Esgotamento. Substantivo masculino. Ação ou efeito de esgotar ou esgotar-se: o esgotamento de um rio. Perda das forças físicas ou mentais: morrer de esgotamento. Excesso de cansaço; exaustão: esgotamento do corpo. Escassez de possibilidades; empobrecimento: esgotamento de minério.
Estou eu caminhando pela orla da praia do Cais de Ilha Grande, conversando com Janaína já voltando para o hotel preparar as coisas para ir embora, não tem nem 24h que tudo aconteceu e eu ainda sigo meio anestesiada com tudo que se tornou meu passeio por essa ilha. Janaína tenta me animar, mas saber que tive uma pessoa tão proxima a mim assistindo tudo isso só deixa a minha vergonha ainda maior.
Meu telefone toca e atendo meio no automático.
- Alô? - Falo baixo.
- Linda? - Falou a voz do outro lado gelando tudo por dentro de mim. Só ouvi essa voz uma única vez na vida, não observei o número que me ligou ao atender mas me recuso a acreditar nisso, é coisa da minha mente.
- Sim, sou eu, Linda. Quem está falando? - Pergunto tentando disfarçar minha voz trêmula. Minha prima percebe que que algo de errado aconteceu e para de disfarçar a preocupação.
- O que foi Linda - Pergunta Janaína pra mim ao mesmo tempo que ela me responde.
- Sou eu Linda, Patrícia, você sabe muito bem quem está falando, eu quero falar e agora você vai me ouvir. Na hora que você quis me mandar mensagem você mandou, então ouça o que eu tenho pra falar que você não sabe é de nada que aconteceu. - Falou com uma arrogância que vim a perceber ser uma característica dela. Eu fiquei sem ação. - Você sabe muito bem que eu estou na vida do Carlos a muito tempo e só se for muito burra para acreditar que eu conheci ele naquele dia no bar. Foi tudo combinado, tudo foi com-bi-na-do. Eu já estava com ele a muito tempo. Ele sempre largou você pra ficar comigo, sempre. Lembra daquele dia no Brasileirão? Lembra? Que vocês foram embora? Ele te largou em casa pra ficar comigo, pegou seu carro e veio pra minha casa ficar a noite toda comigo e nós transamos no seu carro. Ele nunca gostou de você, você sempre foi uma qualquer, ele sempre te largou pra ficar comigo e agora ta com essa palhaçadinha de foto no Whatsapp, mas eu vou te dizer umas coisinhas que você não sabe. - disse ela para uma mulher muda e completamente impactada com tudo aquilo que estava ouvindo. O golpe veio e veio dolososo, quanto mais eu acho que não pode piorar, piora.
O mundo voltou a passar em câmera lenta novamente. Eu fui perdendo as forças, me sentei na beira da praia novamente enquanto Janaína, percebendo o que estava acontecendo porque Patrícia gritava, decidiu me deixar ali na ligação e ir pro hotel me esperar. Eu não imaginava que a situação pudesse piorar. Aqueles foram os 48 minutos mais longos da minha vida, onde pouco falei e muito ouvi. Mas eu preferia de verdade era não esta mais respirando. Meu mundo tinha acabado e eu estava sem forças para continuar. O que fazer para não viver aquele momento? Tentei tirar minha mente daquela situação e acabei lembrando de um filme que vi quando era mais nova, o Click com Adam Sandler. Ele vivia um personagem que, com um controle remoto, ele acelerava os momentos que ele entendia serem chatos e avançava para as fases onde ele obtinha o sucesso que almejava. Eu na época não tinha a maturidade de hoje e pensei - Que besteira, como é bobo, a vida é tão maravilhosa, porque não vivê-la? - e hoje eu entendo que, se eu tivesse esse poder, eu faria isso agora, pois viver e ouvir tudo isso só está servindo para gerar em mim um desejo de morte tão grande que eu não estou sabendo o que fazer.
Patricia narrou com riqueza de detalhes inúmeras situações onde Carlos mentiu pra mim para estar com ela. Ela sabia de dias e horários. Ela deu detalhes. Era impossível dizer que ela estava mentindo, e o pior, ela sabia de detalhes intimos sobre mim e minha família, meus filhos, meus problemas pessoais que eu desabafava com Carlos por confiança, parceria, consolo. Isso doeu demais. Mas o pior, o mais terrível daquele monólogo, era a forma como ficou clara na voz dela e na forma como ela falava a raiva que ela tinha de mim e a forma prazerosa como ela se colocava entendendo que era superior e me colocando numa situação de humilhação. Eu percebi. Ela me ligou pra me humilhar e ao fim ainda fechou seu discurso dizendo:
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As lágrimas de um milagre
Spiritüel- Mas Vida, é seu aniversário, não vamos passar o dia juntos? - O perguntei - Eu não sei o que vou fazer, acho que vou ver se faço alguma coisa com os meninos - Disse ele ríspido. - Você não quer passar comigo? - Falei já com a voz trêmula. Era o d...