Richarlyson

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     Cellbit definitivamente não estava fugindo, só estava dando uma breve pausa na situação. Há pouco tempo descobriu que tudo o que aconteceu em um dois piores dias de sua vida não tinha sido de fato a traição que achava que tinha sido, mas aquilo não fazia toda aquela dor desaparecer e muito menos fazer com que seus sentimentos voltassem, ou que o que tinha feito a Roier durante todo esse tempo desaparecesse, ou, principalmente, que Roier voltasse a amá-lo também.

     A situação era um punhado de frustrações que Cellbit preferia procrastinar a resolução, mas o que o loiro chama de problemas pareciam estar correndo até ele, e correram até o banheiro também.

     Ao desligar a torneira, respingar o excesso de água na pia e andar em direção ao secador do local, Cellbit pôde ver um borrão vermelho tomar a forma de um Roier com a respiração levemente alterada após uma breve corrida. Mais uma vez, os dois estavam frente a frente, assistindo aos olhares um do outro.

Roier procurava por onde começar, na verdade, nem sabia com o que poderia começar porque não fazia ideia do porquê veio atrás de Cellbit, além da raiva repentina e inexplicável a si que sentia.

     Contando apenas com o instinto, moveu-se até o loiro bater na pia atrás de si. Roier esperou que Cellbit fosse perguntar alguma coisa para dar o próximo passo, mas Cellbit não perguntou nada, pelo contrário, Roier pôde perceber o rosto dele se tingir fortemente em vermelho com uma expressão misturada de temor, vergonha e algo que o mexicano convenceu-se a interpretar como desejo.

     Após aquela segunda-feira, que se beijaram, Roier se animou com a ideia de Cellbit, pelo menos, querer senti-lo, então decidiu apostar. Colocou suas pernas entre os quadris do homem a sua frente e puxou a gola de sua camisa como se fosse o bater, mas o beijou. Supreendentemente, Cellbit retribuiu e agarrou os fios morenos perto da parte de trás de sua bandana, tirando todas as dúvidas sobre o felino querê-lo ou não.

     Quando os dois não tinham mais ar, Cellbit estava sobre a pia, apertando os quadris de Roier com suas pernas e os braços ao redor de seu pescoço; Roier, por sua vez, apertava com a própria mão a coxa do outro por cima das calças, a outra mão fazendo um carinho em sua cintura que fazia o meio gato suspirar. Assim, separaram-se, mesmo que não durasse muito, porque riram de si mesmos e ficaram dando selinhos variados entre demorados e rápidos, as vezes sucções.

     — espera. — Roier desceu Cellbit da pia — a gente deveria conversar.

— sim. — Cellbit sorri com o pensamento de que foi Roier quem deu iniciativa ao diálogo

— só mais um pouco. — e choraram de rir depois do mexicano atacar os lábios do brasileiro de novo, porque Roier tinha a sensação de que deveria aproveitar o que talvez não pudesse ter amanhã

— calma, Roier — Cellbit respira e segura os ombros do outro que não largou sua cintura desde o começo — a gente não deveria fazer isso num banheiro frequentado em maioria por crianças.

— sim. Mas talvez não seja boa ideia conversar aqui, as paredes têm ouvidos

O gato concordou, outras espécies - bem como Badboyhalo - poderiam escutar o que estavam falando e naquela ocasião específica, o gato queria estar sozinho com o aranha.

— vamos sair. — Cellbit sugeriu após um tempo tentando pensar - não conseguiu muito com o toque insistente de Roier na sua coxa

— e então o que?

— como assim?

— a gente finge que se entendeu ou finge que tudo está igual?

— vamos deixar as coisas como estão, para não nos precipitarmos antes de conversarmos. Acho que precisamos conversar sobre limites, e enquanto não os definimos, melhor não testar.

— tem razão — Roier tem um pouco de medo desses limites e do que eles podem significar, mas Cellbit só teme que o mexicano não o queira mais da mesma forma que antes, e não quer extrapolar o que quer que ele queira atualmente

Eles decidem que Cellbit sairia primeiro, porque ele chegou primeiro, e depois Roier. Quando Cellbit deu seu primeiro passo para fora do banheiro, sorriu, mas sua felicidade logo se transformou em um susto quando alguns passos depois sentiu o cheiro Richarlyson e escutou-o vir até si e abraça-lo.

— Richas? — Cellbit se agacha na frente da criança que tinha um sorriso imenso apesar das janelinhas

— vocês se beijaram!! Eu vi! — ele dá pulinhos

— QUE? Richas!! — o loiro rapidamente enrubesce

— posso falar com o tio Roier?

— Richas você veio me espiar? Cadê o bad?

— não, vim ao banheiro mesmo. Vim escondido para o Bad não se preocupar.

— e ainda ta sumido?? Vamos Richas, em casa a gente conversa — Cellbit pegou a mão do menino que começou a chorar — ei ei, calma. Ta com medo de que? Não é como se eu brigasse com você com frequência

— paaai, você vai me brigar?

— filho, disse que a gente vai conversar.

— paai — a criança chorou mais, a esse ponto, Cellbit tinha entendido que ele queria o manipular

— o pai não vai brigar. Vamo? Brincar com os coleguinhas? — e Cellbit deixou-se ser manipulado

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— nos falamos, Bad. — Jaiden lamenta enquanto as crianças brincam de dar volta nos adultos como uma cena perfeitamente barulhenta e caótica

— é... — ele conta mentalmente as crianças; 1, 2, 3, 4... — espere, cadê o Richas?

Gatinho? - Guapoduo AUOnde histórias criam vida. Descubra agora