Capítulo 7

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Capítulo 7

Ana sabia que não tinha mais forças de lugar nenhum, mas Christian estava lá, lhe incentivando a continuar, a todo momento, mesmo de frente para ela, ainda esticava a mão apenas para que a garota apertasse, sem se importar que já estava o machucando.

_ Eu consigo ver a cabeça daqui - a voz da médica se sobressaiu em meio aos esforços e cansaço de Ana.

Só mais um pouquinho.

Só mais um pouco e ela poderia olhar para aquele bebê que vinha lhe causando sentimentos confusos e chutinhos fofos nos últimos meses. O bebê que havia mudado tudo dentro de Ana, a virado de cabeça para baixo, e ainda assim ela não conseguia mais evitar o fato de que estava desesperada para ver seu rostinho, ouvir seu choro, segurar em suas mãozinhas.

Naquele momento Ana não conseguia pensar em mais nada a não ser tocar naquele bebê, não conseguia pensar em como ele logo não estaria mais com ela, em como sequer deveria cogitar segura-lo.

Ela só precisava dele como precisava de oxigênio naquele instante.

_ Aaaah - ela gritou uma última vez, empurrando quando a contração veio ainda pior que todas as outras.

E como num estalo, como mágica, tudo parou, a dor, os esforços, as contrações, seu corpo pesado... tudo parou quando o bebê repousou nas mãos de Christian.

Ana recostou a cabeça contra a cabeceira da cama, tentando puxar ar para os pulmões, mas quando o silêncio continuou se perdurando, sua mente e seu corpo entraram em alerta.

_ Por que ele não está chorando? - sua voz saiu rouca com a garganta machucada de tanto gritar e se esforçar, mas nada importava, nada sobressaia o desespero que de repente a possou quando Christian  parecia tão nervoso, com o bebê de barriga para baixo.

_ Coloque ela de cabeça para baixo, esfregue suas costas até a nuca, está tudo bem, pode segura-la pelos pés - a médica instruiu apressada.

Ana sequer conseguiu processar o gênero que a médica estava usando, seus olhos vidrados nas mãos de Christian, seu coração batia errado e forte, tudo doía de forma emocional agora.

_ Christian... - murmurou baixinho e entrecortado.

Agarrou o lençol da cama entre os dedos, se impedindo de querer ir até o outro e arrancar o bebê de seus braços, dar um jeito de obrigar o bebê a respirar. Porque ele precisar respirar. Precisava respirar porque se não Ana não conseguia respirar. Precisava desesperadamente que ele aquele bebê puxasse ar para os pulmões para que Ana voltasse a fazer o bebê.

Foram segundos, ela sabe que foi, mas pareceu uma eternidade, e o ar que ela prendia sem sequer perceber, foi solto como um estouro quando enfim o cheio fino e agudo do bebezinho já roxo nas mãos de Christian foi audível.

_ Meu Deus... - Ana sussurrou em alívio, os olhos cheios de lágrimas.

Nunca imaginou que um choro tão esganiçado e ritmado fosse fazer seu coração voltar a bater certo, fosse levar oxigênio abundante para seus pulmões da melhor forma.

_ Eu... - ela engoliu, ainda com dificuldade para falar. - E-le está bem?

Christian ainda não parecia propenso a conseguir formar uma palavra e muito menos uma frase, muito atento ao que a médica lhe dizia para fazer. Glampeou o cordão umbilical e o cortou, tomando cuidado e a mão tremendo enquanto segurava a tesouro, nunca sentiu tanto medo de fazer algo errado em sua vida. O bebê desatou a chorar e não parava mais, e o que antes foi um alívio, agora começava a preocupar, o corpinho coberto de sangue e verniz antes com a pele roxa agora estava extremamente vermelho.

Você Me Trás Para Casa - 50 TonsOnde histórias criam vida. Descubra agora