A Procura

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Maiara POV


Acordei no meio da noite com o barulho de tiros. Como assim tiros? Eu nem sequer sabia onde eu estava, mas ele estava lá. Adentrou a porta do quarto com um semblante de preocupação e medo.

- Levanta, amor! Precisamos sair daqui agora! - era tão bom ouvi-lo me chamar de "amor", mas ele estava visivelmente nervoso.

- O que tá acontecendo, Don? - perguntei confusa.

- Eu não sei. Ouvi barulho de tiros, levantei e fui lá fora rapidamente... foi horrível. Estão atirando em todos. Invadindo as casas e matando todos. - ele disse apressado colocando nossas roupas numa mochila.

- Quem? E por quê?

- Eu não sei. - colocou a mochila nas costas e veio até mim, que agora estava sentada na beira da cama. Ajoelhou-se, colocou as mãos sobre meu rosto e continuou. - Eu vou tirar a gente daqui, tudo vai dar certo. Confia em mim. - me deu um beijo calmo, porém apaixonado.

Em seguida pegou minha mão e fomos em direção a rua. Haviam muitos corpos fuzilados e muitas pessoas correndo de um lado para outro desesperadas, era realmente uma cena horrível. Ele percebeu que fiquei mexida com aquilo e apertou minha mão mais forte. Continuamos correndo sem saber ao certo para onde ir; achamos um beco que levava até outra rua. Entramos nesse beco, quando estávamos na metade dele, três caras armados apareceram na nossa frente ao final do beco. Paramos imediatamente, ele passou à minha frente na tentativa de me proteger e olhou pra trás por cima do ombro, acabei olhando junto, havia um outro homem armado atrás de nós. Droga!

Donny virou-se para mim, fazendo ficarmos de frente um para o outro, colocou suas mãos em meu rosto - a essa altura eu já estava lagrimando - e disse:

- Maiara, eu amo você. - eu podia sentir suas mãos tremendo em meu rosto. - Isso aqui não passa de um pesadelo e quando acordarmos olharemos para o lado e veremos um ao outro e então iremos sorrir, nos abraçar e por fim, nos beijar. - terminou sorrindo e foi inevitável não sorrir também.

Mesmo estando numa situação como esta ele não me deixou de passar segurança, por mais que o medo lhe consumisse. Ele era perfeito. Perfeito para mim.

- Eu também te amo. - falei quase num sussurro e em seguida o beijei. Não passou muito tempo depois do início do beijo e ouvi um barulho alto, forte. Um tiro. Quebramos o beijo e pude o ver fazer uma careta de dor e, em seguida, mais tiros em suas costas que o fizeram se apoiar em mim, praticamente sem vida, respirando seus últimos segundos. - NÃO! Por que estão fazendo isso? COVARD... - não terminei de falar, o cara que estava atrás de mim me deu uma coronhada forte que me fez cair no chão bastante atordoada. Passei a mão por minha cabeça, no local da coronhada e constatei que estava sangrando. O mesmo cara se aproximou de mim e apontou sua arma bem próxima à minha cabeça, fechei os olhos e disse a mim mesma, apavorada, num sussurro:

- É s-só um pesadelo. E-eu já vou ac-cordar. - então ouço um tiro e não sinto mais nada. A dor que antes existia em minha cabeça causada pela forte coronhada, não existira mais.

Abro os olhos e percebo estar em um lugar familiar. Era o meu quarto. Suspirei aliviada. Realmente tudo não passara de um sonho ruim.

Olhei para o lado, procurando por Donny, mas ele não estava lá como havia me dito, e nem poderia estar. Ele não existe. Foi apenas fruto de um sonho que tive a pelo menos sete anos atrás, desde então ele vem aparecendo nos meus sonhos e a partir daí nunca consegui me interessar tão profundamente por ninguém.

Podem me chamar de otária, burra, ridícula, afinal, me apaixonei por alguém que não existe. Mas ele é/era tão perfeito. Atencioso, respeitador, carinhoso... Já chega! Eu tenho que arrumar alguém de verdade e parar de me iludir com o Donny - esse é/era o nome dele, mas eu o chamava de Don - isso tá passando dos limites. Eu já tenho 22 anos e nunca, eu disse NUNCA, namorei ninguém, só fiquei com alguns caras, aliás, de vez em quando ainda fico com um deles, principalmente agora que estamos na mesma cidade.

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