Capítulo treze Gabriel e Leila

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A chegada de Maria Luiza não foi exatamente como eu imaginei que fosse, não da minha parte.

Pensei de uma forma, mas reagi de outra. Após vê-la pessoalmente e passarmos por algumas horas conversando, afinal eu tinha que obter informações de quem estava lidando, ser sobrinha da Dalva não é garantia de ter uma boa índole, cada pessoa é diferente, sei o quanto Dalva é honesta e confiável, e não iria indicar sua sobrinha se não tivesse a certeza de que ela é também uma mulher de confiança, mas eu tinha que garantir que estava fazendo a escolha certa.

Havia feito algumas pesquisas sobre a mulher, mas tudo muito raso, eu queria saber mais, o olho no olho era importante para mim.

Afinal, eu estava lhe confiando o meu bem mais precioso, minha filha.

Maria Luiza nunca tivera uma vida fácil, há dois anos se formara com muito custo em administração e a falta de oportunidade no setor fez com que aceitasse a vaga de babá na minha casa e não que isso lhe incomodasse, era um trabalho digno como qualquer outro, foi ali que ela me tocou de um jeito como poucas pessoas fizeram, eu vi sinceridade em seus olhos.

Como ela mesma disse, havia prioridades em sua vida, como as contas a pagar, que não lhe permitiam o luxo de escolher em que área atuar.

Sensata.

Dalva, com quem veio morar após a partida do seu amado pai em um trágico acidente, era sua única família próxima.

Um desejo insano ao ver a expressão tristonha em seu olhar percorrer por todo o meu corpo, desejei envolvê-la nos meus braços e protegê-la de tudo e todos.

Eu aperto as mãos ao sentir as pontas dos meus dedos formigarem.

Maria Luiza não era só uma mulher bela, atraente, era também inteligente, guerreira e muito determinada a lutar por seus objetivos.

Foi exatamente isso que me pegou, nós tínhamos mais em comum do que eu podia imaginar.

Eu fiquei na expectativa, ansioso para ouvi-la dizer sobre aquele que teria conquistado o seu coração, lembro-me de ouvir a minha mãe comentar que ela estava noiva, mas não vi aliança em seu dedo ou qualquer outro vestígio que indicasse que no seu coração já possuía alguém. Não que isso me diga respeito, mas não posso negar que ela despertou em mim um desejo imenso de saber tudo sobre sua vida e as pessoas que a envolvem. Afinal, eu conviveria com a inimiga em minha casa.

O dia foi tenso, e para a surpresa de todos inclusive a minha, Luna não lhe deu uma trégua, em todo momento se comportou como uma criança mimada, sem modos, não dando a pobre moça a chance de se aproximar, o que levou a minha mãe e a minha irmã a me culpar pelo seu mau comportamento, o que elas tinham razão, e como um pedido não velado de desculpa eu a dispensei mais cedo para que ela fosse se recolher, e eu fiquei com a missão de colocar a pentelha na cama. Já se passavam das duas da manhã, quando desfrutava de uma dose de whisky no bar da minha sala, quando o meu corpo reclamou, me alertando sobre a necessidade de algumas horas de prazer, e eu sabia muito bem a quem eu deveria recorrer.

Em um generoso gole eu bebi todinho o líquido de cor âmbar, deixei o copo sobre a mesa de centro, subi para meu quarto, troquei de roupa em tempo recorde, pego a carteira, as chaves do carro e as reservas de casa, em passos lentos, eu vou até o quarto de Luna que dorme tranquilamente, eu a cobrir, deixo um beijo em seus cabelos com o delicioso cheiro de maçã verde, pego a babá eletrônica sobre a cômoda e saio fechando a porta atrás de mim.

Eu vou a caminho do quarto da mulher que em um único dia me fez sentir o que nenhuma outra me fez sentir nos últimos anos.

Com o coração acelerado, respiração ofegante eu parei diante a porta, confuso, por um instante eu me perguntei o que eu estava fazendo ali, pensei em voltar para o meu quarto e evita-lá, deixá-la dormir, descansar, mas de nada adiantaria, Maria Luíza estava ali, eu não tinha o que fazer a não ser encará-la.

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