The Games

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Marilia POV


Quando eu penso que as coisas estão se ajeitando, meu pai me liga no meio da semana perguntando quando entrarei de férias. Até aí tudo bem, mas ele e minha mãe sabiam que na primeira semana das férias haveriam os jogos e eles gostavam de ir me assistir, por mais que não pudessem ir sempre. Queriam me ver lutar.

- Eu não vou lutar esse ano, pai.

- Por que não? - pergunta surpreso.

- Eu me exaltei com uma garota na faculdade e como punição não poderei lutar.

- Oh, querida. Sinto muito. Você quer falar sobre o que aconteceu? - meu pai sempre foi muito compreensivo e não gostava de me pressionar a nada.

- Não, prefiro esquecer. Mas olha, vou jogar handebol esse ano, estou animada. - disse sincera.

- Então guarde um lugar para nós nas arquibancadas que estaremos lá.

Ele parecia mais empolgado que eu. Já havia ganhado um fã, dois na verdade, minutos depois minha mãe arrancou o telefone da mão de meu pai, me incentivando a dar tudo de mim.

(...)

Nós nos encontrávamos na última semana de aula antes das férias do meio do ano, mas voltando um pouco no tempo, devo confessar que nos dias em que estávamos suspensas eu perdi o sono algumas vezes. Logo na primeira noite, terça feira, eu rolava de um lado para outro da cama, deixava minha mente livre de qualquer pensamento, concentrando-me apenas no som de minha respiração ou do ventilador, mas nada que eu fizesse me ajudava a pegar no sono. Então eu levantei de minha cama, saí do meu quarto e fiquei no sofá da sala desenhando. De início fiz alguns modelos de roupas, mas eu não estava tão inspirada para isso. Comecei a desenhar apenas olhos e boca dos quais me eram muito familiares. Eu os via todos os dias. Eu os encarava todos os dias.

Olho para a porta de seu quarto, lembrando-me do dia em que eu o invadi e a acordei na tarde seguinte a festa da Natália. Um sorriso enfeita meu rosto ao recordar-me de sua respiração calma e seu lindo cabelo bagunçado com alguns fios caindo por seu rosto angelical lhe dando um ar totalmente inocente. Seu sono era tão profundo que aposto que eu poderia entrar em seu quarto várias vezes e em nenhuma delas a Maiara notaria minha presença ali. Não pensei duas vezes antes de pegar a chave reserva de seu quarto e adentrar o mesmo. Chamei por seu nome calmamente apenas para constatar que ela realmente estava dormindo. O cômodo obviamente encontrava-se escuro, mas não o suficiente para me deixar perdida ali dentro. Algumas poucas frestas de luz invadiam o local por conta das lacunas deixadas pelas cortinas. Algumas destas frestas iluminavam seu rosto me oferecendo a cena perfeita para um desenho. Pego meu caderno juntamente a um lápis e sento-me ao chão de seu quarto com as pernas cruzadas em forma de índio. Com uma mão eu segurava meu celular, iluminando meu caderno quando a pouca luz dentro do quarto não era suficiente, enquanto que com a outra eu utilizava o lápis, dando forma ao desenho da maravilhosa cena que meus olhos estavam tendo o privilégio de admirar. Ela estava de bruços, como da última vez, mas seu rosto estava visível a mim.

Somente quando terminei o desenho comecei a sentir sono e então saí dali indo em direção ao meu quarto. Isso se repetiu durante os dias que se seguiram, principalmente quando eu me sentia ansiosa, insegura, triste ou com medo. Observá-la dormir me transmitia uma paz descomunal.

Na madrugada de sexta para sábado, fiquei receosa em ir até seu quarto, afinal, seu amigo estava dormindo no sofá da sala e no sábado, bom... Sábado e domingo não foram minhas melhores noites.

No início dessa semana nossa suspensão teve fim e voltamos para a última semana de aula. Tudo correu tranquilamente, quer dizer, não sei se foi tranquilo para Maiara, mas levando em conta seu jeito esta tarde quando eu saí de meu quarto usando apenas uma lingerie simples fingindo ter perdido meu celular, ou quando eu usava algum blusão acompanhado de alguma calcinha boxer, quando eu saia toda molhada do banheiro, ou até mesmo quando a abraçava sem motivos, a semana não foi muito tranquila para ela. Eu estava começando a gostar mais que o normal dessa brincadeira.

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