Então uma teoria surgiu na mente de Mal, algo que a deixou curiosa e muito brava. Por isso ao invés de ir para o esconderijo, ela seguiu outro caminho, o mesmo caminho que fez uns dias atrás com o garoto recém chegado na Ilha.
Ao chegar na pequena varanda da casa, ela olhou para os dois lados da rua antes de girar a maçaneta da porta, estava trancada, porém com apenas um grampo de cabelo ela conseguiu abrí-la.
Quando entrou ficou chocada com o lugar, mesmo com as luzes apagadas ela pôde concluir que aquela casa era melhor do que qualquer uma que existia na Ilha e olha que ela morava em um castelo —que estava caindo aos pedaços, mas ainda assim era um castelo.
Os móveis estavam em perfeito estado, sem cheiro de mofo, nem rasgados, tudo muito novo.
Mal balançou a cabeça tentando se concentrar no que foi fazer ali, então se dirigiu até um corredor da casa que tinha três portas: duas, uma praticamente de frente para outra e uma no final do corredor.
Ela tentou a primeira. A abriu com cuidado e espiou dentro. Mais uma vez se surpreendeu com o estado do local, seus olhos correram por todo o quarto e caíram sobre o garoto dormindo na cama, não era o que ela tinha visto da última vez, então começou a fechar a porta quando viu um relógio de pulso em cima de uma cômoda perto da porta, e o pegou.
Ela o guardou no bolso da calça e foi até a outra porta, era um banheiro, então ela o ignorou também. Só restava uma porta, ele tinha que estar ali.
Ao entrar seus olhos faiscaram de raiva, ela fechou a porta atrás de si e andou até a cama do garoto. Mal se abaixou ficando próxima ao rosto do rapaz e o encarou por uns segundos, tentando conter a vontade de sufocá-lo naquele momento, mas ela se levantou e começou a vasculhar o quarto. Havia uma escrivaninha cheia de papéis, uma cômoda e um baú perto dela, ela ia até o baú mas viu algo brilhando na cômoda e foi até lá vendo algumas moedas de ouro, uma caixinha com moedas, um relógio de pulso e um anel com um desenho estranho que Mal não conseguia ver direito. Ela logo tratou de pegar tudo e colocar nos bolsos, mas acabou esquecendo do garoto que despertou com o tilintar das moedas.
Ben ainda estava sonolento e se assustou ao ver a figura encapuzada de pé no seu quarto, ele tentou levantar sem ser visto, mas não deu certo já que Mal o viu se mexendo e correu até o garoto o jogando de volta na cama e cobrindo sua boca com uma mão e com a outra colocou a adaga contra o pescoço dele.— Você vai ficar quietinho e me escutar, entendeu? — Mal perguntou sussurrando e o garoto afirmou com a cabeça — Eu vou tirar a mão e você vai me dizer quem é você e que merda está fazendo na Ilha, se tentar alguma gracinha, eu corto sua garganta — avisou sentindo a respiração do garoto ficar ofegante e lentamente tirou a mão da boca dele
— Meu nome é Benjamin, e eu vim para a Ilha como punição por, quebrar umas regras de Auradon — mentiu
— Não acho que isso seja verdade, se estivesse mesmo sendo punido, Auradon não te mandaria para uma casa confortável e também não enviaria comida boa para a Ilha
— Tavez eles estejam mudando — disse Ben
— Durante vinte anos estamos comendo os restos deles e justamente quando você chega, as coisas começam a melhorar. Isso é muito estranho — ela apertou a lâmina contra a pele dele
— Eu não sei de nada, eu juro. Agora, por favor abaixa isso
Mal o olhou com raiva e se levantou indo em direção à porta para sair dali.
— Você é a garota da outra noite, não é? Você estava mais gentil naquele dia — falou se sentando
— Eu estava de bom humor — disse se virando para ele
— Seu nome é Mal, não é?
— Quem te disse isso? — perguntou ela
— Eu descobri — ele deu um sorriso meio convencido
— Como? — exigiu saber
— Ouvi você falando com seus amigos perto da escola, reconheci sua voz e ouvi te chamarem de Mal, então agora estamos quites. Você sabe meu nome, e eu sei o seu
— Não pode contar a ninguém que me viu por essa parte da Ilha
— Por causa da Malévola? Pelo o que eu ouvi ela está bem brava com você
— Você não sabe de nada — falou entredentes
— Vocês são o que? Arqui-inimigas?
— Ela é a minha mãe — ela foi direto ao ponto
Ben levou um momento para digerir aquela informação que nem tinha passado pela sua mente.
— Por que sua mãe quer te matar?
— Não é da sua conta garoto. Quer saber eu vou embora, vir aqui foi inútil — ela abriu a porta e saiu
— Não, espera!
Ele se levantou para ir atrás dela, porém quando chegou na porta da frente a garota havia sumido, então suspirou e voltou para dentro.
~♡~
Não muito longe dali, Dizzy dormia tranquilamente na cama de Evie enquanto a mesma andava de um lado para o outro no esconderijo.
— Por que ela está demorando tanto? — perguntou Jay
— A Dizzy não a viu depois de sair daquele beco, podem ter pegado ela — Evie respondeu
— Eu devia ter ficado com ela — Jay lamentou
— Gente calma, é a Mal. Ela está bem
— Pelo visto o Carlos é o único sensato por aqui — Mal disse aparecendo na sala
— Mal! — Evie suspirou aliviada indo abraçar a amiga
— A Dizzy está bem? — perguntou ao se soltar de Evie
— Está sim, ela comeu um pouco e apagou — Carlos falou apontando para a garota adormecida
— O que aconteceu? Onde estava? — questionou Jay
— Investigando. Tem gente nova na área
— Sabemos disso — disse Carlos
— O que? — Mal perguntou confusa
— Vimos uns garotos novos na escola semana passada, disseram que foram educados em casa — Jay explicou
Mal riu.
— O que foi? — questionou Evie
— Mentiram. Encontrei um deles umas noites atrás, e ele me disse que veio de Auradon — respondeu Mal com um sorriso debochado
— Auradon? — Carlos arqueou uma sobrancelha
— Sim, ele disse que quebrou algumas regras e o rei o mandou para cá como forma de punição — ela continuou com o sorriso debochado
— Olha só, moramos oficialmente em uma prisão — Jay riu
— Tá, mas se mentiram pra nós é provável que também mentiram para você — Evie falou olhando para Mal
— Por isso temos que investigar mais. Por que acham que do nada Auradon mandou comida boa pra nós? — Mal cruzou os braços
— Porque não foi para nós, foi pra eles — Carlos concluiu
— Exatamente. Eu invadi a casa onde eles estão morando e caralho! O lugar é incrível, sem mofo, sem paredes caindo ou móveis velhos e quebrados
— Mandar os alimentos diretamente na casa deles seria suspeito por isso mandaram para toda a Ilha — falou Evie
— O que eu não entendo é o porquê disso tudo. Se eles estão sendo punidos, qual o motivo de tanta mordomia? — Mal disse levemente brava
— Talvez o jeito que Auradon trata os criminosos é diferente
— Fala sério Jay, olha onde estamos — Mal quase gritou mas se lembrou de Dizzy dormindo
— Sim, mas nós não somos considerados parte do povo de Auradon. É claro que eles vão cuidar bem do povo deles mesmo que sejam criminosos — falou Jay
— Com eles é só um erro de julgamento. Aposto que ninguém de lá sabe que esses dois estão sendo punidos, quem dirá que estão aqui — disse Evie
— Seja lá o que for, se aquele reizinho pensa que pode jogar qualquer um aqui e que tudo vai ficar bem, ele está muito enganado. Eu vou descobrir o que está acontecendo — disse Mal com firmeza na voz
— Nós vamos descobrir — falou Jay
— Porque somos ruins — disse Mal olhando para eles
— Por dentro! — falaram em uníssono
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Letters to Auradon
Novela JuvenilEm Auradon, o Rei Fera envia seu filho Benjamin até à Ilha dos Perdidos com uma missão. Mas o garoto não esperava ter sentimentos justamente pela pessoa que mais odeia seu reino e sua família. Enquanto isso na Ilha dos Perdidos, como se já não fosse...