Encontrar seu lugar

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 Louis estava nervoso, muito nervoso, e isso se refletia na forma como ele mordia o lábio inferior, na respiração travada e nos dedos apertando o volante com tanta força que os nós estavam esbranquiçados, Mark, por outro lado, parecia bastante tranquilo e satisfeito em seu assento no banco do passageiro.

- Vire um pouco mais o volante para a esquerda, isso, só um pouco mais. - Instruiu enquanto observava o espaço entre os carros para que Louis conseguisse estacionar. - Agora ré, devagar, isso... Continua, continua... Para. Agora vira para direita e vem. - Louis seguia as ordens com uma calma fingida, era a terceira vez que faziam aquela manobra, e era a terceira vez que ele queria soltar o cinto, abrir a porta do carro e sair correndo. - Isso, devagar, ótimo... Pode parar. Deixa o volante reto agora e vai para frente, para arrumar melhor o carro na vaga. Perfeito.

Louis soltou o volante e sentiu o alívio correr por seus dedos junto com o sangue voltando a circular na região. Jogou-se contra o encosto do banco, respirando fundo e fingindo não notar o olhar divertido de Mark sobre si.

- Eu não sei se lembra, mas aprender a dirigir é difícil. - Comentou depois de alguns instantes.

- Claro que sim. - Apesar da resposta, Louis tinha certeza que o homem não se lembrava mais como havia se sentido ao aprender a dirigir. - De toda forma, assim que se sentir confiante o bastante, marcaremos sua prova.

- Hm...

- Calma, garoto, no começo tudo é ruim e difícil. - Mark o consolou com um sorriso. - Agora ligue o carro de volta, vamos dar uma volta pela cidade, talvez buscar seu namorado que não para de mandar mensagens. - Indicou o celular de Louis, deixado no suporte próximo ao câmbio e com umas dez mensagens não lidas de Harry.

- Certo.

Deram uma volta pela cidade como previsto, com Mark instruindo Louis a parar em algum pontos e sair sem deixar o carro morrer, já que era de câmbio manual, e por fim seguiram até a casa de Harry, que saiu de casa com um olhar desconfiado depois de ouvir a buzina insistente - que foi acionada por Mark apenas para irritar os garotos -.

- Hey, bae. - Harry correu até o lado do motorista ao perceber quem era. - Virou motorista agora?

- Eu to tentando nos manter vivos. - O nervosismo estava menor àquela altura, mas Louis ainda se sentia pressionado.

- Ele está dirigindo muito bem. - Mark elogiou. - Viemos te buscar, vamos passar no mercado e comprar algumas porcarias para comer enquanto assistimos um programa de reality show.

- Ou - Louis interferiu antes que Harry pudesse responder - vocês podem ir comigo para a casa dos Williams e me ajudar a pegar minhas coisas.

- Que coisas?

- Minhas coisas, minhas roupas, livros, etc.

- Por quê? Para onde você vai? - Mark o observava quase como se um terceiro olho houvesse surgido em sua testa. - Eles te mandaram sair?

- O quê? Não! - Louis riu brevemente. - Sarah e Sean são ótimos, de verdade, mas... Parece estranho morar lá. - Enrugou o nariz em uma careta. - Eles não tem responsabilidade legal por mim, Jake não mora lá, é só... Estranho. - Encolheu os ombros sem saber o que mais falar. - Eu me sinto sempre como um hóspede que estendeu demais a estadia.

- E para onde você vai?

- Finalmente vai morar comigo. - Harry tinha um sorriso largo ao responder, e Louis girou os olhos.

- Você nem tem uma casa.

- É esse o problema? Vou comprar uma amanhã mesmo.

- Céus... - Louis voltou sua atenção para Mark, que aguardava sua resposta de forma nem tão paciente assim. - Jake disse que sente minha falta e quer ficar comigo de novo, mas ele não quer ficar longe de vocês e não seria justo, afinal... Bem... Ele te chama de pai. - Encolheu os ombros, quase se sentindo mal por não conseguir chamar o homem daquele modo. - Então eu pensei em parar de ser teimoso e aceitar morar com vocês. - Antes mesmo de terminar de falar Mark já tinha um sorriso enorme no rosto. - Se eu ainda puder, é claro.

Sem VestígiosOnde histórias criam vida. Descubra agora