VI - Segredos

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A sexta-feira chegou em meio a uma semana agitada no Metropolis Mercy Hospital. Os plantões haviam sido caóticos, com uma série de intercorrências médicas que mantiveram a equipe de profissionais de saúde em alerta constante. No centro de tudo, continuava o misterioso caso da jovem desconhecida.

A polícia, até aquele momento, não havia feito qualquer progresso na busca pela identidade da garota. Ela permanecia inconsciente, e sua falta de documentos tornava a situação ainda mais desafiadora. Não bastante isso, nas últimas 36 horas, a condição da jovem havia se agravado, levando a duas cirurgias de emergência.

A primeira foi uma intervenção craniana. O aumento da pressão estava exercendo uma compressão perigosa sobre o cérebro da adolescente, afetando o controle dos centros respiratórios. A segunda foi para tratar um aneurisma aórtico, já que durante a cirurgia neurológica, a garota teve uma complicação cardíaca súbita. A sensação que os envolvidos tinham era de que o caso era uma corrida constante contra o tempo, com cada minuto sendo crucial para determinar a vida ou morte.

Enquanto isso, Tony e Pepper estavam profundamente envolvidos na situação. Ambos queriam que a desconhecida se recuperasse o quanto antes, então mantinham uma vigilância constante sobre a paciente, esperando ansiosamente qualquer sinal de melhora. Essa preocupação mútua os aproximou de maneira inesperada, e os encontros casuais no hospital se tornaram cada vez mais frequentes.

Em vez de apenas se cruzarem nos corredores, agora eles deliberadamente se encontravam para analisar em conjunto o caso em que trabalhavam. Sentavam-se em salas de reuniões ou em cantos tranquilos do hospital, discutindo os últimos resultados de exames, revisando prontuários médicos e avaliando os dados clínicos da paciente. Suas conversas iam muito além das rivalidades profissionais que antes os mantinham à distância.

Os médicos se encontravam para compartilhar suas observações, insights e planos de tratamento. Tony trazia suas perspectivas como neurocirurgião, enquanto Pepper contribuía com seu conhecimento em cirurgia cardíaca. Claro, tudo poderia ser pacífico e harmonioso, mas se tratava deles. E como manter a paz quando competiam pelo mesmo cargo?

Eles passavam os dias soltando farpas sobre quem tinha o melhor plano para vencer a competição. Sempre que tinham a oportunidade, se provocavam, voltavam a agir como crianças de cinco anos, competindo pela atenção e pelo reconhecimento.

Pepper não hesitava em apontar as supostas falhas nos planos de Tony, e ele retaliava com observações sarcásticas sobre suas estratégias. Suas conversas eram um verdadeiro cabo de guerra, com nenhum dos lados disposto a ceder um centímetro. Isso só contribuía para aumentar a tensão entre eles e criar um clima de competição constante, mesmo quando o assunto deveria ser exclusivamente médico.

A discussão entre os cirurgiões atingiu um novo nível de tensão 2 semanas depois. Eles estavam em uma sala de reuniões, cercados por prontuários médicos e projeções de exames de uma paciente que havia dado entrada recentemente. Ela tinha 35 anos, se chamava Alexis Beckett e estava grávida de gêmeos. Quando chegou ao hospital, a mulher apresentava vários sintomas, incluindo desmaios, dores de cabeça intensas, dor nas costas e fraqueza nas pernas. Além disso, ela teve uma perda de audição súbita.

Inicialmente, a equipe médica considerou várias possibilidades, incluindo a pré-eclâmpsia, que é uma complicação da gravidez que envolve pressão alta, e a síndrome de Guillain-Barré, uma condição que afeta o sistema nervoso periférico. Ao final do terceiro dia, finalmente chegaram ao diagnóstico decisivo: Doença de Cogan.

A efemeridade, consiste em uma condição médica rara e autoimune, manifesta-se com inflamação nos olhos e ouvidos, frequentemente resultando em sintomas como inflamação ocular, perda de audição súbita e grave, além de outros, como febre e fadiga. Essa doença é caracterizada por uma resposta autoimune que ataca os tecidos saudáveis do corpo. O diagnóstico pode ser desafiador, e o tratamento visa controlar a inflamação, geralmente com corticosteróides e imunossupressores, com a possibilidade de terapias biológicas em casos graves. 

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