Capítulo 10 - Libélulas

111 9 0
                                    

Nuvens escuras cobriam o céu, pequenas gotas começavam a cair, embora já fosse início da noite ainda era possível ver essas mesmas nuvens, deixando o céu ainda mais escuro por causa delas.

Gojo passava a mão no rosto onde momentos atrás acertou um soco nele. Isso o irritava, sabia que ele havia abaixado o Infinito propositalmente para que ele pudesse acerta-lo.

- Eu odeio você! – Nanami ainda estava irritado.

- Odeia nada e eu sei que mereço... Peguei pesado naquele dia com o Yaga-san... – Gojo ajeitava a venda sobre seu rosto.

- Não acredito que sugeriu que você e o Yaga deveriam se aproveitar da situação!

- Sabia que você se irritaria com isso... Por isso mesmo eu disse! – sorriu debochando – mas depois de uma semana pensei que houvesse esquecido.

Nanami suspirou aliviando a tensão que sentia, precisava se concentrar naquilo que precisava fazer.

Naquele dia, depois de estarem na sala da direção do colégio simplesmente foi embora, estava irritado e precisava analisar a situação profundamente.

- Você vai explicar como esse limitador funciona ou terei que aprender sozinho?

- Com prazer explico, afinal sou um professor... Sabia que iria pedir minha ajuda antes de eu ir para Kyoto...

Ambos caminhavam agora em direção ao estacionamento do colégio, Gojo iria para o aeroporto.

- O quê você vai fazer em Kyoto mesmo? – perguntou.

- Concertar o erro de um jovem e bonito xamã... Sabe ele não era muito bom em feitiços de selamento... – disse de forma displicente.

- E quem seria essa xamã?

- Ora, eu mesmo...

Nanami balançou a cabeça negativamente, era raro Gojo admitir que estava errado, talvez o correto seria chamar de desmazelo.

- E o que você não selou direito?

- Aquela maldição que atacou a escola de Kyoto onze anos atrás. A maldição que queria pegar a Mari-chan. – passou a mão na nuca.

- Pensei que tivesse exorcizado ela? – atônito com a afirmação.

- Não podia fazer isso, queriam estuda-la por causa do que era, aparentemente ela era alimentada por sentimentos específicos...

- Específicos de que tipo?

- Do tipo que pessoas tem por causa de sentimentos relacionados ao sexo e coisas do tipo... Você sabe, violência... – suspirou – talvez seja por isso que perseguiu ela...

- Talvez...

Viram o assistente Ijichi-san chegar com o carro, entraram e se sentaram no banco de trás.

- Nanami-san você precisa que eu te deixe onde mesmo?

- Duas quadras antes daquela floricultura de esquina no bairro abaixo da entrada da escola.

- Ah! Eu sei onde é... Gojo-sensei seu vôo sai que horas?

- As 20:00.

- Que bom, temos tempo.

Ijichi-san era muito discreto.

Devagar saíram do estacionamento, pouco tempo separava eles do que precisavam fazer.

- Você está com o Ouroboros Mugen, Nanami?

- Sim, está no meu bolso – apático – não sabia que conseguia fazer objetos amaldiçoados em tão pouco tempo.

- Não fiz em pouco tempo... Na verdade eu tenho ele a anos...

- Mas disse que fez para mim? – perguntou desconfortável.

- Não era exatamente para você, mas você seria o principal beneficiado...

- Não entendi? Me beneficiária em quê?

- Era um presente de casamento, Nanami... – sorriu de um maneira estranha.

- Presente de casamento? Para mim? E com quem eu casaria? – irritado.

- Não era para você Nanami! Era para Mari-chan! Para ela conseguir conter a energia amaldiçoada dela e não matar você! – colocando a mão na testa.

Nanami ficou em silêncio, não foram realmente namorados, o tipo de relacionamento era confuso com idas e vindas envolvendo apenas desejo sexual e energia amaldiçoada incontrolável.
Definitivamente não foram um casal propriamente dito e sem dúvida casamento nunca foi cogitado.

- Nunca pensei em casar... Muito menos com ela... – apático, tentava disfarçar o que ouviu.

- Isso é o que você diz... Mas quando eu vi o único amigo que ainda tinha, olhar daquela forma para uma garota e ela sorrir de volta... – Gojo olhava pela janela.

- Isso é um exagero Satoru... Eu era um garoto!

- Eu também era um garoto... E tinha muito dinheiro, aliás tenho muito dinheiro! – sorriu.

Por um momento Gojo ficou taciturno, isso incomodava Nanami mais do que quando ele não parava de falar sobre algo.

- Então... Me explique como o limitador funciona de uma vez!

- Claro, Nanamim – alegremente voltando a sua costumeira expressão – o Ouroboros Mugen não permite que chegue ao último estágio da técnica dela, a que funcionaria como feromônio e dominaria você, é absorvida por ele, por isso ele muda de cor de acordo com a quantidade de energia amaldiçoada que absorve...

- Mas isso não é perigoso para ela? Você sabe que se ela acumular energia amaldiçoada suficiente ela abrirá seu domínio inato e não terá controle por estar em ex... – foi interrompido.

- Só quem colocar o Ouroboros Mugen pode tira-lo, tenho certeza que você consegue controla-la antes disso não é? Por isso disse que tem que ser colocado nesse momento específico. Colocar e tira-lo tem que ser nesse mesmo momento... Você consegue, Nanami? Já fez algo muito mais perigoso que isso...

- Sim.

Nanami esteve em seu domínio inato.

- Tem certeza Nanami-san que vai ficar aqui? – Ijichi-san perguntava olhando para o céu chuvoso, estacionando o carro.

- Não se preocupe, está exatamente como o esperado. – também olhando para o céu.

- Nanamim... Tem certeza disso? Eu sei que disse que precisava ser você mas... – foi interrompido.

- Quantos dias fazem que Itadori-kun está na sua casa?

- Hã? Bem, uma semana... Porque?

- Ela fez com Itadori-kun?

- Acho que você sabe a resposta para essa pergunta...

- Então sim. Me diga, ele está bem? – abriu a porta do carro.

- Aparentemente sim, parece um pouco distante mas suponho que não seja por isso. – Gojo respondeu desconversando.

- Não se preocupe, se faz uma semana ela não recusaria nem você. – sério.

- Nanamim? – Gojo tentava disfarçar o riso – vai ter que pegar pesado com ela... Você sabe, não é? Todas aquelas coisas... – moveu seus dedos de uma forma esquisita.

- Pervertido!

Fechou a porta e atravessou a rua, viu quando o carro virou a esquina e saiu de vista. Caminhou para o lado contrário passando pela frente da entrada do bosque que dava para os fundos da escola, sorriu em lembrar de coisas do período em que estudou, virou a esquina.

“Quando eu não estudar mais, vou morar aqui!” lembrou da frase dita a ele de forma espontânea.

Quando estava se aproximando, a chuva começou a cair com força, alguns passos foram o suficientes para chegar em frente a floricultura, parou sobre a cobertura que tinha na frente, a loja já estava fechada, conferiu seu relógio de pulso, 18:45 h.

Olhou pelo vidro da vitrine e viu os vasos do lado de dentro, flores e artigos de jardinagem, mas também viu seu reflexo.

“Azul fica bem em você Ken-kun, deveria usar mais vezes...”

Ajeitou os óculos e a gravata. Concentrou sua energia amaldiçoada e a dispersou discretamente, começou a contar.

“10... 9... 8... 7...”

- Deveria pedir um carro pelo aplicativo! – a voz feminina vinha de cima de sua cabeça, no andar superior.

Enfiou a mão no bolso e mostrou o celular desligado.

- Estou sem bateria... – respondeu apático.
Houve silêncio por alguns minutos.

- Está chovendo muito, quer subir e pedir um pelo meu celular? – calma e doce.

- Se você não se importar, eu aceito.

- Pode subir pela porta lateral, ela não está trancada.

Nanami Kento entrou pela porta de serviço lateral, já havia feito isso antes, mas estava apreensivo, quanto tempo fazia desde a última vez? Talvez 4 anos?

Não! Sabia muito bem quanto tempo fazia.

Faziam 4 anos, 8 meses, 3 semanas, dois dias, 17 horas e 47 minutos desde a última vez que esteve naquele apartamento.

Subiu as escadas, suas mãos começaram a formigar, quando chegou no pequeno corredor caminhou por ele e chegou em frente a porta de madeira, levantou a mão para bater mas antes que fizesse, ela a abriu.

- Boa noite Nanami, por favor entre. – sorriu de forma tímida.

- Eu não vou demorar... – quero demorar.

- Não se preocupe, fique a vontade.

Entrou e ela fechou a porta atrás de si, passou por ele indo em direção a cozinha.
Nanami, tirou os sapatos deixando-os no canto atrás da porta e a parte de cima do terno, colocando em umas das cadeiras de pernas altas encostadas perto da bancada.

- Como começou a chover eu pensei em fazer um chá ou café, mas ainda não escolhi, o que você prefere chá ou café?

Falava de costas para ele, mexendo no armário alto de cozinha, estava com um vestido justo e de botões na frente.

- Chá... Eu prefiro chá.

- Ah! Claro! – olhou de canto e sorriu.
Sentou-se cadeira e apoiou no balcão, olhou para ela, de cima abaixo a mediu, olhou para a sua bunda, de pantufas e vestido.

“Gostosa!”

Desviou o olhar para o lugar onde estava, era um apartamento em apenas um cômodo. Tinha uma sacada para a rua, com uma porta dupla de vidro, do lado de dentro, podia ver a cama posta entre duas grandes estantes cheias de livros, em frente a ela um móvel baixo com TV. Depois havia uma escrivaninha com coisas de escritório, a porta para o banheiro se abria em frente a lateral da escrivaninha. Havia alguns vasos de plantas. A única divisória era o balcão que separava a área para a cozinha, pequena com uma janela sobre a pia, havia uma porta que dava para a área de serviço da parte dos fundos.

“Nada mudou... Exatamente como me lembrava, só mudou alguns objetos de decoração...”

- O seu gato... Não tem mais ele? – perguntou.

- Ah! O Cero? Ele é macho então vem e vai quando quer... Eu ia castra-lo mas parece que ele percebeu e fugiu... – rindo – tenho uns biscoitos, cookies na verdade, você quer?

- Porque não...

“Como chego onde preciso chegar... Nunca soube ao certo... Pensando bem, sempre foi ela que tomou a iniciativa...”

Serviu dois copos de chá, em cerâmica tradicional, pintados em branco e azul com libélulas, o prato com os cookies fazia conjunto com eles.

- Mel e limão. – empurrou em direção a ele, sabia que ele gostava assim.

- Obrigado.

Suas mãos estavam frias pela tensão e o conteúdo do copo era quente o suficiente para aquecê-las.

Viu ela sorrir ao levar o copo ao lábios, pequenos lábios rosas que eram a perdição de sua razão. Fez o mesmo, bebendo o conteúdo.

- Você sabia que as libélulas... – falaram ao mesmo tempo e isso a fez rir.

- Pode continuar... – ela disse.

- Você ainda tem esse livro? – perguntou.
- Tenho sim...

Passou pela lateral do balcão indo em direção a estante de livros.

Procurou por um momento, erguendo seu corpo, mas a prateleira era mais alta.
Aproximou-se dela por trás, suas pernas formigavam. Reconheceu a capa do livro e o puxou, olhou para baixo e a viu olhando para cima, nesse momento sentiu o cheiro.
Deixou o livro cair no chão.

- Nanami, vá embora... – ouviu ela dizer.

- Prefere que o Itadori-kun venha aqui? – o ciúme era evidente.

- Isso não te diz respeito!

Estava cansado, muito cansado de fingir que estava tudo bem, não aguentava mais ser corroído pelo ciúme.

Ergueu sua mão e colocou em seus cabelos emaranhando eles em seus dedos, puxou-os com agressividade para trás fazendo ela gemer.

- Sempre sendo abusada dessa forma! Quem te disse que não me diz respeito? – roçou seu corpo nela, esfregando em sua bunda.

Mari ergueu ambas as mãos segurando no pulso que segurava seu cabelo.

- Nanami... Por favor... Não...

Sua voz era obscena, até seu tom era erótico para ele.

- Você é tão indecente que não adiantou nada o que te ensinei, uma vadia mentirosa e manipuladora que precisava foder até com o garoto... Ama foder com um garoto, não é Ma-ri-chan? – disse isso fazendo sua voz ficar baixa perto de seu ouvido.

Mari gemeu, depois sorriu maldosamente.

- Você aguentava mais quando era um garoto, Nanamim...

“Ah céus! Eu não vou aguentar, já estou quase gozando só de pensar...”

- Veremos... Mari-chan... Eu tenho a noite toda...

Gemeu perto do ouvido dela a arrastando para a cama.



* * * * * * * * * * *


Nota sobre o livro:
Quando uma libélula se move para pegar um inseto, o ataque é bem sucedido em 95% do tempo. O sucesso desta máquina predatória “perfeita” é devido ao fato de que a libélula não apenas reage aos estímulos provenientes da presa, mas processa modelos de previsão de suas possíveis reações ao ataque. É a primeira vez que este comportamento é observado em um inseto, mas ainda é cedo para saber se ele é compartilhado por outros invertebrados.
Libélulas não perseguem simplesmente suas presas, mas trabalha com modelos de previsão articuladas das possíveis reações de presa aos seus movimentos. Ou seja, eles usam o mesmo tipo de controle dinâmico complexo da situação usado por seres humanos e animais vertebrados para pegar objetos em movimento, mas que nunca haviam sido observados entre os insetos.

Sukuna - The King of Cursed (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora