Homem-Aranha

63 9 8
                                    

 Os dias passaram como um borrão para Louis, entre colégio, cafeteria, treinos e casa, também acompanhou Harry nas consultas médicas e aprendeu alguns exercícios que ajudaram o garoto a se recuperar bem o bastante para voltar a jogar futebol, Louis também separou uma boa parte de seu tempo para dedicar a Jake, aproveitando os momentos em que ainda moravam junto, bem como o preparando para morar com o casal Tomlinson, o que o deixou empolgado e ansioso. Naquele final de semana, Mark e Johannah chamaram os dois para saírem e comprarem coisas para o futuro quarto de Jake, e era por isso que eles estavam no carro do casal, seguindo até o shopping da cidade ao lado.

- Eu quero um quarto do homem-aranha. - Jake comentou depois de terminar a canção infantil que Jay colocou para tocar.

- Do homem-aranha? - Louis o encarou e ganhou um sorriso como resposta. - Até as paredes?

- Tudo!

- Tudo do homem-aranha?

- Tudo!

- Você não vai enjoar?

- Não!

- Pois eu acho que você vai enjoar. - Louis estava só implicando com o caçula.

- Pois eu não vou!

- Um homem decidido. - Louis lançou um olhar para frente e viu Johannah e Mark com sorrisos parecidos no rosto. Puxou o celular quando o sentiu vibrar no bolso e viu que havia recebido mensagens de Harry, uma sendo uma foto dele deitado no sofá, as outras eram reclamando sobre estar abandonado pelo namorado em um domingo de puro tédio. - Dramático. - Girou os olhos de forma divertida e viu o olhar de Johannah pelo retrovisor, curiosa. - Harry está fazendo drama sobre ter sido abandonado no domingo.

- Vocês realmente se gostam, não é? - A mulher virou um pouco no banco para poder encará-lo.

- Sim... É engraçado, quero dizer, eu tive um lance com o Zayn e bem... Era diferente... Bem diferente. Isso é normal?

- É claro que é. Cada relacionamento que você tiver será diferente Louis, alguns mais intensos, outros menos, alguns vai parecer que você ama mais e outros menos. Cada um deles te dará uma experiência diferente. - Johannah o respondeu com um sorriso.

- O importante é você se sentir feliz em cada um deles. - Mark completou e Louis apenas meneou a cabeça.

Ele não quis comentar a ironia de ouvir aquelas palavras justamente de Mark. O homem havia sido feliz com Rosalyn? Havia sido feliz traindo sua esposa com uma mulher que conseguiria deixá-lo mais próximo dos líderes do grupo criminoso que investigava? Ele havia sido feliz namorando a irmã de Daniel? Talvez sim, talvez enquanto ele fingia que era Adam, que era um cara sem grande futuro e sua maior perspectiva era ser o braço direito do líder, talvez naquele momento ele tenha sido feliz. Mas acabou como os castelos de areia que deixavam de existir depois que a maré subia.

Depois que Louis conversou com Mark e entregou sua pior memória, Daniel confessou. Narrou como e porque matou Robert, e também como e porque matou Rosalyn e Troy; Louis não perguntou muito além do porque matar Rosalyn, porque alguém mataria a própria irmã. E Daniel a acusou de traição, Troy e Rosalyn o entregaram anos antes, em Londres, o que lhe deu mais alguns anos de condenação e resultou na fuga dos quatro de Londres. Fez sentido para Louis. E ele deixou que as coisas caíssem no esquecimento, que Daniel, Rosalyn e Troy caíssem no esquecimento.

Poderia parecer frieza e descaso, afinal de contas, como um filho poderia não se importar com a morte da mãe e do padrasto? Como um sobrinho poderia não se importar com a prisão de seu tio? Mas para Louis aquelas pessoas nunca foram sua família. É claro que ele já amou Rosalyn, que já quis a aprovação de Troy e já se espelhou em Daniel, mas isso foi em um passado tão distante que nem se lembrava mais. Por Daniel e Troy seus sentimentos eram inexistentes, por Rosalyn ele tinha pena; a mulher não era exatamente uma pessoa ruim, talvez ela teria sido uma mãe incrível em um outro momento, depois de outras escolhas e decisões...

Sem VestígiosOnde histórias criam vida. Descubra agora