XXV - Conclusão

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É engraçado como nossas vidas têm dessas de nos pregar planos. Muitas vezes, nos encontramos gritando, jurando e apostando que jamais faríamos algo, apenas para, de repente, nos vermos exatamente naquela situação que prometemos evitar. É quase como se o universo tivesse uma maneira peculiar de nos desafiar e nos mostrar que, na verdade, não controlamos as coisas tanto quanto pensamos. A vida tem uma maneira curiosa de nos surpreender. As circunstâncias mudam, as perspectivas se alteram e, em um piscar de olhos, aquilo que parecia impossível se torna não apenas uma possibilidade, mas uma realidade palpável. O destino tem suas próprias forças, misteriosas e poderosas, que muitas vezes só conseguimos compreender olhando a situação de fora, depois que o turbilhão passou. É somente em retrospecto que conseguimos ver a teia de eventos que nos levou até ali. Às vezes, o destino nos empurra para fora da nossa zona de conforto, nos forçando a crescer e a nos adaptar de maneiras que nunca imaginamos. Outras vezes, ele nos apresenta encontros e experiências que mudam o curso das nossas vidas de forma profunda e duradoura. É como se existisse um roteiro cósmico, uma trama maior na qual cada decisão, cada momento, cada experiência faz parte de um plano maior que, por mais que tentemos resistir ou controlar, inevitavelmente se desenrola da maneira que deve ser. Não é incrível como, às vezes, nada realmente parece ser ao acaso?

Quando Tony se mudou para New Jersey, ele estava em busca de um novo começo, fugindo de tudo o que lhe era até então familiar, de tudo o que lembrasse sua antiga vida e o casamento falido. Ele achava que estava indo bem, se afundando em trabalho, álcool e mulheres que serviam como diversão de uma noite... Mas aí ela apareceu, e céus, ele nunca foi religioso e nem nada disso, mas no momento em que seus olhos bateram nela, ele teve certeza de que a mulher havia sido um presente de Deus. Contudo, as coisas não começaram bem entre eles e, quando os atritos aumentaram, o moreno lutou muito para se convencer de que nem todos eram merecedores de algo tão divino. Com Pepper, não foi muito diferente disso. Ela também chegou na cidade buscando fugir de tudo o que conhecia, do seu passado. E claro que, sendo como ela era, tinha cada um dos seus passos milimetricamente pensado, tudo muito bem organizado... Então sim, ela surtou quando, no seu primeiro dia no novo trabalho, percebeu que nada seria como pensava. A ruiva não planejava se sentir atraída pelo seu colega de trabalho, não esperava que ele a fizesse sentir tantas borboletas no estômago, como as que ela havia lutado tanto para enterrar. E a única solução para isso foi agir como sabia: na defensiva, construindo muros e barreiras para que não tivesse que lidar com o que ia contra seus planos. Mas esse é o ponto: o destino não se importa com os nossos planos. Ele não liga se estamos de acordo ou não com algo... E que bom, porque agora eles estavam ali, juntos, esperando um bebê e fazendo planos para o futuro que seria deles.

O casal saiu da sala da obstetra completamente emocionado. Eles teriam uma garotinha, uma miniatura deles, alguém que, com aquela combinação de DNA, com certeza seria uma força da natureza. Não deixaram de sorrir por um segundo sequer, imaginando como ela seria. Quando chegaram na casa de Potts, foram recebidos por Eleanor e Theodore, extremamente animados em seus pijamas coloridos. A visão dos gêmeos tão cheios de vida e alegria deixou Tony e Pepper ainda mais sensíveis, pensando sobre como seria ter os três juntos. Com quem ela se pareceria mais? Os gêmeos seriam ótimos irmãos mais velhos como imaginavam? Será que eles a protegeriam e cuidariam dela com o mesmo carinho que tinham um pelo outro? O casal já conseguia imaginar perfeitamente os acréscimos de brinquedos espalhados pelo chão, as crianças juntas se divertindo, todas as brincadeiras que fariam parte de suas vidas, e até mesmo as brigas futuras que teriam que apartar. Foi justamente pensando nisso que se deram conta de algo importante: estava na hora de finalmente contar aos gêmeos que eles seriam promovidos a irmãos mais velhos. Como estava virando rotina quando tinham que ter alguma conversa importante, os quatro se sentaram no sofá da sala, os dois adultos de frente para os mais novos.

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