Eu sou desperta pelos raios de sol que entram através das frestas da janela, alastrando-se pelo ambiente, preenchendo-o todo de luz, me causando uma gostosa sensação de esperança em algo que nem eu mesma sei do que se trata, eu só sinto.
Bocejo enquanto me espreguiço.
Foi uma noite tranquila de sono como há muito tempo eu não desfrutava.
Era disso que eu precisava, mas a calma noite que eu tivera não foi o único responsável pelo sorrisinho de satisfação que dança em meus lábios.
Imagens da noite anterior invadem os meus pensamentos, sinto um friozinho gostoso percorrer o meu estômago. Gabriel fora muito gentil e amistoso, de uma maneira que nunca se comportara desde que eu pisara aqui.
Mesmo que tenha tentado a todo custo ignorar a minha presença com o único intuito de que eu desistisse do trabalho, o seu comportamento não condizia nada com o homem gentil e educado que a minha tia sempre lhe descrevera.
E pela primeira vez eu o vi sem as suas amarras.
Eu fiquei surpresa com a maneira com que me tratara e ainda não o compreendi. Talvez o comportamento da aspirante a cascavel tenha mexido com ele e tenha se sentido na obrigação de retribuir sendo gentil, mas ele não sabia que eu estava aqui, e o porquê se portaria dessa maneira? Como se fosse um velho amigo. Um pedido de desculpas bastaria, mas não importa, seja lá qual tenha sido a sua intenção. Eu gostei que ele tenha tomado a iniciativa de levantar a bandeira da paz para nossa boa convivência.
Um sorriso em alívio dança em meus lábios.
Numa tentativa de afastar Gabriel dos meus pensamentos, alcanço o aparelho de celular sobre o móvel ao lado da cama, deslizo a tela e, ao ver o horário, decido ligar para a minha tia para lhe tranquilizar.
Chamando Tia...
Chamando Tia...
Chamando Tia...— Alô, Malu, minha querida.
— Oi, tia. Bom dia! Benção, tia?
— Bom dia, minha filha! Deus te abençoe.
— Como a senhora está?
— Estou bem e mais tranquila agora com a sua ligação, e você? Eu estava preocupada. Como você está?
— Que bom, tia, não precisa se preocupar, eu estou bem e segura.
— Eu sei que está segura na casa do senhor Gabriel, mas isso não impede que eu me preocupe com você.
— Eu sei tia, mas não quero que se sinta mal.
— Não se preocupe comigo, você tem que se preocupar com você — decido por fim não discutir, de nada adiantaria.
— Como está Luninha? — Conto a ela como tem sido o nosso dia a dia e o progresso de nossa aproximação e a minha estadia na casa dos Barretos, com exceção do desagradável momento com Amanda e a recompensa de ter a companhia de Gabriel dividindo um lanche e uma taça de vinho comigo.
— Hum! Fico feliz em saber que estão se acertando, eu não disse que era questão de tempo até que o senhor Gabriel e a pequena Luna notassem que a sua ida para aí era exatamente para agregar e... Somos interrompidos por sua voz aflita.
— Mas o que é isso?
Sua voz aflita me desperta do meu devaneio.
— Tia, está tudo bem? — ouço um burburinho do outro lado da linha.
Minha pulsação bate acelerada.
— O que você pensa que está fazendo? Como você entrou aqui? Meu filho, o que é isso? Meu Deus! Nando, me dê isso aqui. Fernando!
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Quando o amor floresce
RomansaPara Maria Luíza, nada em sua vida fora fácil, mas nem mesmo as dificuldades lhe impediram de desistir, o orgulho não faz parte do seu dicionário e não paga as contas. Ao ver suas dívidas se acumulando, ela toma uma medida drástica. Gabriel Barreto...