Flaco López 🧛

1.6K 51 3
                                    

🧚🏻‍♀️ Boa leitura
Capítulo sem revisão


P.O.V Priscila Ferreira

A maternidade não estava em meus planos, quando Gabriela surgiu em mim.

Não era algo recorrente, mas, às vezes, eu me pegava pensando em como seria se eu não fosse uma mãe.

Não com arrependimento, afinal eu só precisava olhar atentamente para um dos inúmeros porta-retratos espalhados pela sala, encontrando o sorrisinho banguela da minha menina para que um sorriso também aparecesse nos meus lábios e eu sentisse aquela quentura no peito, que me apontava que eu estava exatamente onde deveria estar.

Mas, a vida é um grande cemitério de E se's... Coisas acontecem, enquanto outras não. E imaginar as possibilidades não significa não gostar da própria vida, mas entender essa dinâmica e ver que uma série de eventos e de não eventos te levam a quem você é.

Antes, eu era a Priscila. Viciada em trabalho, fechada e que projetava o futuro de uma forma que, olhando de agora, era meio ridícula, já que existiam tantas variantes que eu não conseguia controlar.

Hoje, eu sou Priscila, mãe da Gabi. Uma mulher que se preocupa muito em limpar as manchas de canetinha das paredes brancas, que adora colorir livrinhos infantis e que ainda ama o próprio trabalho, mas que ama ainda mais aquela menininha linda, doce e que passou nove meses e seis dias se formando dentro de mim, apenas para sair uma cópia exata do pai. Até os dentinhos fofos.

Não que todos os dias, desses longos sete anos tenham sido fáceis. Incluam uma risada sincera aqui. Se existe algo que não descreve a maternidade é facilidade. Mas, Gabriela me deu uma perspectiva de vida que, alguns anos atrás, eu nem consideraria e eu sou extremamente grata por isso. Por exemplo, hoje, eu sou uma advogada especialmente voltada para casos que envolvem crianças, enquanto, nos anos da faculdade, eu nunca me imaginei trabalhando em algo assim.

O barulho do carro desligando lá fora me tirou daquele fluxo de consciência alá um livro da Clarice Lispector.

Ótimo! Um fim de semana sozinha em casa e eu já começo a divagar. A antiga Priscila estaria revirando os olhos para mim agora.

Terminei a taça de vinho, me levantando do sofá para deixá-la na pia. Me vi no espelho pendurado ali e sorri para o meu reflexo em um pijama de cetim, me preparando para fingir que eu tive o melhor fim de semana da minha vida. Uma vibe bem Helenas do Maneco.

Eu senti falta da minha família, mas o encosto que cria uma filha comigo nem pode sonhar com isso.

_ Mamãe. _ Ouvi a menina chamar e sorri de verdade, indo até a sala. Gabi estava no colo do pai, que colocava as chaves no gancho.

_ Meu docinho de coco. _ Me aproximei, depositando vários beijinhos no rosto dela.

_ Como foi seu final de semana, Pri? _ Flaco perguntou com um sorrisinho. Deus, aquele sotaque. _ Conseguiu se conectar com a sua essência?

_ Foi ótimo, José. Muito esclarecedor mesmo. _ (Adoro chamar ele de José. Acho uma coisa tão Enrolados.) Forcei um sorriso, captando a ironia do jogador, descendo a menina do seu colo.

_ Que bom pra você, Priscila. _ Ele falou palavra por palavra com um sorriso. Como atriz, eu sou uma ótima advogada. Ele notou e seguia com aquele sorriso zombeteiro nos lábios.

Subimos as escadas, até o quarto da menina, decorado com tons de azul pastel e branco perolado, e logo pedi que a menina fosse separar o pijama que ela queria, enquanto eu pegava uns itens para ajudá-la com o banho.

_ Sabe, não custa nadinha admitir que sentiu nossa falta. _ Ele sussurrou próximo ao meu ouvido e eu senti um arrepio se espalhar daquele ponto pelo resto do meu corpo.

_ Senti falta da minha menininha. _ Me virei também com um sorriso zombeteiro.

Dois jogam nesse tabuleiro, Flaquito.

_ Mamãe, eu vou usar esse aqui. _ Ela me mostrou toda animada o pijama que o Piquerez tinha dado de presente. Claro que, com o péssimo gosto do Uruguaio, com toda certeza o pijama branco adorável com algumas estrelinhas amarelas bordadas foi escolha da Isadora.

_ Certo minha linda. Vamos logo, que a senhorita está cansada e precisa descansar.

Como se para comprovar o que eu tinha acabado de dizer, a menina bocejou. Mas, antes de me seguir até o banheiro voltou para o colo do pai.

_ Papai, o senhor vai esperar eu dormir, né. (?) _ Flaco me olhou de jeito engraçado, como se Gabi fazer perguntas com um tom de afirmação fosse culpa minha.

_ Claro que sim, mi princesa. _ Depositou um beijo na testa da menina e ela correu até mim, entrelaçando nossas mãos e me acompanhando até o banheiro.

_ E o Rei e a Rainha viveram felizes para sempre com a princesinha, no palácio, colecionando todas as pulseiras de flores que a menina fazia.

Logo que Flaco terminou a história e depositamos um beijinho na testa da menina, cobrimos ela com o lençol de borboletas e saímos do quarto em silêncio.

Me virei para o jogador e o brilho em seus olhos antecipou a pergunta que ele faria e a minha resposta.

_ Não. _ Disse de uma forma firme, tentando não me deixar derreter pelo homem à minha frente.

_ Está chovendo, Priscila. _ Ele precisava dizer meu nome daquela forma? _ Me deixa ficar, por favor? _ Meu Deus, como pode ser tão insuportável e fofo ao mesmo tempo?

_ O sofá da sala é todo seu, se quiser. _ Ele sorriu, mas não se deu por derrotado.

_ Assim não, Mi Reina. _ Me enlaçou pela cintura, depositando alguns beijos no meu pescoço.

É, não existe a mínima possibilidade desse homem ocupar qualquer espaço que não seja a minha cama essa noite.

Imagines × SEP Onde histórias criam vida. Descubra agora