🧚🏻♀️ Boa leitura
P.O.V Mariana Oliveira
Se eu precisasse ver mais uma fórmula de física, eu me jogaria na frente de um carro.
Sem a menor ironia.
Eu passei o dia inteiro presa nesse quarto, estudando como uma doida, e ainda não consegui resolver as questões com a confiança que gostaria.
E pior ainda, meu querido pai bateu na minha porta uns minutos atrás, apenas para gritar que eu perdi uma das vitórias mais históricas do Brasileirão e que Endrick tinha sido o maior responsável.
Obrigada pai, muito obrigada.
Obrigada também vestibular, que está conseguindo tirar toda a estabilidade mental que eu já não tinha, muito obrigada.
Eu só queria conseguir desligar meu cérebro e não fazer mais nada, sem me sentir culpada por não estar enlouquecendo com fórmulas e mais textos e mais interpretação.
_ Ô Marianinha, sua sombra chegou. _ Meu pai bateu na porta do meu quarto e abriu, me dando uma visão de um Endrick incrivelmente feliz. Tava com um sorriso... Deus, a coisa mais linda do mundo.
Sim, eu sou completamente rendida pelo meu namorado, me desculpem.
_ Me ama muito, né sogrão? _ Brincou com meu pai, que olhou para ele com tédio.
_ Amar, eu amo o Valdívia. Você, eu aturo. _ Meu pai deu um tapa na cabeça dele, antes de deixar a porta escancarada e sair.
_ Oi pretinha. _ Se aproximou, depositando um beijo lento em meus lábios. Me apressei em retribuir e logo que nos separamos, eu passei o dedo em seus lábios para tirar os resquícios de gloss.
_ Parabéns pela vitória, meu bem. _ Disse, depositando um beijo leve em seus lábios.
_ Você assistiu? _ Perguntou genuinamente feliz e eu senti vontade chorar.
_ Desculpa, eu não consegui. Precisei revisar algumas coisas. _ Senti as lágrimas se acumulando em meus olhos e me afastei dele, guardando as coisas que estavam bagunçadas em cima da cama como uma desculpa para não olhá-lo nos olhos.
_ Pretinha, vem aqui. _ Me puxou pela mão, colocando as coisas que eu segurava na mesinha e sentando comigo na cama. _ Tu tá estudando desde aquela hora da manhã que conversou comigo? _ Perguntou e eu confirmei, sentindo ele me abraçar.
E cara, esse abraço foi como um estopim para eu cair no choro. Eu estava exausta. Não só hoje, o ano inteiro. Eu me acabei de estudar para ir bem tanto na escola, quanto nesse bendito ENEM e agora que está tão próximo, eu só consigo pensar que vou falhar e que todo esse esforço foi em vão.
_ Linda, eu sei que essa prova é importante e que você tá se esforçando ao máximo para ir bem, mas você precisa descansar um pouco também. Tu ainda vai ser a melhor pediatra do mundo, mas precisa cuidar de si mesma antes. _ Senti as lágrimas caírem com ainda mais intensidade.
_ Eu não quero falhar. Se eu não passar, sinto que eu vou 'tá decepcionando todo mundo. _ Ele me afastou um pouco e beijou o meu rosto, passando os polegares onde as lágrimas tinham molhado.
_ Ei Mari, olha aqui pra mim. _ Pediu, levantando o meu queixo e olhando nos meus olhos. _ Todo mundo é muito gente. As pessoas que importam de verdade estão orgulhosas demais de você. Seu pai não consegue falar de você sem sorrir, linda. E eu também. Acho que as palavras que eu mais falo naquele CT são a minha namorada. _ Sorri. _ Uma nota não vai mudar isso, para o bem, ou para o mal. Seu valor está longe de ser definido por um número.
_ Obrigada. _ O abracei apertado, tentando de certa forma expressar o quanto ele me fazia bem. _ Como podemos comemorar sua vitória, joia do futebol brasileiro? _ Questionei brincando.
_ Ih pretinha, seu pai não ia deixar não. _ Abri a boca horrorizada com o sorriso malicioso daquela criança.
_ Menino, para de ser assim.
_ A gente vai assistir aquele filme de neve que você gosta. _ Ele sorriu, enquanto eu ligava o notebook.
_ Mas, você não gosta. E eu quero comemorar com você. _ Fiz um biquinho.
_ Eu gosto de te ver feliz e de ficar com você, pretinha. Assisto qualquer coisa, se tiver você bem abraçada comigo.
Sorri, dimensionando internamente como eu fui sortuda de encontrar esse menino.
Coloquei Frozen I, porque eu sou obcecada pelas músicas e deitei ao lado dele, que logo me abraçou e ficou fazendo um carinho bom no meu ombro.
_ Amo você, pretinha. _ Sussurrou no meu ouvido no meio do filme.
_ Também amo você, meu bem. _ Disse de volta, depositando um beijo leve em seus lábios.
Até que ouvimos alguém forçar uma tosse.
_ Tô indo dormir. Esse encosto vai embora que horas mesmo? _ Meu pai questionou, fingindo uma cara de poucos amigos.
_ Só terminar o filme, pai. _ Respondi com um sorriso.
_ Nada de gracinhas com a minha filha, moleque. _ Apontou para o Endrick.
_ Que é isso, sogrão? _ Meu pai estalou a língua no céu da boca e saiu.
Pior que o meu pai deve amar mais ao Endrick do que a mim. Família de palmeirenses, eu nem me meto a competir com a joia do time.
_ Como se eu não fosse pular sua janela no meio da noite. _ Foi a vez do Endrick estalar a língua no céu da boca.
_ EU TÔ OUVINDO, ENCOSTADO. EU TE EXPULSO DAQUI COM A VASSOURA. _ Meu pai gritou do quarto dele, me fazendo rir.
<3
*Capítulo escrito já tem um tempinho. Espero que tenham gostado.