Sem Vestígios

De volta ao jogo

Louis lutou contra seus instintos para conseguir seguir a semana sem entrar um vórtice de auto-flagelação e perguntas sobre acontecimentos cujas respostas ele não teria, mesmo que fosse até Mark e as perguntasse. O homem não saberia o dizer como sua vida seria, não saberia o dizer se Rosalyn estaria ou não envolvida com drogas, não conseguiria lhe dizer se Troy teria cruzados seus caminhos e nem se Jake teria nascido... Thomas lhe disse ser normal ter essa espiral de perguntas em sua mente, e que um bom exercício seria escrevê-las, mesmo que nunca entregasse essa lista a ninguém; escrever suas aflições, receios e medos podiam enganar seu cérebro a acreditar que não precisava mais pensar sobre o assunto, e assim lhe dar um descanso daquilo tudo. Louis não tinha certeza se funcionaria para si, mas iria tentar.

Depois de sua conversa rápida e superficial com Mark, Louis decidiu que precisava conversar com os Williams e entender os detalhes quanto a sua guarda e, principalmente, a de Jake. Havia muita bagunça no meio daquilo tudo; Louis descobriu mais do que gostaria.

Daniel havia fugido da prisão, ele não era exatamente uma ameaça quanto ao casal conseguir suas guardas, mas eram um risco quanto à segurança de todos; havia denúncias contra Troy em Londres, várias relacionadas a brigas em bares, outras por assédio e algumas poucas sobre violência doméstica - Louis não conseguia imaginar quem as havia feito, Rosalyn jamais as faria e ele próprio não se arriscaria também, ainda mais naquela época -; Rosalyn também tinha denúncias contra si, prostituição, abandono de incapaz e negligência. E ainda assim ninguém nunca buscou por eles.

- Mark sabe tudo isso? - Ouviu-se fazer a pergunta antes mesmo de ter raciocinado sobre ela.

- Louis... - Sarah o olhou com compaixão, e Louis não gostou daquilo.

- Ele é meu pai, não é? Ele tem que saber disso tudo.

- Ele sabe. - Sean respondeu por fim. - Foi ele quem nos deu boa parte das informações.

- Que gentil...

- Louis, eu sei que está sendo difícil. - O garoto quase riu diante daquele fala; não estava sendo apenas difícil, Louis quase podia sentir dificuldades em respirar, e isso não estava relacionado às suas costelas quebradas. - Mas preciso racionalizar algumas coisas. - Sean parecia desconfortável em conduzir a conversa, e isso foi indício suficiente para Louis de que o assunto era mais sério do que estavam o querendo dizer. - Com todas essas denúncias, se... Se seguirmos com o processo vão vasculhar toda a nossa vida - indicou ele próprio e Sarah - e isso pode ser prejudicial para todos.

- O estado vai querer garantir que você e Jake estão no melhor lugar possível. - Sarah completou. - Por isso vão esmiuçar a vida de quem quer que se habilite a ter a guarda de vocês.

- E vocês não estão dispostos... Ta tudo bem, eu entendo isso. - Tentou manter a voz firme, mas sua garganta já parecia se fechar.

- Não é sobre disposição, Louis. - Sean foi rápido em responder. - Eu já fui preso. - Confessou por fim. - Passei cinco anos preso por conta de um assalto que participei quando tinha dezoito anos. Eu era um idiota altamente influenciado pelos amigos sem juízo e pareceu divertido, a adrenalina e essas coisas, fomos pegos e condenados. - Louis estava surpreso pela declaração de Sean; o homem sempre foi muito responsável, educado e simpático, uma personalidade totalmente diferente do que Louis conhecia das pessoas que eram presas. - O nosso receio é que toda essa luta seja em vão por conta desse registro.

- E que isso se reflita em Ollie. - Sarah completou. - Nós temos uma boa casa, trabalhamos e temos dinheiro o bastante para cuidar de vocês três, mas... Esse histórico de Sean pode ser maior do que tudo isso...

- O melhor é que seja mantido em segredo. - Louis conseguia entender, é claro que o casal tinha medo disso vir à tona; ele estava sentindo na pele o que era ter pais criminosos e sabia como a cidade receberia essa informação sobre Sean. Todo respeito e consideração que tinham deixaria de existir em um piscar de olhos. - Eu concordo com vocês.