Golden boy 《Jungkook》

46: Memórias

Valerie

Estou arrumando as malas quando Jungkook entra no quarto e senta na cama bem ao lado de onde algumas das minhas roupas estão jogadas. Vamos passar 5 dias na casa de campo da vovó e estou tentando decidir quais peças levar. Jimin e Yoongi foram embora não faz muito tempo e Jungkook se ofereceu para lavar os pratos, então aproveitei para arrumar minha bagagem.

— Aconteceu alguma coisa?

Pergunto após ele passar alguns minutos em silêncio apenas observando enquanto dobro as roupas. Os olhos de Jungkook dizem muito; são galáxias cheias de estrelas que não conseguem esconder o que se passa atrás deles.

— Meus pais mandaram mensagem, os médicos estão animados com a evolução dele.

— Isso é incrível.

Mas Jungkook não parece feliz.

— O plano é dar alta daqui a 7 meses — Ele mexe as mãos de forma nervosa. — Não vou ter coragem de sair da boate quando falta tão pouco para ele acabar o tratamento, mas ao mesmo tempo não consigo imaginar mais 7 meses naquele inferno.

Pressiono os lábios numa linha enquanto sinto meu coração afundar, é uma decisão difícil a ser tomada e mal sei qual seria menos dolorosa para Jungkook. Se o pai dele tiver uma recaída por não terminar o tratamento sei que Jungkook irá se culpar mas permanecer na boate também vai lhe trazer uma onda de culpa.

Eu gostaria de ser uma criatura mágica capaz de conceder desejos e fazer tudo ficar bem, no entanto, sou apenas uma jovem tentando desesperadamente ajudar o homem que ama.

— Eles poderiam tentar um empréstimo com o máximo de prestações possíveis, eu tô procurando um emprego e você também logo vai conseguir um, podemos ajudar a pagar.

— Meu pai não trabalha mais e minha mãe só tem um emprego de meio período porque passa o resto do dia com meu pai, o banco jamais aprovaria crédito para eles.

Jungkook enterra o rosto nas mãos e solta o ar de maneira lenta, seus ombros caem e ele tem um olhar derrotado quando finalmente me encara.

— O que me resta é aguentar mais 7 meses, pelo menos agora sei quando vai ter fim.

— Mas a Beatrice está cada vez pior — sento ao seu lado e tomo suas mãos mas minhas. — Nós...

— Eu posso conviver com a culpa de deixar que os clientes me toquem mas não vou conseguir suportar se meu pai morrer porque não pude pagar o tratamento — Jungkook entrelaça nossos dedos.

Não digo nada, duvido que seja capaz de convencê-lo do contrário, então apenas o abraço apertado e desejo que o tempo passe mais rápido. Jungkook me segura por longos minutos antes de se afastar e dar um beijo na ponta do meu nariz.

Um pensamento me ocorre mas balanço a cabeça e deixo para lá voltando a arrumar a mala, prometi que não mentiria mais para ele e não pretendo quebrar essa promessa.

***

Meus pais chegam para nos buscar na hora exata, colocamos nossas malas no carro e Jungkook vai sentado no banco de trás junto comigo. Ele segura minha mão durante todo o trajeto e eu sorrio vendo como ele se dá bem com meu pai.

Minha mãe conta histórias de quando eu era criança e Jungkook também se abre sobre como foi sua vida em Busan, esses pequenos momentos são algo que nunca pensei que nós dois iríamos ter. Parecia tão improvável que qualquer um dos dois fosse realmente se apaixonar e escolher viver isso e apesar do medo de acabar com o coração partido sei que não vou me arrepender dos momentos felizes que passamos juntos.