48. Ela me bateu!

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20 de dezembro, último dia de aula

Acordo cedo novamente tentando raciocinar o que está acontecendo à minha volta, no caso, nada. Estou apenas esperando a alma voltar para dentro do meu corpo para conseguir fazer o que tenho a fazer.

Me arrumar para a escola.

Levanto-me com preguiça igual ao bicho preguiça.

Às vezes eu acho que sou esse animal versão racional.

-QUE MERRRDA! - Grito baixo. - Por que é que existe essa merda de escola?! Tiraram isso bem lá no fundo do cu, só pode. - Vou ao meu armário e procuro roupa. - E ainda por cima sou pobre, com problemas mentais e físicos. E um pai de merda para dar um toque na minha vida como sal na comida. A diferença é que o meu pai piora a minha vida. - Coço a minha cabeça.

Eu sei que sou uma menina muito esforçada e estudante, no entanto não é sempre que acordo com vontade de ir à escola como qualquer outra pessoa com cérebro em vez de merda na cabeça pensa. Pelo menos eu penso assim.

Pego numas calças de ganga azuis wide leg e uma sweat vinho do Alex. Arrumo a minha mochila com o material das disciplinas que vou ter hoje e desço as pequenas escadas indo em seguida à cozinha preparar alguma coisa para comer.

Eu engordei 2kg em pouquíssimo tempo mas continuo com as minhas curvas iguais às da minha mãe. Estou bem melhor em relação à restrição alimentar, estou a conseguir juntar o treino com a comida.

Preparo uma panqueca de aveia com um pouco de pasta de amendoim por cima.

Peguei esta receita do meu irmão porque ele é maromba.

Como devagar e mastigo muito bem a comida na minha boca enquanto vejo uma série qualquer que está sendo interessante.

Acabo de comer e coloco o prato na pia da loiça. Quando vou me virar para a porta vejo o meu irmão James todo arranjado com um sorriso no rosto.

Reviro os olhos porque só dele estar na porta com aquela cara não é coisa boa que vem aí.

-Bom dia, maninha. - Ele saúda.

-Bom dia, maninho.

-Vai já para a escola? - Ele pergunta pegando numa maçã e morde-a.

-Não. Vou para um hospício. - digo na ironia. - Óbvio que vou. Por mim nunca tinha posto os pés nessa merda. - Digo pegando na mochila que está em cima da cadeira.

Estou pronta para sair e ouço:

-Eu te levo à escola.

[...]

-Não. - Ele nega. - Troca de música, Alice. - Ele pede.

-Não, essa é legal, James.

-Troca essa merda, Alice. - Ele diz começando a ficar frustrado.

Troco a música no rádio tal como ele pediu. Ele é sem graça, não gosta de nada. Parece um velho.

-Esta está boa? - Pergunto.

-Nhe. - Isso é o que ele fala encolhendo os ombros.

-Você me irrita, - afirmo - tipo muito. Não sei como a minha cunhada te aguenta. - Eu cruzo os braços ao peito.

-Só para você é que eu sou irritante. Você ainda não notou isso? - Ele diz virando o rosto para mim, mas eu não estou o olhando.

-O pai foi lá a casa, James. - Eu digo. Não sei porquê mas digo isso.

O James para o carro quase bruscamente.

-Como assim? - Ele pergunta-me.

-Ele veio pedir desculpas, - dou uma pausa - mas ele foi um merda com a gente.

MEU PRIMEIRO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora