Capítulo 7: Labirintos do Reflexo

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A manhã em Winterbourne estava envolta em uma névoa que parecia emergir das próprias profundezas da terra, tecendo um véu sobre o vasto jardim e seus segredos escondidos. Clara e Edward avançavam por esse nevoeiro, cada passo um mergulho mais profundo no desconhecido que Clara tanto reverenciava.

"Para onde estamos indo?" Edward perguntou, sua voz um sussurro na névoa.

Clara, com os olhos fixos no horizonte nebuloso, respondeu sem se virar. "Para um lugar onde os reflexos se encontram com a realidade, Edward. Um lugar onde as verdades se escondem à vista de todos, mas são vistas por poucos."

Edward sentia a tensão em suas próprias mãos, um medo que ele tentava sufocar, mas que Clara parecia acolher como uma velha amiga. Ele não podia deixar de se perguntar se estava sendo arrastado para um jogo maior do que sua compreensão, um jogo onde ele era apenas mais uma peça no tabuleiro de Clara.

Eles chegaram a um lago, suas águas um espelho perfeito do céu acima, sem uma única onda para perturbar sua superfície. Clara parou na margem, olhando para o reflexo do mundo no lago.

"Este é o lugar," ela disse, sua voz firme, mas com um toque de melancolia. "Aqui, as verdades são reveladas não pelo que vemos, mas pelo que percebemos."

Edward olhou para o lago, tentando ver o que Clara via, mas tudo que ele conseguia enxergar era seu próprio reflexo distorcido na superfície da água.

Clara se ajoelhou, tocando a água fria com a ponta dos dedos. "Veja," ela falou, "o reflexo nos mostra o que queremos ver, mas também esconde o que tememos enfrentar."

Edward se ajoelhou ao lado dela, observando a água. "E o que você teme enfrentar, Clara?"

Ela retirou a mão da água, o reflexo se recompondo lentamente. "Eu temo o que todos temem, Edward. O desconhecido. Mas é esse medo que me impulsiona, que me guia para além das aparências."

Edward estudava o rosto de Clara, procurando por um vislumbre da mulher por trás da máscara. "Você é um enigma, Clara Winterbourne. Mas acho que é isso que você quer ser."

Clara se levantou, olhando para o horizonte agora clareando com os primeiros raios de sol que atravessavam a névoa. "Ser um enigma é ser livre, Edward. Livre das expectativas, das suposições. É nesse espaço que eu encontro a minha verdade."

Edward ficou de pé ao lado dela, observando o sol dissipar a névoa, revelando o jardim em sua beleza matinal. "E qual é a sua verdade, Clara?"

Ela sorriu, um sorriso que não alcançava os olhos. "Minha verdade é o jogo, Edward. O jogo de reflexos e verdades. E o jogo está apenas começando."

Enquanto caminhavam de volta à casa, Edward sabia que havia cruzado um limiar, um ponto sem retorno. Clara Winterbourne era mais do que uma mulher com segredos; ela era o próprio segredo, uma charada envolta em mistério.

E a pergunta que pairava no ar, suspensa como a névoa da manhã, era: até onde Edward estaria disposto a seguir Clara nesse jogo de reflexos e verdades? E qual seria o preço a pagar por desvendar o enigma que era Clara Winterbourne?

Conforme deixavam para trás o lago, um símbolo da introspecção e revelação, Clara guiava Edward através dos caminhos sinuosos do jardim. A neblina matinal começava a se dissipar, e com ela, a aura de mistério que envolvia a propriedade de Winterbourne se desvanecia, revelando a beleza crua e natural que a luz do sol trazia.

"E agora, Clara?" Edward perguntou, ainda absorto em pensamentos sobre o lago e suas reflexões. "O que faremos em seguida?"

Ela parou, virando-se para ele com um olhar que parecia penetrar em sua alma. "Agora, Edward, vamos colocar nosso plano em ação. A verdade que procuramos sobre a morte de Sir Charles e a jovem criada ainda está oculta, envolta em sombras. Mas estou perto de desvendá-la."

O Reflexo de ClaraOnde histórias criam vida. Descubra agora