Nebula Negra ㅤ• Vᴏʟᴛʀᴏɴ

Capítulo 7. Lembranças Dolorosas

Naari conduziu Shiro para um planeta remoto e desolado. Enquanto iam para o local, Shiro pôde testemunhar a incrível habilidade de teletransporte da Leoa Púrpura, que os trouxera ao planeta. Apesar da desolação, o planeta ainda possuía vestígios de beleza, como uma cachoeira que ecoava em meio às rochas e algumas vegetações sobreviventes que cercavam uma lagoa tranquila.

Naari desceu da Leoa e se acomodou em uma grande rocha, convidando Shiro a fazer o mesmo. O ambiente era silencioso e sereno, proporcionando um momento de respiro após a intensa batalha. Sentados lado a lado, eles compartilharam um momento de tranquilidade em meio àquela paisagem apocalíptica, permitindo-se uma pausa para a reflexão e a recuperação.

Naari pegou a água da lagoa para limpar o ferimento em seu rosto e o secou com um pedaço de tecido, Shiro, ainda preocupado, não conseguiu conter a pergunta que estava em sua mente.

ㅤ─ Naari, por que você nos trouxe até aqui? Não poderíamos conversar na nave em um local mais seguro? – indagou ele, buscando compreender o motivo de estarem naquele planeta devastado.

ㅤ─ A nave é cheia de câmeras... não queria que ninguém nos escutasse. Bem, eu percebi que não vou conseguir esconder mais esse segredo, algum momento minha forma vai ficar instável e vou mostrar a minha forma real.

Shiro, sentindo a ansiedade aumentar, desviou o olhar para a água da lagoa. No entanto, uma surpresa inesperada o aguardava. Naari, ao seu lado, começou a se transformar lentamente em uma forma assustadora. Sua pele tornou-se escamosa, e o que uma vez foi cabelo agora se assemelhava a placas de escamas. Pequenos chifres surgiram em sua cabeça, acrescentando uma aura de majestade à sua forma alterada, que era muito semelhante à Zarkon.

O súbito susto tomou conta de Shiro, e o espanto o fez se levantar apressadamente. Instintivamente, ele ativou o braço mecânico no reflexo, preparando-se para qualquer eventualidade. Com cautela e medo, Shiro começou a se afastar de Naari, sua mente cheia de questionamentos e incertezas sobre aquela transformação surpreendente.

ㅤ─ Eu sabia... Dahara.

ㅤ─ É, é, eu sou a Dahara, e eu acho que a Allura é o Coran também sabem disso. ─ Ela não olhava Shiro, ficou calma olhando a água cair no lago. Ele não representava nenhuma ameaça para ela. ─ Eu sinto muito por ter escondido essa informação de vocês, mas achei que ficariam assustados e me prenderiam na nave... Shiro eu ainda sou a Naari, não represento nenhuma ameaça para vocês ou para a equipe por que eu já fiz parte dela, eu sei como é a dinâmica e toda a confiança envolvida. Mas pra isso funcionar precisamos confiar um no outro, e eu confio em você.

Naari, Dahara, virou para Shiro e estendeu a mão para ele, o chamando para se sentar ela virou o corpo na direção dele e cruzou as pernas.

ㅤ─ Eu vou te contar tudo hoje... eu prometo que não vou esconder nada.

Shiro respirou fundo e desligou sua prótese, olhando as enormes mãos de Dahara e se aproximou dela, segurando ambas as mãos e se sentou em sua frente, visivelmente ele era muito menor que ela, ele tinha cerca de 1.88 de altura e ela seus 2.30, parecia uma criança perto dela.

ㅤ─ Vamos respirar fundo, e fazer uma meditação, precisamos entrar em sincronia para compartilhar o plano astral.

ㅤ─ ... Ok. Desculpa eu... ainda tô meio assustado. ─ Ele soltou uma risada nervosa e observou as mãos dela. ─ Sinto muito por não ter te dado confiança o suficiente para não nos contar antes...

ㅤ─ Eu te entendo, e eu espero uma desconfiança sua agora, mas eu prometo que vou te mostrar que eu sou confiável.

Shiro dava visiveis sinais de que estava com medo, mas tinha que enfrentá-los agora, sabia que precisava ser maduro e confiar em Dahara, ou Naari, estava confuso para ele. Segurou as mãos dela e ela colocou ambas de suas mãos na cabeça dela, calmamente e abriu os olhos o encarando com uma expressão inexplicável, parecia tristeza e misericórdia, não dava para saber. Ela esperou um tempo e colocou as mãos na cabeça de Shiro em seguida, ambos fecharam os olhos, entrando em um transe como uma meditação.