Revelations

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Maiara POV


A casa da família da Marilia era linda, um sonho. Michael e Ruth, como sempre, foram uns amores e essa noite tive a oportunidade de interagir mais com a Larissa e o João, que também são muito legais e divertidos, jogamos video game e tudo mais. Aliás, uma ótima forma de fazer amizade comigo é me convidar para jogar algo, qualquer coisa, seja esporte ou game. Sou apaixonada por ambos.

Enquanto jogávamos, os irmãos da Marilia levantaram-se e logo depois chamaram-na para um canto, ela acabou me levando junto, sei lá porquê. Eles entregaram a ela um convite de uma tal Natália, provavelmente a mesma que ela chamou de Satanás segunda feira, considerando sua reação em ambas as situações. Eu estava meio perdida e resolvi perguntar se alguém poderia me explicar o que estava acontecendo. Ninguém me respondeu, porém, a Marilia me levou até seu quarto e aqui estamos, sentadas uma de frente para a outra em sua cama. O quarto dela era imenso. Não deve ter sido uma decisão fácil escolher sair daqui.

- Eu quero te contar umas coisas... Você agora faz parte do meu grupo de amigas e vez ou outra vai ouvir falar de algumas pessoas ou coisas que você não vai saber do que se trata, então vou logo falar as mais importantes... E difíceis.

Difíceis? Por que?

- Olha, por mais que eu seja curiosa, não precisa me contar "seus segredos" - fiz aspas com as mãos - se não se sentir à vontade pra isso... Na verdade, só tô curiosa mesmo nessa tal Natália que já ouvi falar dela duas vezes essa semana.

- É que tudo está interligado, sabe?

- Ah, tudo bem então. Se você achar que pode confiar em mim, ent...

- Eu confio! - disse firme ao mesmo tempo em que segurou minhas mãos (por milagre não tremi desta vez) e acabei sorrindo com sua declaração.

- Sou todo ouvidos... - falei simpática.

- Então... - pausa respirando fundo. - Natália fazia parte do meu grupo de melhores amigas, éramos um quinteto e não um quarteto, como somos hoje. Ela sempre me colocava pra cima quando eu estava triste, me enchia de elogios, super bajuladora, estava quase todo dia na minha casa. O que eu nunca havia percebido era que ela era o câncer do grupo. Ela pisava nas pessoas, humilhava... Eu particularmente nunca via ela fazendo isso na minha frente, mas só ouvia maus comentários a respeito dela na escola. E eu, otária, a defendia com unhas e dentes. Até que um dia, de um minuto para outro, eu descobri que ela não valia nada. Ela me roubou uma das coisas mais valiosas que eu tinha...

- O que ela te roubou? - perguntei curiosa.

- Calma, vou fazer um suspense... Agora vou falar da Cece. Nós começamos a namorar uns quatro ou cinco meses depois que eu e Patrick terminamos. Estávamos no último ano do ensino médio quando nos apaixonamos. - Marilia parecia nostálgica, e seus olhos começaram a brilhar, lágrimas se formavam ali. - Fomos o primeiro grande amor gay uma da outra. Preciso dizer que tivemos nossa primeira vez com uma mulher uma com a outra também?

- Acho que não. - rimos.

- Quando fomos nos assumir para nossos pais, eu fui com ela até seus pais e ela foi comigo até os meus. Se eles reagissem mal, iríamos precisar do apoio uma da outra. Primeiro contamos aos meus pais, minha mãe chorou, meu pai apenas me lançou um sorriso sem muita graça. Quando as lágrimas de minha mãe cessaram, ela veio até nós, disse que não importava quem eu namorasse, eu continuaria sendo um dos seus maiores orgulhos e que seu amor por mim continuaria crescendo a cada dia. Eu mal podia acreditar que tinha a compreensão dos meus pais. Ela me abraçou e logo depois abraçou Cece, minha mãe sabia que minha namorada era uma boa pessoa, ela já frequentava minha casa a um tempo como minha amiga, foi uma maneira de eu preparar o terreno...

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