Sessenta e dois.

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Malu

Caminhava lentamente pelo aeroporto de São Paulo com meu tio. Sai do meu transe quando meu tio me chamou.

Júlio: Maria Luísa, você está me ouvindo ? - encarei meu tio. - entra no táxi!

Não respondi, apenas entrei.
Não tava com cabeça pra falar com meu tio, qualquer coisa eu já me irrito.

O caminho todo foi um silêncio constrangedor.
A única que coisa que vinha na minha cabeça era o flashback de hoje mais cedo.

Senti meu olhos lacrimejarem e encarei aquele par de olhos castanhos me encarando com tamanha intensidade e olhos vermelhos.

Malu: Eu queria ficar! - exclamei, me aproximando.

V1: fica pô, se ele não tá te obrigado fica aqui comigo. - nego.

Malu: Não posso, eu queira mas não dá. - limpei meus olhos. - Vou sentir sua falta, sabia ?

V1: E eu a sua pô, que fez eu me amarrar em menos de um mês. - riu. - qualquer férias sua tu volta ae, vou tá esperando.

Suspirei.

Malu: Acho que deu minha hora. - Olhei meu relógio, 5:30h da manhã. - Promete que não vai esquecer de mim ?

V1: Prometo. - sorrir. Murilo segurou meu rosto e aproximou o rosto do meu, me beijando. O beijo tava tão perfeito e encaixado que eu não queria finalizar ele.

Malu: Oi Carla. - falei assim que entrei na casa com meu tio.

Júlio apenas subiu pro segundo andar, sem nem cumprimentar ela. Mal educado.

Carla: Oi querida. - me abraçou. - Eu fiquei sabendo das suas histórias hein?! Me conta tudinho, tin tin por tin tin.

Rir sabendo que a única coisa que me deixava com vontade de estar aqui era ela.

Ela trabalha aqui desde que me mudei pra casa do meu tio. É uma mãe pra mim também, igual minha tia.

Dali pra frente comecei a contar tudo pra ela seguindo a mesma pela casa, as vezes até correndo.

Carla: Eita menina, é bonito ele? - se referiu ao Murilo.

Malu: Bonito? Ele é perfeito, tia. - gargalhou.

Carla: Sei bem como é. - jogou o pano de prato no ombro. - me envolvi com gente desse mundo errado também, era o amor da minha vida, mas teve um confronto e ele morreu. - falou cabisbaixa.

Malu: Sinto muito. - abracei ela de lado. - Eu acredito que tudo que a gente viveu vai ficar nas nossas memórias, mas não sei se isso vai pra frente. Estamos distantes e meu medo é perde ele caso um dia aconteça confronto.

[...]

Me joguei na cama irritada, até a porra do meu celular Júlio tirou!

Afundei minha cabeça no travesseiro e gritei.
Gritei tudo que eu tava prendendo dentro de mim.

Raiva

Ódio

Por que as coisas tem que ser como ele quer?
Por que ele não me deixa seguir minha vida ? Eu tenho direitos das minhas escolhas, e se eu não tomar uma que ele queira eu tô fodida.

Levantei daquela cama e fui no armário pegar alguma roupa.

Vou ir dar uma volta na praia, esfriar a cabeça!

Peguei um casaco cinza e uma calça de moletom, junto com um crocs branco.

Já tinha tomado banho antes, então nem tomei outro.

Peguei dez reias na minha mesinha e sai do quarto, indo em direção a sala.

Malu: Tô indo na praia aqui do lado - falei ríspida, encarando Júlio.

Júlio: 23:10h quero você aqui, se não tiver já sabe né ? - não respondi, só sai.

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