Quietute

73 7 13
                                    

Explicar para Jake que Rosalyn e Troy tinham morrido não tinha sido fácil, mas o garoto não chorou; assim como Louis, ele também não os viam como pais ou parte indispensável de sua vida, mesmo que a criança tivesse um carinho maior por Rosalyn. Mas Jake fez uma pergunta para a qual Louis não tinha uma resposta, ele perguntou quando iriam para casa. E o problema é que havia muitas considerações a serem feitas antes de responder aquela pergunta.

Quando voltariam para aquela casa onde viveram com Rosalyn e Troy? Nunca. Ficariam juntos e se protegeriam sempre? Não sabia. Teriam um teto sobre suas cabeças? Louis também não sabia. Sarah o ajudou com essa parte, explicando que tinha pedido para que Louis e ele ficassem ali com ela, mas não foi o suficiente porque Jake queria saber sobre sua casa, e Louis não queria dizer que eles simplesmente não tinham uma.

E Louis ainda teve que falar com a polícia mais algumas vezes, ora com o detetive Tomlinson, ora com seu parceiro, e também teve que lidar com o funeral e enterro de Troy e Rosalyn no meio tempo, mas pode contar sempre com a ajuda dos Williams, que se responsabilizaram por cuidar de todos os detalhes do momento fúnebre. Estranhamente muitas pessoas foram até o velório - que durou o mínimo necessário, já que Louis não via motivos para prolongar aquilo -, era óbvio que muitos estavam apenas curiosos para ver os rostos dos assassinados da cidade, mas que nunca foram realmente considerados vítimas graças aos seus históricos.

Louis agradeceu, se é que podia fazer isso, por estarem em dezembro e ter as férias de Natal e ano novo como folga e um período a mais para lidar com sua recuperação e todas as outras coisas mais práticas. Não contou sobre seu aniversário para ninguém - ele nunca o comemorou afinal -, mas Sarah não permitiu que a data passasse em branco, uma vez que a identificou entre seus documentos, e junto com Ollie e Sean organizou algo pequeno e simples, mas o bastante para fazer Louis sorrir diante da consideração de todos. Calvin, Harry, Zayn e Charlotte compareceram na pequena confraternização com presentes nas mãos - que iam de chaveiros engraçados a livros - e todos tiveram boas horas sentados juntos na sala com um filme natalino na televisão.

Na manhã do dia vinte e cinco, Jake encontrou presentes com seu nome sob a árvore de Natal montada na sala e Louis só conseguia se sentir feliz pelo irmão finalmente ter experimentado um Natal relativamente normal; Louis também ganhou outros presentes, coisas práticas como roupas e sapatos, e isso o fez se sentir ainda mais grato por todo o apoio e ajuda que estava recebendo. Quando a véspera do ano novo chegou, porém, ele se sentiu culpado quando os Williams mudaram seus planos para a virada do ano apenas para não deixar ele e Jake desconfortáveis, e a família afirmar que não era problema algum, nem nenhum sacrifício, não ajudou a amenizar sua culpa.

Calvin e Harry passaram a ser presença constante na casa de Ollie e Louis acreditava que os pais do garoto estavam se irritando com isso, mas a verdade é que eles gostavam, ao menos assim conseguiam ficar de olho em todos e evitar que aprontasse mais alguma. A avó de Ollie também passou a frequentar mais a casa, especialmente para mimar Jake, a quem Ollie acusava, brincando, de ser o neto preferido.

- Bom dia. - Cumprimentou ao passar pela porta da cafeteria e sentir o cheiro característico do lugar, uma mistura de café e doces assando.

- Louis! - Joseph pareceu realmente contente em vê-lo, saindo de trás do balcão para o receber com um abraço, que não foi exatamente apertado, mas ainda fez Louis resmungar de dor. - Desculpe, desculpe. - O senhor o soltou do abraço, mas continuou com as mãos em seus ombros, fitando-o com carinho. - Você está bem?

- Estou melhorando.

- Mesmo? Tem certeza?

- Sim, senhor.

- Ótimo, ótimo. - Joseph deu um tapinha carinhoso em seu rosto. - Vem, senta aqui, você não deve poder ficar muito tempo de pé... O que faz aqui afinal, deveria estar de repouso. - Brigou como um avô faria. - Mary-Anne, venha ver nossa visita. - Chamou a mulher da ponta do balcão.

Sem VestígiosOnde histórias criam vida. Descubra agora