Kevin

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🧚🏻‍♀️ Boa leitura

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P.O.V Cecília Lopes

Tribunal em julgamento: A sentença de qual vai ser o nome carinhoso de tratamento do casal.


   Era uma noite de sexta e eu estava no apartamento que divido com uma amiga, dobrando minhas roupas com a ajuda do meu (recém) namorado.

   Quem diria, né? Tá vendo tia Francisca? Eu não vou ficar pra titia!

   Dona Teresa já contou pra cidade inteira (que é no interior, então foi todo mundo mesmo) que eu finalmente tirei as teias de aranha da boca.

   Ela ficou tão felizinha por mim e, tendo em vista a conversa que teve com Kevin por chamada de vídeo, acho que eu perdi meu posto de favorita na vida dela.

   Como nos conhecemos? Bem, o engraçado que foi do jeito mais estranho possível. A amiga que divide o quarto comigo — Lívia — é Palestrina de carteirinha. Conhece todos os jogadores, lembra de cor quem fez um passe perfeito para gol em 1984 (mesmo que nem fosse planejada) e defende com unhas, dentes e água quente (temos uma história aqui, que vai ficar para outra ocasião) o mundial de 1951. Como ela é rica, quase toda semana a bonita tá me arrastando para o Allianz e para o CT, para conseguir fotos com os jogadores e com o treinador.

   Em uma dessas, ela conseguiu foto com o Kevin e, logo depois, me obrigou a tirar uma também. Diz ela, que sentiu que a gente seria um casal logo que ele bateu os olhou em mim. Eu chamo isso de esquizofrenia, não sei vocês. Mas, de qualquer forma, ele foi todo bonitinho e me conquistou.

   _ Vida! _ Exclamou, como se fosse mesmo uma ideia brilhante e aquela fosse a palavra mais incrível do mundo.

   Eu e o jogador, como os dois inúteis que nós somos, estamos gastando esse tempo para descartar apelidos carinhosos e ver como vamos nos chamar.

   Minha gata, mô (e todas as suas variações, tanto diminutivas, quanto aumentativas) já estão mais que descartadas.

   Meu amor foi aprovado.

   _ Kevin, eu não vou te deixar me chamar de vida. Vamos ser mais criativos, por favor. _ O pobrezinho desmanchou o sorriso e desatou a criar argumentos (fracassados) do porquê aquele era o nome perfeito para me chamar. _ Vida é o horror dos horrores. Me chama assim e eu bato com essa cruzeta em você.

   _ Cruzeta? _ Questionou, dando uma de engraçadinho. Sorri e ele aproveitou para depositar um beijo leve em meus lábios.

   _ É o cabide, querido. 

   _ Obrigada por traduzir seu dialeto cearense, Ceci. _ Brincou e eu bati levemente em seu ombro com a CRUZETA.

   _ Tão engraçadinho ha ha ha. _ Ironizei e ele me puxou para o seu colo, me abraçando por cima das roupas.

   _ E um gostoso, né? Pode dizer. _ E me puxou. Me beijando de uma jeitinho calmo e firme, que me tirou o ar por alguns segundos.

   _ É, dá um caldo. _ Sorri, enquanto tentava regular minha respiração.

   _ Gosto quando você me chama de querido. _ Sussurrou contra meus lábios, antes de encerrar o beijo com alguns selinhos.

   _ E eu gosto de te chamar assim. Esse 'tá aprovado. Acho chique, passa toda uma coisa de escrever cartas durante a guerra. _ Divaguei um pouco e ele me puxou de volta, me ajustando em seu colo.

   _ E isso, por acaso, é bom, Ceci?! _ Questionou assustado, me fazendo rir.

   _ É romântico, querido.

   _ Tu é meio doidinha, meu bem. Quando eu te conheci, você parecia tão calma. Eu me sinto enganado.

   Soltei um gritinho.

   _ Meu bem é perfeito. É carinho, atemporal, profundo. _ Expliquei empolgada, depositando vários beijinhos pelo seu rosto. Até que... _ Espera, volta essa fita só um pouco. EU escondi minha personalidade? Você que se fingiu de tímido pra me conquistar. _ Cruzei os braços, semicerrando os olhos.

   _ Mudando de assunto, 'cê 'tá tão bonita, meu bem. _ Colocou me cabelo por trás da orelha, me distraindo com o seu sorriso.

   Ele é mesmo um querido. O meu querido.

🧚🏻‍♀️ A todos que se sentiram ofendidos pelos apelidos não escolhidos e levemente ridicularizados nesse capítulo, a autora pede as mais sinceras desculpas.

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