilo durou uns dias. 

Mais uma vez deixei passar, viajei, fui ver minha família na Região dos Lagos, ele foi me procurar e me pediu novamente um trio, dessa vez com um homem. Queríamos tirar a má impressão, nos reconectarmos novamente, outra péssima decisão. Como se reconecta com esse tipo de coisa? Não tem como. Aquilo terminaria mal, como eu pude achar aquilo uma boa ideia? Ele escolheu novamente a pessoa, fomos para outro quarto com um cara dessa vez, e eu? Senti nojo novamente, muito nojo. Foquei nele, não tirei os olhos dele, fixei meu olhar nele o tempo todo e tentei a todo momento imaginar que aquele toque era do Carlos em mim. Consegui? Sim. Brigamos? Não. Mas e depois? O comportamento dele foi mudando cada vez mais nessas últimas semanas. 

As lágrimas de um milagreOnde histórias criam vida. Descubra agora