fins.

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durante toda a minha trajetória confusa e incerta pela vida que ainda nem chegou em sua metade, convivi com fins e começos.

longos, curtos, médios, intensos, astutos, caóticos, interessantes, bonitos, jeitosos e belos.

assisti muitos amores se desfazerem para que outro se inicie logo em seguida. parei de tentar despejar minhas opiniões sobre algumas situações já que isso nunca me pertenceu.

sem querer acabei me privando da capacidade arbitrária de escolher um lado quando o fim começa.

quem está certo? quem sofre mais? quem tem mais medo do futuro? quem sente mais dor? quem não tem mais expectativa? quem não sente mais falta? quem desistiu? quem finalizou?

olhar para trás agora é enxergar que não existe a perfeição. e que se um dia ela existir, será patética.

porque de certa forma a perfeição não é arbitrária como a minha opinião é. a perfeição não tem começo e fim, a perfeição é sucinta e simples. agrada todos, reconhece seus erros mesmo que jamais tenha errado. a perfeição é como uma noite fresca o suficiente para se cobrir, não o bastante para sentir frio.

lá fora existem tantas coisas e pessoas e momentos e lugares e quereres e sonhos e mais uma gama infinita de desejos a serem realizados.

quando assisti amores acabarem do dia para a noite como se não fossem nada e me deparei com a atual realidade deturpada que nem nos meus maiores pesadelos poderiam acontecer, busquei mais uma infinidade de momentos na minha memória somente pelo sentimento de conforto e zelo que somente a saudade é capaz de trazer.

e não que seja bom estar preso na roda gigante do luto pela perda ou pelo fim, mas traz um resquício de aconchego estranho que não me deixa ter medo do que vem pela frente.

antes que desista das possibilidades e de ser a pessoa mais importante da minha vida, busco entender porque os fins não necessariamente são usados como justificativa para os meios.

literalmente deveria.

é entediante ficar rondando por lugares e por sotaques e por camas desconhecidas e por assuntos chatos que não levarão a lugar algum só para se sentir um pouco, nem que seja minimamente preenchido.

passei tanto tempo tentando encontrar o real motivo de ser como sou quando falamos sobre o fim das coisas.

ainda me dói certos fins.

certos rompimentos vão muito além de amor ou ódio ou preguiça ou presunção ou narcisismo ou idolatria ou dependência.

apenas são fins.

justificados pacientemente pelas características dos meios.

ainda que a perfeição seja infinita, você só se lembra de algo quando acaba.

de mim, para ti.Onde histórias criam vida. Descubra agora