Algo assim

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Louis se sentia tremendo, piscando os olhos mais vezes do que seria necessário para não deixar suas lágrimas caírem; não era ele quem deveria estar chorando. Sua garganta doía pelo soluço travado, seus pés mal registravam seus passos... Era a segunda vez que ele se via fugindo a esmo daquele lugar em menos de um mês. Seria isso uma maldita nova rotina? Sentiu a mão de Jake apertar a sua, o garoto caminhava em silêncio ao seu lado, provavelmente sentindo que seu silêncio seria melhor apreciado, mas Louis odiou isso. Parou em uma rua qualquer, sentando-se no meio-fio e puxando Jake para perto de si.

- Eu to com sono, Lou... - A criança resmungou ao seu lado, depois de bons minutos em que eles apenas ficaram sentados. Louis não sabia o que fazer, não sabia para onde ir, mas sabia que não poderia permitir que o irmão dormisse na rua, muito menos que ficasse naquela casa sem segurança alguma.

- Vem. - Pegou o irmão no colo, poupando-o de se cansar mais. Louis não era a pessoa mais forte do mundo, mas com certeza aguentaria o peso do irmão, quantas vezes fosse necessário.

- Para onde a gente vai?

- Vamos para casa do Ollie.

Louis não sabia se Ollie já estava dormindo ou não, mas era sua melhor opção. Então seus passos dessa vez não eram a esmo, ele tinha um destino e esperava encontrar um pouco de paz e segurança. Jake deitou a cabeça no ombro de Louis e não demorou muito para dormir; Louis sabia que seria um sono agitado, era sempre assim quando havia brigas, mas ao menos o corpo do pequeno descansaria. A casa de Ollie não era exatamente longe, mas normalmente Louis estava sempre com seu skate, e estar totalmente a pé e com uma criança de cinco anos no colo só fazia com que a distância parecesse enorme. Eventualmente ele se viu em frente à casa de tijolos acinzentados, respirou fundo e então se adiantou até a porta, preferindo bater de leve na madeira à usar a campainha. Demorou algum tempo até Louis ver a porta abrir.

- Sim? - O senhor Williams, pai de Ollie foi quem o atendeu. - Louis, hey. - Rapidamente o homem lhe deu passagem para entrar na casa.

- Louis? - Ollie saiu da sala seguido pela mãe.

- Oi... - Tentou um sorriso, mas não conseguiu. - Será que... Podemos passar essa noite aqui? - Olhou de Ollie para seus pais, rezando para que lhe dessem abrigo e já pensando nas respostas que daria.

- É claro que sim. - A senhora Williams se adiantou, vendo que Jake estava adormecido nos braços do irmão. - Venha, vamos colocar Jake na cama.

- Obrigado. - Lançou um olhar para Ollie antes de seguir a senhora Williams até o único quarto de hóspedes que havia na casa.

A mulher rapidamente puxou a colcha e a coberta do colchão, logo dando espaço para que Louis pudesse colocar a criança. Jake resmungou assim que foi deitado, o que fez Louis começar a cantar baixinho enquanto tirava os sapatos de seus pés e o cobria para que ele ficasse mais confortável.

- Vou te preparar um chá. - Louis sentiu a mão da senhora Williams em seu ombro e sorriu em agradecimento, vendo-a sair pela porta.

Deixou a mochila no chão, perto da mesa de cabeceira e se sentou na ponta do colchão, respirando fundo ao apoiar as mãos nos joelhos. Sabia que precisava descer e se explicar, afinal estava longe da normalidade chegar na casa de uma família naquela hora da noite. Por isso respirou fundo, conferiu novamente se Jake estava confortável e então saiu do quarto, seguindo em direção à cozinha, onde os três membros da família estavam.

- Hey... - Ollie foi o primeiro a notar sua presença. - Tá tudo bem?

- Sim, está. - Sorriu levemente. - Eu só... Eu tive uma discussão com os meus... Pais... - Foi involuntário o enrugar de nariz ao falar aquela palavra para se referir a Troy e Rosalyn. - Achei melhor passar a noite fora de lá e... Bem... Achei melhor trazer o Jake também.

Sem VestígiosOnde histórias criam vida. Descubra agora