Ditos de uma Coruja

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Ainda submerso em seus pensamentos, aquele homem ainda estava curioso sobre aquela voz enigmática.

"Eu ainda penso sobre os dias em que habitei nesta casa; ela aparentava ser mais vitalícia, tinha sons, e, meu coração estava nela." - Naquele instante, a voz se fez presente - Aquela silhueta esotérica mais parecia ser uma coruja. "O que diabos é isto?" Ele pensou, ainda tentando decifrar aquele ser que estava diante dele.

Certamente, era uma coruja.

"Brownie; costumava sentar nesta mesma cadeira por horas, apenas para observar minha doce cônjuge; ela gostava de cadeiras marrons, na verdade, ela adorava a cor marrom."

"Eu ainda não o entendo. Cheguei aqui depois de uma longa caminhada pelo relvado; era noite, então avistei este lugar, parecia não ter dono, então decidi adentrar; se é de seu desejo que eu parta, não terei porque não fazer isto."

"Passei um vintenário distante daqui; o lugar ainda me parece em boas condições." O homem, encarou aquele ser por extensos segundos. "Este lugar mais me parece uma bomba relógio; a qualquer momento pode desmoronar sobre minha cabeça".

"Meus dias eram sorridentes quando me encontrava aqui. Eu costumava retornar todos os fins de tarde, minha amada sempre esperava por mim; eu tinha a total convicção que todos os dias ela estaria aqui para mim. Um dia, ela já não estava mais, talvez estivesse tão longe, que nem mesmo eu que a via todos os dias, conseguia enxergá-la." - o tal 'coruja indaga.

"Ele parece arredio", o homem pensou.

"Este lugar o traz memórias? Tais como esta que proferiu?".

"Me traz, me traz aquelas reminiscências sublimes."

Certamente, isto não estava errado. O lugar ainda o marca; fazendo com que chore toda vez que lembra-se.

Noutro instante, Brownie esbanjava um semblante taciturno; seus dias em Casta, no relvado, eram tão verdes quanto um peridoto. Os ventos mais pareciam dançar tango a todo instante, eram incessantes.
Brownie sempre ouvia o trilar dos pássaros, talvez fossem semelhantes ao seu. Havia uma linda moça em sua direita, era a quem ele dedicava seus cantos todas as manhãs. Ela era tudo para si.
Não é exagero dizer que, por um momento, ela foi tudo para ele; desde o início, até o fim. Seria possível alguém preencher um espaço tão grande dentro de alguém? Ou isto é uma ilusão efêmera? Certamente ele não sabia dizer, sabia apenas que, não precisava de mais nada.

Às vezes, não precisamos de um sentido futuro para nossa vida; viver apenas com oque tem e com oque importa, torna-se tudo.

Ele sabia do que sentia, e ela tinha absoluta convicção de seus sentimentos; eles formavam algo singular.

As paredes do local, estavam com seus ouvidos fadigados de tantas palavras ao vento; eram sempre: "Não sei oque fiz aos céus para que pudesse receber algo de tamanho esplendor como tu". Era um amor que mal cabia em seu peito.

Mas em um momento, talvez, deus tivesse outros planos para com ele.

"Sairei mais cedo hoje, conto cada segundo para ver-te apenas vivendo mais uma vez; já sinto sua falta"- Notoriamente, ele estava triste de sempre ter de partir para tão longe do que era mais importante para ele.

O forasteiro de uma perna só Onde histórias criam vida. Descubra agora