Capítulo 11 - Ele não veio comemorar seu aniversário contigo?

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Prioridade. Substantivo feminino. Condição do que é o primeiro em tempo, ordem, dignidade. Possibilidade legal de passar à frente dos outros; preferência, primazia.

Os dias tem passado rapidamente. Eu e Carlos estabelecemos para nós uma rotina. 

A convivência tem sido diferente. A melhor parte é quando estamos com nossos filhos juntos, é marvilhoso ver a casa cheia, as crianças implicando umas com as outras, eu fico exausta mas fico muito feliz, me sinto realizada. Cada um, tanto os meus quanto os dele, tem uma persolidade e demanda de nós uma atenção diferente, mas fico tão feliz, me sinto tão privilegiada de poder ter eles todos reunidos conosco. 

Essa semana fomos viajar, eu, ele e nossos amigos, e como nos divertimos em Paraty. Quase não fomos, quase, brigamos mais uma vez e eu não quis ir, mas no fim, Carlos me convenceu e valeu a pena.  

Meu aniversário está chegando, já é amanhã, meus filhos foram para Região dos Lagos ficar uns dias passeando e eu, com uma demanda grande de traballho, dando aulas presenciais, não conseguirei estar com eles no meu dia e isso está me deixando angustiada. 

As coisas estão estranhas e eu não tenho com o que comparar. Ao mesmo tempo que eu amo a rotina que tenho com Carlos, nossos momentos, nosso carinho, observo nele um comportamento estranho... Tem vezes que vejo que ele faz questão e ama estar comigo, mas tem outras vezes que surgem brigas repentinas, ele me afasta propositalmente e parece que preciso sempre ter cuidado com o que vou falar ou fazer. 

Todas as brigas são permeadas de términos, a insegurança está começando a crescer em mim e eu não gosto desse sentimento, a todo momento tenho medo dele jogar tudo pro alto e quando estamos bem e conversamos, ele simplesmente diz que eu não tenho que considerar as coisas que ele fala nas vezes que está estressado e que jamais tenho que ir embora, preciso persistir e permanecer ao lado dele. 

Mas como? Ele me olha com raiva, fala coisas que magoam. Como ignorar o que fala o homem que eu amo? Como ignorar as vezes que ele me expulsa da nossa casa? Ou seria da casa dele? Não sei mais o que pensar. Quando estamos bem, é "nossa casa", "nossa família", "nosso amor", "meu recomeço". Quando a casa não foi limpa da forma como ele gosta, quando meu temperamento teimoso vem a tona, quando administro meu pagamento de uma maneira não adequada, quando não faço a devida manutenção no meu carro ou quando eu cometo qualquer outra atitude que ele entende que é errada, ele grita e me expulsa daqui. Será que sou tão ruim assim a ponto desses defeitos serem motivos suficientes para ele jogar tudo pro alto? É esse amor que temos?

Dói. Isso ta repetitivo, mas dói. Dói porque pra mim, não importa o que aconteça, ele sempre será meu Lar e essa é a casa da nossa família. Carlos não faz ideia mas eu jamais desisto da minha familia, eu só abro mão se isso estiver custando a minha vida, e mesmo assim, precisa ser ao ponto de eu não aguentar segurar as pontas de verdade. 

- Oi amor, cheguei - Fala Carlos, me tirando dos meus pensamentos enquanto eu estou deitada de robe esperando ele - O almoço está pronto? Não consigo demorar hoje porque a loja está cheia. Não deveria ter vindo, toda vez que venho eu não consigo ir embora rápido, acabo ficando aqui contigo e me atraso. 

- Ta sim Vida, estou só esperando você pra gente comer - Respondo sorrindo o beijando - Vamos comer rapidinho então e da tempo de te da um beijinho antes de você ir.

- Ta vendo, la vem você com esse negócio de beijinho amor, já já você me agarra e não me deixa ir embora - Nós dois rimos. 

Nessas horas eu olho pra ele e penso o quanto essa rotina é deliciosa, eu passaria o resto da minha vida ao lado dele. Amo. Simplesmente amo. Amo esperar ele para almoçar, essa correria entre uma reunião minha e os clientes da loja dele. Os show que vamos juntos e nos divertimos como se não houvesse amanhã. Todos tem defeitos, preciso colocar isso na minha cabeça e tentar me adequar aos dele. Se eu conseguir suportar essa bipolaridade que às vezes bate a porta sem explodir, conseguiremos viver bem, o problema é se eu explodir, daí será que ele terá comigo a mesma paciência que eu tenho com ele? Não sei e sinceramente, espero não precisar saber. Eu também não sou calminha. 

As lágrimas de um milagreOnde histórias criam vida. Descubra agora