Benjamin andava de um lado para o outro no escritório, revezando entre estalar os dedos compulsivamente e pressionar a ponte do nariz. A cabeça doía, se sentia tonto, muitas informações, muitos acontecimentos. Bela estava sentada à mesa, com o olhar fixo em um porta retrato que guardava a foto do filho junto de Adam há alguns anos. As lágrimas de seu rosto já haviam secado, novas o molharam, e ela ainda não conseguia entender.
Ben sabia que tinha duas coisas a fazer: ordenar uma maior busca pelas bruxas e confrontar Mal Bertha. Essa primeira em questão se iniciou no momento em que bateram a porta e um guarda a abriu.
— Pediu para me chamar, majestade?
— Como vão as buscas? — perguntou mantendo sua caminhada limitada
— Ainda estamos procurando por elas, só paramos um breve momento para recuperar as forças
— O meu pai está morto por culpa delas, e vocês decidem ter um intervalo? — Ben parou de andar — Eu mandei que procurassem em cada canto desse reino — seu rosto começou a ficar vermelho
— Eu sei Majestade, mas é que-
— Eu não quero ouvir desculpas!
— Ben — sua mãe falou fraco mas que serviu para que o rapaz não ficasse mais nervoso
— Me atualizem sobre o reino da rainha Ariel — pediu
— Muitos mortos e feridos, o rei Eric se feriu gravemente e a princesa Melody morreu com um dos ataques da Rainha Má
Ao fundo da sala, Bela respirou com pesar a saber da noticia.
— Eu preciso que-
Ben foi interrompido por batidas na porta que se abriu sem aguardar autorização, Uma entrou olhando diretamente para Ben.
— Licença, mas precisa saber e ver uma coisa. Agora — ela disse com urgência e gesticulou com a cabeça para fora da sala. Logo estavam longe dali, no covil secreto das bruxas no porão.
— A CJ é rápida em dar notícias importantes. Mesmo correndo o risco de as bruxas estarem aqui, eu desci as escadas, mas diferente do que Calista me contou, foi assim que encontrei esse lugar
Ela abriu os braços andando pelo cômodo completamente vazio, iluminado apenas pela lanterna que o guarda carregava, tochas recém apagadas ainda soltavam fumaça e o local ficava frio a cada minuto. Olhando com atenção era possível ver que ali fora habitado por um tempo e abandonado às pressas pois pequenos papel com anotações irrelevantes e alguns ramos de ervas estavam jogados pelo chão.
A única coisa que capturou a atenção de Ben foi sangue começando a secar no chão. Uma disse que Calista contou que ali estava o corpo de um amigo da Audrey e com uma breve descrição ele soube que se tratava de Doug.
Benjamin começou a erguer muros ao redor de si para não sentir a dor da perda mais uma vez naquele mesmo dia, o corpo do seu pai descansava em uma gaveta do hospital até que ele ou Bela decidissem como seria a homenagem final. Mas por agora, para Ben era mais fácil e conveniente que não se distraísse, tinha um reino para cuidar. Ele engoliu em seco e olhou para Uma.
— Onde está o corpo dele?
— Me disseram que a Evie cuidou disso. Não sei dos detalhes
— Se elas saíram daqui não acho que vão voltar, por isso devemos redobrar a vigilância
— Mas não adianta continuarmos com essas buscas em vão, elas podem estar em qualquer lugar assim como estavam debaixo da escola esse tempo todo. Ao invés de irmos atrás delas deveríamos descobrir o que querem ou ao menos atraí-las de alguma forma para então as capturamos — Uma discursou com seriedade, olhou para o guarda que estava com uma cara nada agradável e ajeitou sua jaqueta — Quero dizer, se achar que vai ser a melhor estratégia para seguir com seus guardas
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Letters to Auradon
Teen FictionEm Auradon, o Rei Fera envia seu filho Benjamin até à Ilha dos Perdidos com uma missão. Mas o garoto não esperava ter sentimentos justamente pela pessoa que mais odeia seu reino e sua família. Enquanto isso na Ilha dos Perdidos, como se já não fosse...