Basquete

1.1K 93 6
                                        

O prazo do trabalho está cada dia mais próximo, os seus colegas já começam a lembrar uns aos outros sobre ele e isso já está começando a fazer Roier ficar paranoico sobre o que devia fazer.

Ele vacilou? Sim, mas não foi sua culpa e depois daquilo o loiro tem o tratado como lixo, que é como secretamente se sente.

O moreno simplesmente não aguenta mais a ansiedade que é aguardar para que tudo se resolva. Esperando que no dia o Cellbit tenha feito e ele leve os pontos independente de Roier porque ele nem se preocupava mais com o trabalho de geografia, só queria que o mais velho não ficasse chateado com ele.

— Ey, o que tá acontecendo? — Quackity chama Roier.

— To com fome.

Quackity ri, tira uma barrinha de cereal do bolso e joga no garoto a sua frente.

— vamo jogar basquete contra a favela.

A galera das turmas do primeiro se juntam na quadra e começam com uma torcida; apesar da competitividade muito grande com todas as turmas, a turma A e B se dão muito bem, então a competição, ainda que seja disputada com seriedade, é só um jogo entre amigos.

O jogo começa e Etoiles tira a bola, a passa para Pac que atravessa rapidamente para a ponta direita do outro lado da quadra, os jogadores se espalham e Quackity vai marcar o outro de azul, Pac joga a bola por cima dele para Forever que tenta uma de dois, mas quica fora. Roier rapidamente pega a bola e uns instantes depois é marcado por Cellbit, Roier estranha a ação, e a bola é quase deixada de lado se não fosse pelas mãos rápidas de Cellbit que a pegam, ele corre para fazer uma de três, fazendo alguns gritos de comemoração surgirem da torcida quando ele acerta.

— Ei! Tá dormindo Roier!? — Missa grita, mas continua o jogo, afinal, basquete é um jogo rápido.

A partida continua e lá está Cellbit o marcando de novo, sem sequer encará-lo, como se tudo no moreno fosse somente um obstáculo para pegar a bola. Roier tenta jogar e quando o loiro tenta o bloquear, os dois caem juntos.

— Porra! — Roier grita sentindo a dor na perna aumentar .

— Eiei, você tá bem? — Etoiles oferece a mão que Roier aceita sem reclamar — Se machucou?

— Não sei, acho que só tá doendo porque é recente.

— Melhor ver isso aí hein. — mike diz.

— Tem que levar ele, moço, foi você quem caiu em cima dele. — Pac fala e os loiros lançam um olhar mortal para ele.

— Eu posso ir — Quackity e Forever dizem em uníssono, com o mesmo objetivo, mas por razões diferentes.

— Não, eu vou. — Cellbit puxa o braço de Roier, o põe em cima dos seus ombros e eles seguem até a enfermaria num silêncio infernal.

— Não está tão ruim, três dias de repouso passando essa pomada — o enfermeiro entrega e deixa os dois lá, a sós.

— Foi mal. — Cellbit diz sem olhar para seu rosto.

— Pareceu bem proposital para mim — Roier diz quase cochichando.

— Como é? — ele sopra uma risada.

     — Deixa para lá.

     — Calma aí. Você disse que eu fiz de propósito?

    — Por que não parava de me marcar, então? Você sempre evitou. — mesmo antes de suas brigas, quando namoravam, Cellbit sempre ficou encarregado dos outros.

     — Era o combinado

     — E você simplesmente aceitou? — Roier tira os olhos da perna machucada para se aproximar do loiro com raiva.

     — Por que eu não aceitaria???

     — Porque você sempre me evita!

     — Não? Eu não evito! — é a vez de Cellbit avançar — Você tem que parar de achar que o mundo gira em torno de você!

     — E quem acha isso!? Eu até aceitaria e beleza, mas porque isso hoje!?

     — Não! — ele avança mais, já sentindo a respiração forte do outro a sua frente — E mesmo se eu estivesse é MEU DIREITO! — as presas do loiro parecem especialmente afiadas naquele momento, fazendo o moreno as encará-las. Quando Cellbit percebe ele vira o rosto mais estressado ainda — foda-se você, então.

     Roier bufa, seus outros 4 olhos todos abrindo e rapidamente se fechando.

     — Ah, aquela merda. Quando a gente começa? — o maior se refere ao trabalho, o menor entende rápido.

     — sei lá, quando você quiser. — ele evita falar para impedir quaisquer sinais de choro.

     — Ótimo, hoje a tarde. Onde?

     Roier dá de ombros.

     — Te vejo hoje às três na minha casa. Vamo? — ele se levanta e Roier faz o mesmo

     Cellbit decide deixar Roier em casa e é estranho fazer aquela mesma trajetória com o loiro de novo, especialmente depois de ambos gritarem um na cara do outro.

     O caminho a mais que Cellbit fazia para deixá-lo em casa, escutando "the reason" enquanto compensava as noites não dormidas no seu colo com um cafuné, tudo parecia vir como uma memória insistente e dolorida para o moreno.

     — Guapito, guapito — Cellbit chama, ele parece meio vermelho do calor de meio dia de Quesadilla.

     Roier puxa ele e beija seu nariz, Cellbit sorri e fica ainda mais vermelho.

     — Vamos perder a parada, vem. — Cellbit segura sua mão e o traz

     Tanto o movimento do ônibus quanto a claridade do lado de fora fazem o mexicano apertar os olhos.

     — Roier? Roier!? — o loiro puxa o moreno para si pronto para carregá-lo quando ele acorda.

     — Eu posso andar.

     — Finalmente!

     Eles saem do ônibus e Roier entra em casa sem falar nada. O brasileiro o faz se sentir um turbilhão de sentimentos misturados que Roier odeia sentir.

—.—.—.—.—.—.—.—.—.—.—.—.—.—.—.—

     O Roier acaba dormindo no ônibus e Cellbit só percebe quando sente a mão dele encostar na sua. Por um segundo, Cellbit quase agarrou aquela mão para descansar ao lado dele também, mas tira a mão o mais rápido possível, vermelho, e o ônibus chega.

     — Gua-Roier! Roier? Roier!?

Gatinho? - Guapoduo AUOnde histórias criam vida. Descubra agora