Gatinho (pt. 1)

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A cabeça do loiro dói. Nem bebeu tanto, então procura por outras razões para o incômodo: má alimentação, insônia, falta de vitamina D, o abuso auditivo no dia anterior. Bem, alguma coisa é.

Ele vai direto para o banheiro tomar um banho, dessa forma, ele mantém sua rotina, e como sempre, domingo é dia de tomar café com todo mundo. Obrigatoriamente. Não importa o horário.

— Acordou, flor? — Forever diz com a boca cheia de pão

— argh, como você consegue ficar com o mesmo humor de manhã, e pior, de ressaca? — Pac diz colocando suco de alguma coisa laranja-amarelada em seu copo

— talvez porque ele não encheu a cara, né moço? — Mike diz colocando parte de um cacho de uvas no prato do moreno

— Bom dia — Cellbit senta na mesa e pega alguns pães de queijo, comeram um monte essa semana, como eles ainda não acabaram?

— A Baghs vem hoje aqui em casa, aliás. Ela vem fazer o trabalho de história.

— você deu a sorte de cair com a sua irmã?? — Cellbit pergunta

— não, a gente escolheu.

— que!?

— o professor de história é diferente do primeiro A pro B, esqueceu? — Mike lembra

— merda, por que eu tenho que ser da A?

Os brasileiros riem.

— já que vai convidar a Baghs, vou chamar o Roier para terminar logo isso.

     — que? — os moços dizem em uníssono

     — QUE — Felps entra no cômodo com uma torrada na boca

     — eles caíram juntos no trabalho.

     Alguns murmúrios de entendimento.

     — ah, por isso que ele tava aqui aquele dia — Felps recorda

     — é, estavam todos "rindinho" jogando mine.

     — aí sim Cellbo, atacante. — Pac pisca

     — Nem a pau, ce' ta doido moço? Lembra como o Cellbo ficou mal?

     — lembrar eu lembro, mas a gente nem sabe o porquê!

     — eu-

     — Se ele falasse eu podia entender, mas ele não conta. Aliás, se fosse tão ruim assim ele nem continuaria com o Roier.

     — Ei! — Forever bate na mesa irritado

     — Nós não — ele separa cada palavra, dando-as ênfase — estamos juntos.

     — foi mal aí. Sabe, Cellbo, se você precisar, pode nos contar tudo. Independente dos de fora, nós somos família. Pode ser no seu tempo.

     Ele respira fundo:
     — é só que... eu menti. E eu minto para todo mundo — sua fala arranca uma careta confusa dos morenos - e rosado

     — Cellbinho — Forever chama hesitante

     — o que isso quer dizer?

     — hã... é que — ele faz uma pausa e seus olhos percorrem toda a sala como se achassem respostas escondidas nos cantos dela — eu não sou humano.

     — graças a Deus.

     — Pac!? — Mike, o humano da sala, o lança um olhar indignado

      — não! Não! É que tudo bem, né, podia ser algo pior, tipo, ruim mesmo — Pac se corrige e bebe o suco em seu copo

     Todos na sala riem, em especial Mike que chega a bater na mesa, mas Cellbit continua quieto, tenso, até proferir:

     — eu sou um híbrido — todos na sala só assentem, meio sem ligar — de gato.

     Pac cospe o suco, Mike congela e Felps engasga. Os olhos azuis do gato agora para baixo, sem encará-los.

     — não dava para serem mais exagerados, não? — Forever repreende

     — foi mal, engoli saliva. Tá, e o quê que tem? — Felps se recupera e agora a favela o encara, Cellbit aperta o sorriso quase rindo da ignorância típica de Felps

     — Felpo, ce' sabe que meio-gatos estão em extinção e o governo ta' louco por eles, além de toda aquela merda com híbridos que as pessoas acham... "inferiores" — o de azul revira os olhos

     — Quem sabe? — o rosado pergunta

     — O Forever, o Foolish, o Badboyhalo e o Roier. E, bem, quem ele contou — o loiro solta uma risada baixa e dolorida

     — não...

     — agora vocês entendem?

     — tudo bem cellbit, seu segredo ta' com a gente. — Mike pisca para o loiro

— sim! Pode contar com a gente!

— Vê se fecha o bico, viu Pac! — Felps bagunça seu cabelo — espera, por que o Bad e o Foolish sabem e nós não?

     — conheço e Bad desde moleque. Ele que me ajuda a encobrir na maior parte do tempo. E Foolish... ele ficou sabendo no dia que Roier contou, e desde então ele me ajudou muito... — Cellbit parece feliz ao contar, sente o calorzinho no peito ao lembrar de que mesmo após seu término, Foosh continua o chamando de "filho" (sim, ele é "pai" de Roier junto de Vegetta).

— caralho, eu sabia que não era loucura suas orelhas no fundamental!! — Pac lembra

— é! E você sempre era melhor que todos os humanos no teste físico...

— nananão. Eu também era melhor do que a maioria das espécies, só perdia para algumas semi-místicas.

— tem razão, é. Mas você era muito mal nas de equilibrar, gatos não são bons nessa parada? — Pac pergunta e Forever ri

— tenta sequer caminhar normalmente com o rabo preso! Depois de tanto tempo escondendo acho que piorei com essa questão de equilíbrio...

— você tem um rabo!?

     Cellbit termina de comer enquanto conversa com os amigos, grato por tê-los. Não podia imaginar-se sem os quatro. Ele deixa a mesa e vai até seu quarto, aliviado.

     — será que ele deixa a gente ver as orelhinhas? — Pac pergunta tirando um sorrisinho dos amigos

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— Pac! Porra! — Mike xinga em português e Fit o olha confuso, mas deixa o moreno na cama de baixo — valeu Fit

— sem problemas, a culpa é meio que minha por ele ter bebido tanto.

— não mesmo. Esse idiota sempre exagera quando está feliz.

— Feliz, é? — Fit se lembra de algumas horas mais cedo, quando Pac pegou sua mão e cantou alguma letra que ele não entendia, pulando, seu sorriso tão grande e brilhante que iluminava a alma do estadunidense



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Separando em partes porque essa bomba tava com mais de 2k de palavra e os caps normais tem tipo, 900

Gatinho? - Guapoduo AUOnde histórias criam vida. Descubra agora